terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

CERTO DIA AO ACORDAR


EVOLUIR agradece este texto para publicação

Maria Sílvia Paradela



Certo dia ao acordar,
Ouço sons de mim estranhos:
Serão aves pelo ar
Batendo asas a voar?...
Ou do campo balem anhos?
O Sol ‘inda não raiava
Nascera o dia cinzento;
Do portão abri a aldrava,
Vi que o silêncio pairava
Abraçado à voz do vento.
Perguntei ao vento agora
Se trazia algum recado.
Respondeu-me sem demora:
– Trago de Deus uma escora
Para deixar a teu lado.
E assim, como por magia,
Senti descer um presente
Que em minh’alma imprimia
Fascínio p’la poesia
A caminho do poente.



Cantei ânsias, cantei mágoas,
Cantei para as minorar.
Caldeei-as no ardor das fráguas
(Que extingui com caras águas)
P’ra delas me resgatar.
Interroguei as estrelas
Por parques e avenidas,
Ruas e becos, vielas;
Auferi direcções delas
Para as questões inquiridas.
Atravessando o deserto
Encontrei ilustre portal
Que ao mundo inteiro aberto
É seu deslumbre; p’lo certo
Fantástico, fenomenal.
A súbita aparição
De Mestres me arrebatou;
Desde Sócrates, Platão,
A Proust, Pessoa , Ortigão,
Também irrompeu Rousseau.
Mas, dentre eles, oh Jesus,
És o Supremo Senhor.
O meu Herói, minha Luz,
O Mestre que me conduz,
De todos o Salvador.

6 comentários:

  1. Que bonito. Gostei tanto de ter oportunidade de o ler. Obrigada pela partilha. É belíssimo.

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  2. Obrigado, Silvia! Lindo poema! Temos a certeza de que estamos a dar inicio a uma excelente colaboração: esperamos contribuir para a divulgação dos seus poemas e enriquecemos o nosso blog com a sua participação.
    Bem-haja!

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  3. "Fascínio p’la poesia"
    Quem o sente deixa que as palavras se atraiam. E sob o seu olhar inquieto e carinhoso, elas articulam-se até soarem como uma espécie de música. E foi assim que este poema me abordou: escutando-o.

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