Artigos de Opinião

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PROFISSÕES EXTINTAS VERSUS FOGOS FLORESTAIS

Infelizmente, ao longo dos últimos quase 40 anos, nos diversos governos que têm gerido este país, “inteligências iluminadas” de alguns responsáveis, entenderam que os seus antecessores não tinham procedido correctamente, mas fruto de um total desconhecimento das situações reais, procederam à extinção pura e simples ou a alterações de estruturas ou instituições, nos mais variados domínios, cuja eficiência era notória, tendo criado, isso sim, manifesto prejuízo em vários sectores, em muitos casos, de verdadeiro caos. Tem-lhes faltado a HUMILDADE de reconhecerem os seus erros e retrocederem na reposição das situações criadas por pessoas sensatas e com experiência vivida
A título de ilustração do que antecede refiro apenas dois exemplos correspondentes aos dois tipos de situações.
Extinção dos cantoneiros
Um deles foi a extinção dos CANTONEIROS cujas acções de prevenção dos fogos florestais me dispenso de mencionar visto que em artigo recente a elas se referiu, no Diário de Aveiro, o Dr. Mário Trepa. Certamente esta medida teve como argumento o de que as máquinas faziam o trabalho mais rapidamente e melhor. É claro que o argumento é falso dado que, por um lado os cantoneiros actuavam em todas as estradas, principais e secundárias enquanto que as máquinas só o fazem em algumas principais e de modo aligeirado. Acresce ainda que esses profissionais desempenhavam ainda concomitantemente dois outros tipos de tarefas: reparavam os buracos das estradas e limpavam, em tempo útil, as valetas permitindo a escorrência adequada da água das chuvas, evitando que viesse inundar as estradas. Na situação actual de elevado desemprego, não seria uma boa ocasião para repor estes profissionais cuja utilidade sempre se revelou indiscutível?
A outra profissão é a dos GUARDAS FLORESTAIS. É verdade que o nome ainda permanece
Guardas Florestais
e mas as funções foram completamente alteradas tanto quanto se pode constatar. Importa perguntar porque foram retirados dos perímetros florestais deixando abandonadas dezenas e dezenas de casas já em avançado estado de degradação por todo o pais. Desconheço quais os meios utilizados quando estavam instalados nas casas, mas presumo que lhes era permitido contratar pessoal para realizarem as tarefas que lhe competiam. Uma coisa é certa, as zonas florestais sob a sua jurisdição estavam limpas quer da vegetação rasteiras quer de árvores ou ramos caídos e de plantas infestantes. Este é mais um exemplo de quem decide só no gabinete ignorando as condições reais! Acresce que o Estado só tem autoridade moral para exigir dos outros se ele próprio der o exemplo, em vez de utilizar o dito “olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço”!
Trata-se de outro sector que permitiria absorver uma quantidade apreciável de desempregados, pelo menos, em termos sazonais.
Ainda relacionadas com os fogos florestais sugerem-se-me mais algumas considerações.
Água sem aproveitamento
Há zonas florestadas, afastadas das povoações, com elevado declive onde corre água livremente praticamente durante todo o ano, sem qualquer aproveitamento. Face às catástrofes que infelizmente vêm ocorrendo anualmente, não seria a altura adequada, para preventivamente se pensar em captar tais recursos, reunindo-os em grandes tanques construídos nas zonas florestais que, durante o Inverno, armazenariam igualmente a água da chuva e que constituiriam, certamente um apoio fundamental para o ataque a eventuais incêndios?
Um exemplo do aproveitamento de água deste tipo de escorrência, ainda que com objectivo diferente foi o realizado no Algarve. Como se sabe, o limite norte é constituído por inúmeras serras pejadas de linhas de água que desaguam na zona plana onde se situam a maior parte das terras de cultivo e onde a água das chuvas corria livremente em direcção ao mar, perdendo-se totalmente. Tendo-lhes sido explicado que, se no final de cada uma dessas linhas de água fossem criadas bacias de retenção, de construção muito fácil com recurso a pás mecânicas e as mesmas revestidas com argila, substância esta abundante em vários locais, lhes permitiriam reter enormes volumes de água que lhes resolveria o problema da rega das suas culturas. Este procedimento foi adoptado com enorme sucesso.
Este é mais um exemplo em que as ofertas da mãe natureza não eram utilizadas, por simples inércia dos interessados. Não é preciso estar a inventar nada basta replicar os bons exemplos.
Finalmente, gostaria de deixar mais dois apontamentos relativos a duas situações, pelo choque que me causam não apenas a mim mas também a outras pessoas com quem tenho trocado impressões.
Uma delas refere-se ao facto de não ter verificado que as Câmaras Municipais das áreas onde
Limpeza de uma área
de segurança
correram os incêndios, não terem mobilizado imediatamente as suas máquinas pesadas para acções que os bombeiros pudessem entender úteis, bem como os seus carros da água para evitar a deslocação dos carros de bombeiros para se abastecerem!

Uma outra situação, que igualmente lamento, mas que infelizmente está nos genes do povo português que só age se tiver medo de alguma sanção. Refiro-me limpeza de uma área de segurança de, pelo menos 50 metros, ao redor das casas (que é o que a lei define), especialmente as que se situam no meio da floresta. Aquilo a que assistimos frequentemente é o fogo a chegar junto das casas e é nessa altura, que vemos os moradores, em desespero de causa a limpar a erva, a palha e a lenha que aí tinham armazenado junto da habitação. A solução terá que ser, a de a partir de Maio ou Junho, a GNR percorrer todas as áreas em que haja casas junto de zonas florestais e obrigar a limpar e ter o cuidado de lá voltar para verificar se o trabalho foi ou não realizado e, neste caso sancionar pesadamente pois, de outro modo, vamos continuar a assistir ao mesmo tipo de aflições de última hora que nada resolvem.

        José Carlos Balacó Moreira ©2013,Aveiro,Portugal

Publicado por Evoluir em 11 de Dezembro de2013


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                                    José Carlos Balacó Moreira

EDUCAÇÃO CÍVICA, ÉTICA E MORAL

Reflectindo acerca deste tema conclui que após o 25 de Abril estas matérias foram complemente esquecidas com a embalagem de serem antidemocráticas ou mesmo fascistas pelo que o ensino das bases que lhe subjazem deixaram de ser ensinadas. Entrou-se em algo que deveria ser uma liberdade democrática, responsável, de respeito por sãos princípios e por terceiros, mas que rapidamente se transformou em libertinagem irresponsável, em que o respeito pelos outros e pelos princípios de seriedade e honradez se transformaram rápida e progressivamente no actual salve-se quem puder!
Hino Nacional
Apesar deste estado de coisas nunca é demais mencionar que os símbolos da nação são: o Hino e a Bandeira Nacional, algo que, estou certo que uma parte assinalável da população desconhece.
Em relação ao HINO NACIONAL admito que a maioria dos portugueses saiba a letra do mesmo mas mais por ser cantado repetidamente em manifestações desportivas do que por ter sido ensinado logo no início da escolaridade em que também deveria ser explicada qual a atitude que cada um deve tomar sempre que é tocado ou cantado: assumir uma atitude respeitosa com os braços ao lado do corpo e os homens terem a cabeça sem chapéu. Todavia, a generalidade dos cidadãos desconhecem que os autores foram Henrique Lopes de Mendonça (letra) e Alfredo Keil (música). Aqui fica o ensinamento para que, de futuro possam recordar!
No que respeita à BANDEIRA NACIONAL, tenho a certeza de que a grande maioria dos cidadãos que agora são pais e que iniciaram a sua escolaridade no período acima referido, não sabem qual o significado das cores da bandeira e muito menos dos elementos que a compõem!
Muito embora possam encontrar tal explicação na internet, por certo, não se dão ao trabalho de a consultar, com este objectivo, pelo que aqui fica uma síntese que certamente os deixará admirados porque não faziam a menor ideia do seu significado. Mesmo actualmente, no ensino primeiro continua a não se descer a esses pormenores. Apenas se refere que os símbolos são o hino nacional e a bandeira que é representada por um desenho sem qualquer outra explicação.
As cores, são o verde que ocupa 2/5 da área da bandeira e traduz o sentimento de esperança e o vermelho que ocupa os restantes 3/5 da área e representa a coragem e o sangue derramado pelos portugueses ao longo da história. A esfera armilar simboliza o mundo que os navegadores portugueses descobriram nos séculos XV e XVI e os povos com quem contactaram. 
No interior da esfera, o escudo vermelho com sete castelos, representam as localidades fortificadas que D. Afonso Henriques conquistou aos Mouros. No centro, o escudo branco com cinco quinas representam os 5 reis mouros que D. Afonso Henriques venceu na batalha de Ourique. Os pontos brancos dentro das quinas simbolizam as 5 chagas de Cristo. Diz-se que na batalha de Ourique Jesus Cristo crucificado apareceu a D. Afonso Henriques e disse-lhe:” com este sinal (a cruz) vencerás”.
Infelizmente temos que constatar que a preocupação principal da juventude é o lazer, em vez de se mentalizarem que neste período das suas vidas deve ser o de estudar, como primeira prioridade e, então, depois também haverá ao lazer.
É compreensível que se pretenda que a juventude tenha outras actividades para além das actividades curriculares mas é necessário que lhes seja incutido o sentido da responsabilidade no cumprimento das tarefas de que no actual momento das suas vidas lhes incumbem.
O panorama dos resultados dos exames nacionais foi um verdadeiro caos, na minha perspectiva, meramente resultante da falta de estudo, de trabalho empenhado, da assunção dos seus deveres.
O curioso é que os pais nunca culpam os filhos, antes utilizam vários argumentos para justificação dos maus resultados entre os quais o número excessivo de alunos por turma, pelo que o professor não pode dar a atenção devida a cada aluno. A título de exemplo devo dizer que há 50 anos, muitas das Escolas Primárias tinham as quatro classes numa única sala, com a mesma professora e as turmas nos liceus e escolas técnicas chegavam a ter 40 ou mais alunos. Apesar disso, os resultados positivos apareciam porque o princípio era de que “primeiro as obrigações e depois as devoções” e para os pais não havia desculpas pois o que lhes era exigido era cumprirem os seus deveres: estudar! Portanto, actualmente, uma boa parte da culpa cabe aos pais pelos “paninhos quentes” com que tratam os filhos e pela falta de reconhecimento dessa mesma culpa quando os resultados são os que se vêm!
O antigo 5º ano do liceu (actual 9º ano) era uma enorme barreira cujas nove disciplinas era preciso transpor, mas com muito trabalho e empenho conseguia-se, conferindo aos alunos um grau de cultura geral invejável mesmo em relação a outros países. Pessoalmente tive ocasião de constatar isso mesmo quando permaneci em França, como bolseiro, e contactei com alunos de diversos países que ficavam espantados com os nossos conhecimentos de línguas, (português, francês, inglês, além de nos desenrascarmos em espanhol e italiano), história e geografia universais, ciências naturais, etc
Aceito que hoje possa haver alguma orientação diferente dos currículos dadas as facilidades de acesso aos meios de comunicação, nomeadamente a internet. Todavia, verifica-se que a nossa juventude está pouco habituada a ter de raciocinar, limitando-se a transcrever os elementos obtidos através da internet sem que, com base neles elaborem o trabalho que lhes é solicitado dando a sua versão pessoal resultante da interpretação dos dados obtidos, isto é, pensando.
No entanto, há matérias tais como a matemática cujos resultados só são visíveis ao fim de muitas dezenas de horas com a realização de centenas de exercícios o que, naturalmente exige muito empenhamento e algum sacrifício!
Uma das disciplinas que foi retirada do final do ensino secundário e que era comum a todos os cursos (letras e ciências) designava-se Organização Política e Administrativa da Nação. Tratando-se embora de uma matéria um pouco árida, reconheço que ainda hoje devia ser mantida na medida em que permitiria que se ficasse a saber como é a estrutura do Estado, os Órgãos que o constituem e as respectivas funções. No final deste ciclo de vida dos cidadãos parece-me que será indispensável que fiquem a conhecer, ainda que de forma sintética, o modo como o país está organizado e o modelo de funcionamento de toda estrutura administrativa.
Finalmente, um último comentário relacionado particularmente com a segunda parte do título prende-se com o pagamento de propinas. Até ao 25 de Abril, pagavam-se propinas quer, no liceu quer, nas escolas técnicas, situação esta posteriormente abolida, ficando reservada ao ensino universitário. São constantes as contestações para o cumprimento desta obrigação. Porém, estou certo de que se tivesse podido ser feito um controlo nos inúmeros espectáculos musicais realizados este verão em diversas localidades do país, tenho a certeza de que “apanharíamos” uma quantidade apreciável de contestatários que em cada caso gastaram, ao que me informaram, pelo menos 350 a 400 euros, em cada espectáculo a que foram assistir e, pelo que fomos ouvindo na TV muitos deles estiveram presentes em vários! Haja, pois alguma moral nas acções que praticamos, pois a vida não é apenas feita de divertimento. Antes deste há que ter algum senso e pensar no que é realmente indispensável e obrigatório!

Publicado por Evoluir em 7 de Outubro de 2013

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RECADO AOS ELEITOS PELO POVO
“SERVIR E NÃO SERVIR-SE”

Mas tentem fazer o vosso melhor!


Acabam de ser eleitos novos autarcas para o próximo quadriénio.
Com muita euforia para alguns, com desapontamento para outros.
Para presidentes da câmara, presidentes de juntas de freguesia e respectivas assembleias.
Conhecendo a realidade dos lugares e das pessoas, não posso deixar de manifestar o desejo que todos os eleitos democraticamente pelo povo não se esqueçam, que devem estar sempre ao serviço do povo, e não de interesses particulares.
Foi o povo da nossa terra que delegou nos conterrâneos eleitos poderes legais para resolverem os problemas das comunidade locais, de interesse geral, de benefício para todos e não apenas para benefício de alguns.
Em tempos de crise, de acentuado desemprego, de magros orçamentos, não será fácil  agradar a todos ou resolver todos os problemas.
Em tempos de contenção ou não, as câmaras não podem ser agências de emprego, para pagamento de favores ou promessas…
Mas tentem fazer o vosso melhor!
O “Lions”, movimento internacional de solidariedade, de origem americana, tem uma regra de ouro no seu “Código de Ética”, que nesta e noutras situações, se pode aplicar:
“servir e não servir-se”.
Sim, servir e não servir-se, mesmo em tempos de crise.
Boas práticas, muito juízo e bom trabalho!
( O povo está atento… )

Graciete Manangão

Publicado por Evoluir em 2 de outubro de 2013


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As mulheres e as crises mundiais


Durante a crise dos anos 1930, nos Estados Unidos, destacou-se uma mulher, Frances Perkins, que o presidente Roosevelt nomeou Secretária do Ministério do Trabalho e que conservou esse posto, enquanto Roosevelt esteve no governo.
Frances Perkins dedicou-se aos problemas dos trabalhadores, sobretudo aos desempregados, criando empregos e cursos de formação , estabelecendo o horário máximo de trabalho, o salário mínimo, seguros de desemprego e segurança social, chocada com o que via à sua volta. Foi ela que empreendeu uma revolução social nos Estados Unidos e que perdurou por muito tempo.
Por isso se diz que as crises têm o seu lado bom. Levam as pessoas a lutar, a desenvolver a sua imaginação e ousadia para tomarem atitudes que tentam melhorar o “status quo” e mesmo a levar os outros a sair dele. Temos vários exemplos ao longo da História.
Na situação actual de Portugal, conformismo é uma atitude negativa e é cada vez mais necessário que apareçam mulheres e homens que digam “Basta!”
O papel das mulheres é importantíssimo, fora e dentro de casa, onde recebem e acarinham os filhos, genros ou outros familiares desempregados, porque elas são dotadas de uma sensibilidade e de um espírito de sacrifício que as leva a “dar a camisa”, como se costuma dizer.
Todos podemos contribuir com o nosso esforço, com as nossas atitudes e, ao menos, com as nossas palavras para que todos nos juntemos, num movimento solidário para ajudar quem precisa. Deus dotou cada um de nós com dons diferentes, mas todos eles úteis. Há, portanto, sempre uma forma de ajudar.
Talvez alguém se sinta tocado por estas palavras e resolva agir.

                                                                          Lindonor Silveirinha


Publicado por Evoluir em 15 de setembro de 2013

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                                   José Carlos Balacó Moreira

TURISMO EM AVEIRO - Parte III


3 – Vouguinha

Vouginha de Ontem


Ainda no âmbito deste tema não podemos esquecer uma outra capacidade que a região possui e que não tem sido aproveitada, segundo suponho por incapacidade ou desinteresse da CP, uma vez que material existe e está disponível em vários locais, nomeadamente no “museu” de Macinhata do Vouga. Há dias, tentamos visitá-lo mas nem sequer foi possível visto que se encontrava encerrado sem qualquer explicação justificativa.
È evidente que seria necessário proceder a uma recuperação cuidada da máquina e das carruagens de cada um dos tipos de classes então existentes, que se bem recordo, eram pelo menos três, com os típicos bancos de madeira e, nalgumas delas com inúmeras portas de acesso a cada fiada de bancos!
Em tempos, o Restaurante da Pateira de Fermentelos, organizou algumas viagens nas automotoras do serviço normal até à Sarnada, com regresso de autocarro visitando alguns locais de interesse no trajecto de regresso. Há dias, este mesmo diário noticiou idêntica iniciativa de uma outra entidade.
Vouginha de hoje
É pena que não esteja a ser aproveitada esta potencialidade local, pois quem frequentemente assiste na TV, a que nos mais diversos locais do mundo são recuperadas com o maior empenho velhas máquinas a vapor e carruagens colocando-as ao serviço de itinerários extremamente interessantes, é lamentável que não possamos proporcionar aos turistas, no período de Maio a Setembro, tão agradáveis viagens ao longo do Vouga.
Dado que, até agora, as inúmeras tentativas já realizadas, não tiveram continuidade e, para além do facto de não ter sido utilizado o material original, espera-se que possam vir a conhecer um desfecho diferente, pois estamos certos de que, com o empenhamento
Publicado por Evoluir em 25 de Junho de 2013


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                                    José Carlos Balacó Moreira

TURISMO EM AVEIRO - Parte II

2 - Circuitos fora da cidade

Cascata da Cabreia - Sever do Vouga
2 - Circuitos fora da cidade


Há muito que se ouve dizer que os turistas permanecem pouco tempo em Aveiro, provavelmente porque não lhes são fornecidas propostas apetecíveis que os prendam por mais tempo.
Quem já teve a oportunidade de sair do país verifica que, na maior parte dos hotéis, estão disponíveis programas de excursões de meio-dia ou de dia inteiro para visitar os arredores da localidade onde nos encontramos, em autocarro, que recolhe os interessados e os leva de volta aos hotéis.
Lembro-me de há anos ter ouvido falar que uma recém-formada em turismo se propunha montar um serviço deste tipo mas como não teve o apoio formal do turismo local, confirmando o interesse desta iniciativa, (não apoio financeiro porque dele não necessitava), não lhe foi possível dar seguimento ao projecto por dificuldade na obtenção da respectiva licença para o efeito, que carecia da informação do turismo acima referida.
Parece evidente que será do maior interesse este tipo de oferta para visita de diversas zonas dos concelhos vizinhos, os do interior: Arouca, Sever do Vouga, Castelo de Paiva; outros mais a ocidente: Águeda, Ovar, Oliveira de Azeméis onde há paisagens maravilhosas, moinhos, quedas de água, o geoparque, museus regionais, igrejas, capelas e mosteiros para além dos concelhos situados a Sul: Anadia, Oliveira do Bairro e Mealhada, permitindo percursos da rota dos vinhos.
Como sugestão, julgo que no decurso de alguns destes passeios, seria interessante que se lhes proporcionasse, por exemplo, um lanche típico constituído por broa, azeitonas, chouriço, presunto e vinho, em tasca(s) previamente seleccionada(s) que é algo que certamente muito apreciariam.

Com o espírito de iniciativa e empreendedor que é reconhecido aos aveirenses, é hora de alguém pensar seriamente em montar um serviço deste tipo, pois estou certo que virá a conhecer um êxito progressivo a curto prazo.

Publicado por Evoluir em 24 de Junho de 2013


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José Carlos Balacó Moreira


TURISMO EM AVEIRO - Parte I




Este é um aspecto que venho acompanhando com atenção até porque todos reconhecem ser uma das mais importantes fontes de receita da economia nacional e, que, como tal deve haver o maior cuidado na sua valorização. Em relação a esta matéria, oferecem-se-me mencionar alguns aspectos que considero mais relevantes.

1 - Passeios na Ria
Há algum tempo, por dever de cortesia, participei num desses passeios para acompanhar um grupo de amigos que visitaram a cidade e fiquei decepcionado com a impreparação dos guias que se limitaram a referenciar alguns edifícios que iam surgindo na passagem, uma breve alusão às marinhas e pouco mais.
Proa dum barco moliceiro
Decididamente, os guias precisam de alguma formação que os leve a dar aos visitantes uma visão, ainda que sintética, de Aveiro no seu todo, a origem do seu nome, os monumentos principais, (não esquecendo de mencionar que é a capital da Arte Nova e exemplificando chamando a atenção para as fachadas existentes no Rossio), os diferentes locais da cidade que merecem uma visita, as diferentes actividades industriais da região para além das marinhas, etc. Talvez fosse a altura para que a Região de Turismo Centro, publicasse uma nota sintética que pudesse servir de orientação aos guias e, eventualmente ser distribuída aos turistas.
Tal como o reconhecia há dias numa entrevista ao Diário de Aveiro um dos operadores, estes barcos não são Moliceiros!
Nestas circunstâncias, torna-se indispensável, como mínimo, que em cada barco, exista um modelo reduzido de um Moliceiro, com toda a palamenta que os equipava, não esquecendo os utensílios utilizados na preparação das refeições e os agasalhos para poderem pernoitar na proa. Apoiados nestes modelos poderiam explicar para que serviam os diferentes utensílios na faina do moliço. Deveriam explicar igualmente as diferenças entre os moliceiros, os saleiros e os mercanteis no que se refere à respectiva configuração e tipo de utilização. Finalmente, era importante ainda mencionar os três tipos de deslocação das embarcações em função das circunstâncias de cada momento: à vela, à vara ou à sirga.

Na situação actual nem a própria juventude aveirense sabe realmente como eram os moliceiros. Assim, seria

Ré de um barco moliceiro
do maior interesse que a actual Câmara Municipal ou outra qualquer entidade que a tal se dispusesse, aproveitasse uma das várias embarcações que foram oferecidas pela Câmara anterior a várias instituições mas que nunca foram utilizados, procedesse ao seu equipamento com toda a palamenta (fixada para, na medida do possível evitar roubos e/ou vandalismos) e mantê-lo acostado na Ria, de preferência na zona do Rossio, o que permitiria que, pelo menos, as várias Escolas do concelho organizassem visitas de estudo acompanhadas por alguém que pudesse prestar-lhes os esclarecimentos adequados. Esse mesmo esclarecimento podia ir sendo prestado aos visitantes que não participassem nos passeios através de uma placa com o desenho dos diferentes utensílios e indicação da respectiva função, tal como se encontra em alguns museus para identificação das peças expostas.

Publicado por Evoluir em 23 de Junho de 2013


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DESMANDOS DA LÍNGUA PORTUGUESA 


José Carlos Balacó Moreira

Sou um defensor acérrimo da utilização correcta da língua portuguesa, a quinta mais usada em todo o mundo e, como tal, procuro estar, o mais possível, a par de tudo o que os linguistas de reconhecido mérito têm escrito sobre a matéria. Infelizmente, porém, assistimos diariamente ao seu péssimo tratamento em múltiplos dos seus aspectos que passo a particularizar:

1 - Acordo ortográfico!
Para que exista um acordo é necessário que as partes interessadas assumam um compromisso real, o que se verifica não ser o caso.
O que se passou é que o Governo anterior, por razões meramente políticas e a que certamente não são alheias fortíssimas pressões (não direi “lobby” pelas razões que adiante constatarão) das editoras à procura da expansão para o mercado brasileiro, determinou que, a partir de determinada data, a ortografia passasse a ser usada de determinada maneira nos documentos oficiais e, lamentavelmente, boa parte da Comunicação Social, alguma outra imprensa e muito boa gente, resolveu seguir-lhe as pisadas!
Tem circulado uma carta aberta dirigida por uma mãe ao Ministro da Educação, em Março de 2012, com conhecimento à Professora da filha, à Associação de Pais e ao Agrupamento de Escolas, (que o signatário poderá disponibilizar a qualquer leitor interessado) perguntando se o mesmo poderá dar uma garantia absoluta de que a nova grafia se vai manter para o futuro, ou, se dadas as indefinições acima mencionadas, os alunos a quem agora está a ser ensinada essa nova ortografia, daqui a algum tempo não terão que reaprender a escrever. É uma exposição completa e rigorosíssima das várias deficiências do “Acordo, incluindo referências a aspectos pedagógicos, jurídicos e linguísticos.
Mais recentemente é particularmente significativo o comunicado da Sociedade Portuguesa de Autores, de 9 de Janeiro de 2013, que “informa que continuará a utilizar a norma ortográfica antiga nos seus documentos e na comunicação escrita com o exterior, uma vez que considera que este assunto não foi convenientemente resolvido e se encontra longe de estar esclarecido, sobretudo depois de o Brasil ter adiado para 2016 uma decisão final sobre o Acordo Ortográfico e de Angola ter assumido publicamente uma posição contra a entrada em vigor do Acordo. Assim, considera a SPA que não faz sentido dar como consensualizada a nova norma ortográfica, quando o maior país do espaço lusófono (Brasil) e também Angola tomaram posições em diferente sentido. O facto de não terem sido levadas em consideração opiniões e contributos que poderiam ter aberto caminho para outro tipo de consenso prejudicou seriamente todo este processo e deixa Portugal numa posição particularmente embaraçosa, sobretudo se confrontado com as recentes posições do Brasil e de Angola”.
Pelo que se antevê que, muito provavelmente o mesmo poderá vir a acontecer com os restantes membros dos PALOP, o que agravará ainda mais a situação delicada a que a insensatez acima referida conduziu.
Temos conhecimento de que vários autores portugueses, cujas obras têm tido larga difusão no Brasil, não autorizaram que ortografia dos seus textos fosse alterada!
Neste contexto, é com espanto que, em artigos de alguns colaboradores do DA, ainda conste em nota “este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico”. Qual acordo? Entre que parceiros?
Esta atitude é tanto mais estranha se atentarmos no facto de que nenhum dos outros países, antigos colonizadores, cuja língua passou a ser a expressão oficial nas suas ex-colónias, nunca tiveram a mínima preocupação de harmonização fosse do que fosse em termos linguísticos!
Não será mais uma manifestação de inferioridade e subalternização da nossa parte que, uma vez que não representa qualquer mais-valia real?

2 - Utilização exagerada e abusiva da língua inglesa
Sendo certo que os linguistas sempre têm afirmado que a língua portuguesa dispõe de termos que permitem
a tradução integral de qualquer outra língua, não se entende o uso e abuso da língua inglesa entremeando um qualquer artigo em língua portuguesa.
Um destes dias num único artigo publicado no DA, num quarto de página e a três colunas, encontrei só as expressões: ”pitch bootcump”, “mindset”, framework”, “feedback”, start-up”, “cluster”, “spin-off” workshop”! Ainda noutros artigos encontrei frases tais como: “easy airflow”, “drying efficiency simulator”, “job party”, “network”, “active access”, “life cycle”. Até o portuguesíssimo “seminário” passou a designar-se no dia-a-dia por “workshop”. Recentemente surgiu neste jornal o ridículo “coworking”para significar espaço de trabalho partilhado. Lamenta-se, igualmente que a U.A. dê uma designação inglesa a um seminário de âmbito meramente nacional, como foi o recente caso de “Exit Talks”!
Nalguns casos, os autores ainda se dignam escrever a tradução entre parêntesis quando deveria ser exactamente o contrário, isto é, escrever o termo português e, para mostrarem que sabem inglês, escrever este entre parêntesis.
Porquê este tipo de procedimento sendo certo que qualquer cidadão, mesmo de cultura mediana, não entende o significado de tais expressões, gorando-se, assim, o que se admite ser o objectivo do escrito que, logicamente, seria o de se entender a ideia ou a informação que o mesmo pretenderia transmitir?
O que antecede é igualmente válido nas expressões orais de entrevistados ou comentadores de TV, convencidos que “brilham” ao intercalarem no seu discurso alguns termos ingleses!
È hora de autores e oradores repensarem esta situação porque, decididamente, o objectivo não é atingido, antes deixa uma impressão desagradável!

3 – Comunicações escritas e orais
Seria natural partir-se do princípio de que a condição essencial básica para a obtenção da carteira de jornalista fosse o manuseamento correcto da sua ferramenta de trabalho, isto é, a língua portuguesa.
Infelizmente, assistimos diariamente ao atropelo da mesma, nomeadamente no desconhecimento da gramática no que diz respeito à conjugação dos verbos e da observância de concordâncias gramaticais.
Apenas a título de exemplo, e por serem os mais frequentes, destaco os verbos haver, tratar e intervir, em relação aos quais lemos e/ou ouvimos frases como, por exemplo: “ … haverão mais novidades … ou, … embora hajam mais coisas …” … tratam-se de várias espécies…”, “… tratam- -se de situações delicadas …“ … o representante, interviu, afirmando …”, “… vários presentes interviram para dizer …” No que se refere às concordâncias não parece necessário dar exemplos  pois parto do princípio de que, pelo menos, saibam o que tal significa!
É claro que este tipo de erros é comum tanto na comunicação escrita como na oral, nomeadamente nos locutores das TVs, nos políticos comentadores de TV e até em alguns membros do Governo.
Uma outra demonstração de ignorância prende-se com o não saberem em que posição deve utilizar--se o pronome reflexo “se”. De acordo com a situação, deverá ser inserido, ou antes ou depois da palavra. Por exemplo: “quando se forma uma fila” ou, numa situação, deverá ser, por exemplo, “eles foram-se embora”.
Em termos orais, não há um único locutor capaz de pronunciar correctamente a palavra “helicóptero”. A versão mais aproximada é de “ilcóptero”. Na pronúncia da palavra “porque” colocam sistematicamente a acentuação na primeira sílaba, quando o correcto é exactamente na segunda. Nas reportagens, nenhum profissional é capaz de dizer três ou quatro palavras sem pronunciar, sem qualquer razão, a palavra “então” que se repete indefinidamente ao longo da sua intervenção!

4 - Tradução
Neste aspecto tem havido algumas situações que, como traduções livres, poderão ser aceitáveis.
Todavia, o termo “nomeado” como pretendendo ser o significado adequado do termo inglês “nominee”, que agora aparece a propósito de todo e qualquer concurso, constitui, para mim, um vírus de tradução introduzido pela SIC (não pelo seu representante junto do sector do cinema que sempre o traduziu correctamente, mas sim por terceiros) e que, como sempre, neste país, o que está errado generalizou-se rapidamente.
A tradução correcta de “nominee” é: escolhido, indigitado, ou seleccionado. O termo inglês para significar nomeado é “appointed”.
A incongruência reside no facto de que, na língua portuguesa, o termo “nomeado” representa um acto efectivo, concreto, real. Os verdadeiros significados de “nominee” que acima se indicam têm apenas valor de probabilidade de o acto vir ou não a concretizar-se, como é o caso dos candidatos à obtenção de determinado prémio ou galardão.
Este constitui mais uma daquelas atitudes de acções “sobre o joelho”, irresponsáveis, infelizmente tão típicas do povo português.
Todas as situações expostas não são mais do que a confirmação da falta de rigor, que tanta desgraça tem trazido ao nosso povo que, infelizmente, vai orientando a vida segundo o tão característico princípio do “mais ou menos” e do desenrasca.

Publicado por Evoluir em 25 de Maio de 2013



EVOLUIR agradece ao autor este texto para publicação



José Carlos Balacó Moreira






AUSÊNCIA DE TOPONÍMIA NO CAMPUS DA U. A.


Sou ainda do tempo em que as actividades da nossa Universidade se iniciaram em instalações cedidas pelo CET – Centro de Estudos de Telecomunicações, onde logo na época foram promovidas uma série de conferências abertas ao público, extremamente interessantes.
Universidade de Aveiro
Seguiu-se, passado algum tempo, a construção do pavilhão pré-fabricado junto da cadeia, que ainda hoje existe, bem como a antiga cantina, núcleo este que, não era mais do que o “purgatório”dos diferentes Departamentos que, entretanto, foram sendo criados e que aí foram sendo albergados até que viessem a ser construídas as respectivas instalações próprias, começando então a surgir o verdadeiro Campus.
Nessa época, era fácil encontrar qualquer um dos Departamentos com que se pretendesse contactar!
Passaram-se 40 anos e a Universidade cresceu no seu todo e, naturalmente no espaço para implantação das diferentes infra-estruturas que foram sendo criadas, ocupando hoje uma vasta área com um emaranhado de edifícios, várias ruas e vias de acesso pedonais, conjunto este que constitui uma verdadeira cidade.
Neste contexto, é necessário que todos os cidadãos, que por algum motivo necessitem de aceder a uma qualquer unidade instalada no Campus o possa fazer facilmente.
Todavia, constata-se que infelizmente, por razões que se desconhecem, não se procedeu à identificação, de modo bem visível, das estruturas existentes, situação esta, hoje em dia inconcebível, tanto mais que a Universidade até dispõe de um Departamento de Comunicação e Arte que reúne as condições para elaboração da sinalética indispensável para que qualquer cidadão possa aceder ao Departamento, Centro de Estudo, Instituto ou algo similar com a maior facilidade.
Começa por ser indispensável que, com caracteres de dimensões bem visíveis, encimem as entradas principais de cada uma das edificações referidas, não esquecendo que, no caso daquelas que têm mais do que uma entrada, esta deva igualmente ser assinalada, como é o caso de alguns edifícios com entrada pelo corredor pedonal.
Independentemente do que antecede, ressalta evidente a necessidade da escolha de vários lugares estratégicos para instalar placas como as que existem em alguma ruas da cidade, contendo a planta detalhada de todo o Campus, passível de frequente actualização, sempre que surja alguma alteração, placas estas onde esteja claramente inscrita em cada uma delas, um sinal com a indicação: “está aqui”.

O que se descreve constitui, o mínimo dos mínimos, em termos de orientação no âmbito de Campus.
Como contra-ponto, Universidades mais recentes que a de Aveiro, desde o início, tiveram a preocupação de que quem as visitasse pudesse encontrar facilmente o local pretendido de modo prático e rápido, instalaram nos passeios, sinalética de orientação (setas) bastante mais detalhada indicando a proximidade do edifício A ou B ou a direcção a seguir para o atingir.
Por outro lado, já passaram por esta Universidade um suficiente número de personalidades, algumas das quais já desaparecidas, cujo contributo para o engrandecimento e projecção da mesma, tenha deixado uma marca significativa e, como tal, o(s) seu(s) nome(s) pudesse(m) e/ou devesse(m) ser atribuído(s) às ruas ou praças do próprio Campus.
Os próprios aveirenses, que por qualquer motivo tenham de deslocar-se à Universidade, sentem sérias dificuldades em acederem aos locais que pretendem sem terem que fazer uma série de perguntas que os orientem, já para não falar na situação de quererem ir mostrar o Campus a alguém que visite a cidade!
Este poderá parecer um tema pouco importante, mas é, antes pelo contrário, verdadeiramente pertinente.
Não faz qualquer sentido que uma Instituição como a Universidade de Aveiro, que ao longo das suas quatro décadas tenha sabido crescer e impor-se a nível nacional (como a melhor segundo, classificações recentes) e internacional, como o provam os inúmeros licenciados que do estrangeiro são solicitados, disponha de um Campus que não passa de um amontoado de edifícios que ninguém sabe o que são, salvo aqueles que daquele espaço fazem o sei dia-a-dia.
Magnífico Reitor vire a Universidade verdadeiramente para o exterior para que todos possam conhecê-la. É isso que os aveirenses, mas não só, esperam que aconteça em tempo útil, mesmo apesar da crise, ou talvez mesmo por causa dela!

Publicado por  EVOLUIR   em 26 de Março de 2013 
EVOLUIR agradece ao autor este texto para publicação



O TRAUMA DO RUÍDO NOS ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE!

 


José Carlos Balacó Moreira





Na sequência de um grave acidente de que fui vítima, no dia de Natal de 2007, considero pertinente, uma chamada de atenção dos responsáveis para alguns factos que entendo inadequados na vivência do dia a dia de alguém internado num estabelecimento de saúde.


Fundamento-me, na dura experiência que vivi ao longo de vários internamentos, quer em hospitais públicos, quer em clínicas privadas, que totalizaram mais de 180 dias.

Embora ainda existam em alguns hospitais os dísticos solicitando - SILÊNCIO - não passam de meros objectos decorativos.


Ninguém imagina o profundo TRAUMA que é causado nos doentes, pelos vários tipos de RUÍDO em particular naqueles que estão sujeitos longos períodos de internamento.


As fontes do ruído são inúmeras. Comecemos pelos médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar que falam em voz alta como se estivessem em qualquer lugar público e nem se dão conta do enorme trauma que causam aos doentes. Só quando algum deles passa à situação de internado se apercebe desta realidade, tal como tive ocasião de constatar, no caso de uma enfermeira que teve que ser operada e que reclamou com as colegas pelos inúmeros barulhos de vários tipos que ouvia no corredor.


Outras fontes de ruído são os carros de transporte da alimentação e das roupas cuja deslocação causa um enorme ruido que ecoa pelos corredores dado o tipo de rodas utilizadas concebidas há muitos anos e nunca actualizadas, a que acresce o deficiente sistema de acondicionamento dos tabuleiros da alimentação. Será assim tão dispendiosa a substituição do sistema de rodas e encontrar um sistema de fixação dos tabuleiros adequados?


Ainda outra origem de ruido que repercute como se fossem marteladas na cabeça são os saltos dos sapatos das senhoras, altos ou baixos, entre as quais se inclui os de todo o pessoal de saúde acima referido, pessoal administrativo e, naturalmente as visitas,

Ainda em relação às visitas, haverá que encontrar igualmente uma solução pelo enorme incómodo que causam a terceiros uma vez que falam muito alto sem que ninguém lhes chame a atenção. Este facto é constatável quer quando visitam uma enfermaria com 3 ou 4 camas, como o é igualmente em relação a quartos separados de um estabelecimento hospitalar privado.

Como ressalta evidente, os diferentes ruídos, constituem uma questão da maior importância para o bem-estar daqueles que têm a infelicidade de ter de recorrer a um qualquer tipo de estabelecimento hospitalar que, como se pode constatar do que antecede, não facilita, antes é muito prejudicial ao restabelecimento da tão almejada saúde.



Temos consciência de que a alteração das situações descritas não se consegue de um dia para o outro. Vai ser necessário usar imensa pedagogia no sentido de modificar mentalidades e consciencializar verdadeiramente, em primeiro lugar os profissionais de saúde para os efeitos nefastos do seu procedimento, ainda que tal ocorra de modo inconsciente.


No que respeita ao equipamento, urge uma reformulação do sistema de transporte para modelos com rodados não ruidosos e um sistema de acondicionamento dos tabuleiros transportados com uma fixação que impeça a vibração dos mesmos.Relativamente aos saltos, é simples: proibição pura e simples da entrada numa unidade de saúde com esse tipo de calçado que produz um infernal toc-toc que martiriza a cabeça de quem necessita de sossego e tranquilidade em vez do stress que o ruído causa.

No que se refere às visitas é indispensável uma constante e insistente chamada de atenção por parte das enfermeiras e pessoal auxiliar para que se eduquem as pessoas no sentido de se mentalizarem de que o seu tom de voz está a prejudicar o bem-estar dos outros doentes.


Espero que este apelo de chamada de atenção possa chegar aos responsáveis dos hospitais públicos e privados para que este problema, aparentemente sem importância para quem nunca sofreu na pele os seus gravíssimos efeitos, possa passar a ser minorado com a pertinência que o mesmo requer.

Publicado por Evoluir em 5 de Março de 2013




PORREIRO PÁ, A DEMOCRACIA FOI DE FÉRIAS

José Luís Vaz



Este país, à beira-mar plantado está a passar por um verdadeiro tsunami! Tudo anda ao contrário, de pernas para o ar, não há dinheiro, não há emprego, não há nenhuma sensibilidade social, não há competência, não há valores. Vivemos o nosso dia-a-dia sem qualquer perspetiva do que acontecerá no dia a seguir, sem sabermos se aos nossos filhos chega a praga do desemprego, sem termos a noção exata do que vão subtrair à nossa pensão, assediados com o sensacionalismo de notícias que tudo informam, mas nada dizem. A justiça é cada vez mais difícil para os pobres e para aqueles que não têm relevância social. Uma mulher roubou numa grande superfície produtos no valor de 0,98 €. Foi condenada com uma multa de 200.00 €. Mas o homicida, pai de juíza, tem direito a tratamento vip dentro da cadeia. A corrupção respira-se, mas os abonadores de grandes valores e competências abundam, começando, cada vez mais, a perceber-se o velho dito, “eles defendem-se uns aos outros”. Veja-se o que se tem passado sobre o BPI, BPP, compra de submarinos e todos os escândalos que vergonhosamente emolduram Portugal. No país do fado, este fado vem de longe. As enormidades acontecem e os responsáveis, quando não sobem ainda mais na escalada de usurparem dinheiro, continuam, pacatamente, a gerir os tostões adquiridos. A abastança dos estádios de futebol, as derrapagens crónicas de grandes obras, a gestão do património nacional, passaram a ser faturas muito penosas para um povo que nunca foi rico, nem disso vida fez. Nunca ninguém foi responsabilizado pela má, quando mesmo péssima, administração dos dinheiros e bens públicos.

O Centro Cultural de Belém, a Expo, o Freeport, são mais ingredientes para os duelos públicos, a que assistimos, disputados sempre pelos mesmos grandes senhores, repletos de razão, profundamente democratas, legitimamente eleitos, ou se não tiverem sido, serão sem qualquer sombra de dúvida, eloquentes personalidades, com elevadas competências e alto sentido de responsabilidade. As mega obras como o TGV, o novo porto de Lisboa, a construir na Trafaria, são decididas com a ligeireza típica de quem não tem que pagar a conta. São vendidos a preço de saldo, bens significativos do estado e gastos com Parcerias Público Privadas somas, essas, sim, acima das nossas possibilidades, que permitem a alguns engordar com o que muitos são obrigados a pagar. Desigualdade é uma das armas da estratégia reinante, parecendo estar fatidicamente ligada a um país em que os mesmos trabalhadores que cá não trabalham são no estrangeiro preferidos e elogiados pelo seu desempenho. Gestores e administradores multiplicam por centenas de ordenados mínimos as suas mordomias. As mulheres continuam a ser preteridas, pelo simples fato de o serem. No espaço europeu, só Malta é detentora de pior performance.

O Serviço Nacional de Saúde, uma das maiores conquistas de abril, está a cobrar aos cidadãos mais dinheiro por menos serviços. Mero acaso, ou não, os grandes grupos financeiros do país investem cada vez mais neste sector. Na Educação, fecham-se escolas, acabadas de restaurar. Não se despedem docentes, é outra a lógica, não se lhes dá trabalho e desta forma aberrante, existem professores, com vinte anos de serviço, sem vaga numa qualquer escola. O mercado do imobiliário parou e as empresas do ramo entram em insolvência dia a dia. Este sector da economia engrossa, catastroficamente, o aumento do desemprego. Não há dinheiro para que as pessoas possam recorrer ao já tradicional crédito à habitação, mas o estado, empenhadamente, favorece os grupos económicos detentores da banca. Atingimos o auge do mau gosto, da insensibilidade, da insensatez, quando o primeiro ministro atira à nossa cara que o desemprego é normal.. Paralelamente, o líder da oposição, numa candura enternecedora, apela ao FMI para que permita uma receita a favor das pessoas. O FMI, por ventura, alguma vez pôs o excel, ao serviço, de algo, que não fossem os números? Outros, vislumbram agora o esplendor na agricultura que, em tempos idos, ajudaram a desmoronar. Todos políticos, todos iguais! A sua situação privilegiada, não os intimida e muito menos os envergonha. Reformas, subvenção aos partidos, diminuição do número de deputados, são temas antidemocráticos? A austeridade para os cidadãos parece ser a única resposta, para quem já é arriscado formular perguntas.


 O medo está a instalar-se e a dignidade de alguns começa a atingir um elevado preço. Só a poucos é permitido falhar, por pouco, é certo, mas sejamos compreensivos. O senhor do orçamento, acabou de nos brindar com mais um dos seus falhanços. Imagine-se que um orçamento bebé, de dois mesitos, está desactualizado. Com boa vontade, tudo se arranja e, assim, em vez da previsão da recessão de 1%, passamos para o dobro (2%). Coisita pouca… Entretanto, façamos por rir, por ter pensamento positivo, por termos esperança, por acreditarmos… porque o país, vai continuando a viver, a vegetar, a resistir. Quanto aos cidadãos, nada a recear, o povo está porreiro, pá, a democracia deles, há muito que foi de férias.


Publicado por Evoluir em 27 de Fevereiro de 2013



EVOLUIR agradece ao autor este texto para publicação


RECADOS - 
FORMAÇÃO PROFISSIONAL

 


José Carlos Balacó Moreira


Este foi sempre um tema recorrente na colaboração que eu vinha prestando ao DA, a qual foi interrompida há 5 anos devido a um grave acidente de que fui vítima, no dia de Natal de 2007, mas como sobrevivi, após muito sofrimento e luta, considero que surgiram, finalmente, as condições para retomar essa colaboração

Considero verdadeiramente ULTRAJANTE para as antigas Escolas Comerciais e Industriais, enquanto Instituições e para os Técnicos que elas formaram, o facto de o Sr. Ministro da Educação ter ido à Alemanha “aprender” como se deve fazer a formação profissional.


Não esqueço nunca o argumento utilizado pelo Ministro de então, que na sequência do PREC decidiu extinguir aquelas Escolas com o argumento de estarem a ser frequentadas apenas pelos filhos de portugueses de segunda, enquanto que para o liceu só iam os filhos de famílias mais abastadas e, como tal havia que acabar com as diferenças e criar Escolas iguais para todos!

Em nosso entender tratou-se de um crime de lesa Pátria, cujos autores deveriam ser chamados a prestar contas pelo enormíssimo prejuízo causado às gerações destas três últimas décadas e, consequentemente ao desenvolvimento do país.



Neste caso a culpa não foi dos psico-pedagogos (estes também responsáveis pelos currículos “da treta” hoje em vigor) mas sim de políticos insensatos e irresponsáveis que, ignorando totalmente a experiência altamente positiva do ensino técnico, de que resultou a falta de mão-de-obra altamente qualificada de que o país dispunha e de que todos falam, mas sem que nenhum Governo, desde então, tenha actuado para eliminar tal aberração.

Dado que no princípio da minha vida profissional (que posteriormente tomou outro rumo) tive a honra de ter sido professor de uma Escola Técnica, que me permitiu conhecer o tipo de ensino ao pormenor, não posso deixar de prestar a minha mais sincera HOMENAGEM ao “Mestres das Oficinas” dos diferentes cursos industriais ministrados e aos “Professores das Disciplinas Práticas” dos cursos comerciais, pela dedicação, empenho e profissionalismo, que garantiram a elevada qualidade dos profissionais que frequentaram aquelas instituições.

No que se refere aos programas ministrados nestes estabelecimentos de ensino, cujo curso completo era de 5 anos, eles eram similares aos seguidos nos Liceus, se bem que mais simplificados e com menor grau de exigência no que se refere a algumas das disciplinas, salvo no Português e na Matemática.

Em contrapartida, o currículo dos cursos industriais incluía, para além das disciplinas de carácter geral similares das do Liceu, disciplinas como o desenho técnico (de máquinas e industrial) com alto grau de exigência, tecnologia de serralharia, tecnologia de electricidade, além de outras, igualmente de carácter técnico, que agora não recordo.

Porém, o grande êxito dos cursos industriais, resultava das várias horas diárias de prática nas oficinas de serralharia, electricidade, carpintaria, construção civil, cerâmica ou de outros sectores, conforme as necessidades da região do país onde a Escola se situava, em que o grau de seriedade e exigência era tal que, ao concluírem os seus cursos, os jovens estavam aptos a desempenhar qualquer tarefa dentro do seu ramo, sem necessidade de qualquer tipo de estágio complementar.

No que se refere aos cursos comerciais, os programas incluíam, além das já referidas disciplinas de carácter geral, contabilidade, caligrafia, dactilografia, direito comercial, para além de outras que agora não me ocorrem. Também neste caso, a sólida preparação obtida, fruto das inúmeras horas de trabalhos práticos, com igual grau de seriedade e exigência, permitiam aos ex-alunos que, sem necessidade de qualquer tipo de estágio complementar, encarassem o seu primeiro dia de trabalho num escritório como se sempre lá tivessem estado, isto é, sem qualquer receio, visto que a preparação recebida correspondia ao que deles se esperava na vida prática.



Muitos dos actuais responsáveis pelo ensino desconhecem que os profissionais de ambos os sectores constituíram, ao longo dos tempos, o sustentáculo das principais empresas do País, que hoje em dia começam a encontrar sérias dificuldades na renovação dos seus quadros técnicos, por falta de profissionais devidamente qualificados que actualmente, já estão ou vão a caminho da aposentação, sem que haja substitutos minimamente à altura, tal como pode constatar-se frequentemente através dos meios de comunicação social.

Acrescente-se que, em alguns casos, a simples menção do nome da Escola onde tinham concluído os cursos, constituía um cartão de apresentação para o acesso ao novo emprego.

Ignorando todos os aspectos acima mencionados foram desbaratados muitos milhares em curso de formação profissional com os mais diversos rótulos que apenas serviram que os seus promotores  ganharem dinheiro

Actualmente, se houver ainda algum Centro de Formação Profissional onde o ensino seja realmente de qualidade, onde a ordem, o método e o elevado grau de exigência sejam os parâmetros fundamentais porque se regem, tal êxito resultará certamente do facto de terem tido a visão de seguir a metodologia a que acima fizemos referência e, sobretudo porque, para além do mais, terem tido a sensatez de irem buscar ainda algum dos antigos Mestres e Professores das Escolas Técnicas para ministrarem a componente prática dos cursos.

Acabe-se com os milhentos cursos profissionais de lápis e papel, muitos dos quais nem se sabe para o que servem e cuja empregabilidade é altamente duvidosa.


Infelizmente, o que vem sendo noticiado é que o modelo de ensino profissional que o Ministério da Educação está a pensar reintroduzir se destina a alunos incapazes, isto é a jovens que no ensino normal actual apresentam elevado grau de insucesso escolar, a um passo da desistência do estudo!


Cada país tem o seu modelo, de acordo com a maneira de ser dos seus cidadãos. Neste caso, porém, não precisamos de lições de ninguém. O sistema dual alemão não funciona em Portugal pela simples razão de que o ensino prático que se pretende que seja feito nas fábricas ou nos escritórios não resulta como o demonstraram à saciedade os milhentos cursos a que antes nos referimos. As empresas precisam é de gente competente capaz de desempenhar as tarefas com profissionalismo. Esta solução serviria apenas para que as empresas tivessem mão-de-obra gratuita durante uns tempos sem que daí resultasse qualquer benefício efectivo para o estagiário.
Sendo certo que é ao Estado e não a outrem, que cumpre criar as condições que permitam a preparação cultural e técnica dos cidadãos, ninguém consegue entender o porquê desta irresponsabilidade de todos os Governos desta última trintena de anos que deixaram que se atingisse este grau de incultura e impreparação profissional de grande maioria da população!
Não venham com a desculpa da falta de meios. Responsabilizem antes, como agora se diz, a falta de vontade política para a solução do problema.
Claro que o ideal seria que todas as actuais escolas pudessem ser técnicas ou tecnológicas, se preferirem, por ser mais fino, proporcionando a cada aluno, no final do actual 9º ano, uma profissão que lhes permitisse singrar na vida. Todavia, por razões que são evidentes, tal seria utópico!
No entanto, com verdadeiro interesse,  empenho e seriedade, alguma coisa se pode fazer no sentido de se começar a remediar este descalabro a que chegamos. A receita é muito simples.
Haja a humildade de refazer as diversas antigas Escolas Técnicas existentes em diferentes zonas do país, que no que se refere a instalações, elas continuarão, certamente, a revelar-se as adequadas a este tipo de ensino uma vez que foram concebidas com este objectivo, readaptem-se-lhes os antigos currículos, com as necessárias actualizações proporcionadas pela evolução dos meios sem, todavia, reduzirem o número de horas de prática, então exigidas em qualquer dos sectores em apreço, actualizem-se os equipamentos das oficinas e os gabinetes do sector comercial, contratem-se profissionais experientes e sérios, que com a sua experiência, conhecimento e brio profissional, transmitam aos alunos, nos mesmos moldes e grau de exigência a sólida preparação que então receberam, porque os antigos com esta qualificação já não existem e assim, ao fim de 5 anos, voltaremos a ter profissionais de que o país orgulhar-se  possa
E não venham inventar papões de traumatismos psicológicos pelo facto de as crianças terem que fazer a sua escolha aos 10 anos porque tal não aconteceu com as numerosíssimas gerações que os antecederam. A certeza de um bom emprego no final dos 5 anos de cursos realizados nos moldes acima descritos é um dado adquirido.
Será igualmente da maior utilidade a possibilidade de após a conclusão do Ensino Primário proporcionar aos alunos, gratuitamente, testes de orientação profissional para que desde o actual 5º ano, os alunos possam seguir directamente esta via e os resultados aparecerão, certamente, muito positivos.
A experiência dos assim designados cursos de formação profissional que tanto dinheiro desbaratam ao longo de todos estes anos, é francamente negativa.
Também não se volte a invocar o falso argumento da impossibilidade de acesso à Universidade porque se for esse o seu desejo, o aluno dispõe dos mecanismos necessários para o efeito.
A extinção dos antigos Institutos Industrial e Comercial e a sua substituição pelos Institutos Politécnicos foi outro erro grave porque estes não são “nem carne nem peixe” enquanto os antigos usufruíam da experiência prática dos alunos provenientes das Escolas Técnicas, complementavam a componente teórica produzindo competentes profissionais, então designados por Agentes Técnicos de Engenharia (hoje Engenheiros Técnicos) e Guarda-Livros (hoje Técnicos Oficiais de Contas), que, se assim o desejassem, prosseguiam estudos nas universidades.
Estes constituíram o segundo conjunto de profissionais que suportaram os tecidos industrial e comercial deste país nas últimas três décadas e que são merecedores da nossa mais elevada estima e consideração pelo valioso contributo para o êxito das empresas com que colaboraram.
Ponham-se os pés bem assentes na terra com seriedade, reconhecendo com humildade, os inúmeros erros cometidos e procure-se, com urgência e com verdadeiro empenhamento, colmatar esta enorme lacuna que envergonha o país, a qual causou, um prejuízo irreparável às gerações dos últimos 30 anos.


DORES TOPETE



Que assistência temos na saúde e que assistência queremos

A assistência na saúde deveria ser equilibrada, cuidada, humanizada, deveria ter em conta que os seres humanos, especialmente os que sofrem de doença física e ou mental, devem ser tratados com os mesmos cuidados e zelos quer sejam cuidados públicos, quer privados.

Acredito que a diferença, a existir, seria no “luxo” das instalações, que deve ser pago por quem opta pelo mesmo, e nunca nos tratamentos em si.

Estive internada no hospital da Arrábida para ser submetida a uma intervenção cirúrgica e também frequento o mesmo hospital, sempre que tenho que recorrer às consultas. Serve isto para fazer uma reflexão sobre a forma como fui tratada e penso poder fazê-la por ter termo de comparação com internamentos que já fiz noutras instituições.


Sou beneficiária da ADSE e, por ter necessidade de ser vista por um ortopedista com brevidade, já que me encontrava em sofrimento intenso, recorri uma vez mais aos serviços do hospital da Arrábida.

O médico, depois de me observar, disse-me o que eu já sabia há muito: estava sem qualidade de vida, em grande sofrimento e não via como eu poderia reverter a situação sem uma colocação de prótese.

Decidi que era chegado o momento, não tinha qualquer hipótese de ser intervencionada em tempo aceitável num hospital público, como a situação exigia, confiava no especialista e, por isso, optei por marcar a intervenção.

Foi-me dado um orçamento com a importância que deveria pagar como comparticipação da minha parte enquanto beneficiária da ADSE.


Quinze dias após a primeira consulta dava entrada no bloco para ser operada.Como já devem ter percebido, nunca num hospital público isto acontece, mas não ficamos por aqui.

Fui tratada por todo o pessoal desde administrativo, auxiliar, enfermagem, técnico e médico como deveriam ser tratados todos os doentes. Com humanismo, carinho, interesse com a presença física à cabeceira, sem demoras, sempre que tocava a campainha. Sorriam, auxiliavam-me… Sempre que pedia desculpa por considerar que tinham mais doentes, especialmente na noite em que eu chamava com frequência por me estar a ser difícil, respondiam sempre que não pedisse desculpa, pois estavam ali para me ajudar e era importante que eu sofresse o menos possível.

Fui assim tratada com esse desvelo durante os quatro dias que permaneci no internamento. Primeira questão: Porque é que nos hospitais públicos temos que esperar anos por uma cirurgia?

Segunda questão: Como é possível que, desde o início até ao fim do turno, por muito duro que o mesmo seja, os profissionais sejam uma presença constante, afável, interessada humana, que nos faz sentir como seres humanos e não como mais uma vida numa cama que é preciso aturar até que o turno acabe?

Terceira questão: Se os privados têm convenção com vários sistemas de saúde que lhes pagam, ficando o utente a pagar uma parte por ter optado, tal como disse no início, pelo “luxo” ou pela privacidade, mas também maioritariamente, como foi o meu caso, por necessidade absoluta de tratamento em tempo útil, e não têm prejuízo, como é que se compreende que, nos serviços públicos, as dívidas cheguem ao teto, a assistência médica e medicamentosa seja deficiente e o tratamento dado aos doentes seja em grande percentagem desumano?

Afinal a humanização não fica mais cara; os profissionais que trabalham no privado são, em grande percentagem, profissionais que também trabalham no público, e fazem turnos no privado. Porquê a mudança no trato? Será porque a seleção e o controlo dos profissionais é feita pelas chefias no privado com mais rigor e observância? Se assim é, comecemos por aprender com a gestão dos privados por forma a termos um melhor, um mais humano e um mais rápido serviço público de saúde.

Quando referi que estou à vontade para fazer este paralelismo entre público e privado, posso garantir que estou. Infelizmente para mim tenho algumas más experiências de internamentos hospitalares em hospitais do nosso país, mas quero aqui deixar claro que também tenho algumas recordações de profunda empatia e humanismo.


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José Balacó Moreira

RECADOS - Livros escolares versus livros únicos

A CONSTITUIÇÂO DA REPUBLICA PORTUGUESA estabelece que todos os cidadãos são iguais perante a lei.
Todavia, não é isso que está a acontecer em relação aos livros escolares cujo peso, actualmente, é extremamente elevado não apenas na economia familiar, como também nas costas dos alunos!
No caso em apreço a dita igualdade deverá traduzir-se pela disponibilização a todos de, rigorosamente as mesmas condições de aprendizagem, isto e, o mesmo livro para cada disciplina.
Não faz qualquer sentido que, por exemplo um aluno de Caminha utilize um livro diferente de um seu colega da Ilha do Pico, ou de Coimbra, ou da Madeira, ou de Lisboa! Chega-se ao cúmulo de que, dentro da mesma cidade, cada escola adapte o seu livro, diferente da sua congénere, a que acresce o facto de mudarem de livro de ano para ano, não permitindo que, um eventual irmão, amigo ou familiar, possa vir a utilizar o mesmo livro.
Não chegaram quase quatro décadas para que os diferentes Governos tivessem feito um exame de consciência acerca das opções erradas que tomaram, não só em relação a este assunto mas a tantos outros, que tantos males têm causado ao país?
Criou-se uma mentalidade do“mudar por mudar” só para ser diferente sem se verificar cuidadosamente se a alteração adoptada realmente funcionava e era melhor do que a que estava em uso, sendo esta geralmente destruída antes da referida constatação. Nem nunca houve a humildade de recuar ao verificar-se que a mudança afinal não tinha trazido os resultados esperados.
É da maior pertinência que esta matéria deva ser tratada com toda a seriedade acabando, de uma vez por todas, com os “lobbies” das editoras que pretendem impingir uma infinidade de livros, vários para cada disciplina, além de uma série de fichas e outros anexos ao livro de texto. A título de exemplo, recordo que, no inicio do ano lectivo em curso para a disciplina de matemática do 7º ano, além do livro de texto propriamente dito, havia mais umas fichas, um outro anexo e um CD, conjunto este que os alunos tinham que comprar! Ouvi uns pais queixarem-se de que o conjunto de livros para o ano referido ficava em cerca de 300 euros o que é um verdadeiro atentado para qualquer família, em particular na situação de crise que atravessamos.
Urge perguntar de que mais precisa um aluno para além do livro de texto com a matéria da disciplina e um simples caderno para fazer os trabalhos que lhe dizem respeito? A excepção é o caso da matemática, em que o livro de texto deve vir acompanhado de um outro livro com centenas de exercícios para praticarem, tendo no final o simples resultado a obter (a este propósito a capa verde do velho Palma Fernandes que se calhar ainda hoje era útil).
Importa ainda realçar a falta de seriedade das editoras, que vêm inserindo nos textos espaços para a realização de exercícios o que é o mesmo que inutilizar o livro, impedindo a sua reutilização por outro aluno. De igual modo, são dispensáveis as inúmeras cores nas ilustrações e capas que só servem para encarecer as edições. Em síntese, haja alguma seriedade e sentido ético, características estas, que têm andado arredadas das editoras, apenas preocupadas em vender!
É urgente que o Governo pense nas imensas dificuldades e sacrifícios que as famílias estão a passar para poderem proporcionar os meios básicos indispensáveis à educação dos filhos!
Já que falamos de matemática, façamos mais um parêntesis para lembrar que o actual Ministro da Educação, enquanto comentador politico na televisão, se fartou de afirmar repetidamente que era internacionalmente reconhecida a importância de que todos os alunos soubessem a tabuada, não só indispensável para a disciplina de matemática propriamente dita, mas igualmente útil no desenvolvimento de raciocínio para outras disciplinas. Que me conste, até agora, não foi dada nenhuma instrução específica às Escolas Primárias no sentido de porem as crianças, como agora se diz, a adquirirem esta competência, passando a saber a tabuada “na ponta da língua”, como então se dizia. Será que os(as) psicopedagogos(as) acharão traumatizante, porem-se as crianças a cantar a tabuada como outrora se fazia? Ou será que os que promoviam este método eram gente retrograda, ou que as inúmeras gerações a que o método foi aplicado eram constituídas por atrasados mentais?
Retomando o tema que nos propusemos tratar, ressalta evidente que a solução desta situação tem duas componentes fundamentais: sensatez e seriedade.
Este é o tipo de situação que eu conheço bem porqur, ao longo de grande parte da minha vida, tive ocasião de acompanhar de perto a metodologia seguida para a adopção de LIVROS ÚNICOS, porquanto a minha mãe foi reitora de um liceu durante vários anos, o que me permitiu constatar quão simples e sérias eram os métodos que passo a descrever.
Cerca de um ano do termo da vigência dos livros que estavam a ser utilizados, que era geralmente de quatro anos, o Ministério da Educação abria um concurso para que as editoras concorressem às diferentes disciplinas entregando no referido Ministério um certo número de exemplares de cada livro no prazo estabelecido no concurso.
Em seguida, o Ministério determinava que os reitores e/ou os directores dos estabelecimentos de ensino, aleatoriamente de entre os diversos distribuídos pelo país, indicassem um professor para vir a integrar uma comissão de avaliação dos futuros livros a adoptar, cuja composição já não posso precisar, mas que variava entre 5 e 7 elementos por cada disciplina.
Na data indicada pelo Ministério, esses professores deslocavam-se a Lisboa, onde lhes eram entregues os exemplares dos livros concorrentes, faziam uma pequena reunião com os seus pares para troca de impressões e marcação da data da reunião de análise final dos livros, que tinha lugar nas instalações do Ministério, cerca de dois meses após a recepção dos exemplares.
Nas datas previstas reuniam as Comissões das diferentes disciplinas, em relação a cada uma das quais era elaborada uma acta detalhada de apreciação de cada livro concorrente, concluindo pela escolha de um deles como LIVRO ÚNICO dessa disciplina para todo o território nacional pelo período acima referido, o qual na edição posta a circular era impressa uma chancela indicativa da aprovação e o número do respectivo exemplar.
Como ressalva evidente, as vantagens eram óbvias, quer porque não só se cumpriam os critérios de igualdade de todos os cidadãos perante a lei, quer ainda e sobretudo, porque o preço dos livros era naturalmente muito mais barato. Qualquer leigo perceberá que fazer, por exemplo, mil exemplares ou cem mil exemplares do mesmo livro, para este volume, os custos por exemplar serão, naturalmente, muitíssimo mais reduzidos.
Como já acima referimos, daquilo que fomos ouvindo ao longo dos anos na qualidade de comentador da TV, do actual Ministro da Educação, alimentámos alguma esperança de que para os livros escolares fosse determinada uma via do tipo da que vimos expondo para benefício de todos: pais e filhos! Infelizmente esta é mais uma matéria cuja solução vem sendo esquecida!
Sendo este um problema premente que, pelos motivos mais do que evidentes carece de uma solução urgente, não se percebe a inércia dos responsáveis! Esperemos que algum leitor influente em termos políticos chame a atenção de quem de direito para que esta situação possa ser alterada no mais curto prazo, obtendo-se livros com melhor qualidade de conteúdos, a preços justos e iguais para todo o território nacional.
Este é um desafio que eu lanço, desde já, aos Senhores Deputados dos diferentes partidos representantes do Distrito de Aveiro na Assembleia da Republica, dos quais se espera o adequado empenhamento nesta matéria, ate porque com a alteração acima referida, sem dúvida benéfica para todos os cidadãos, os interesses do Estado não saem lesados, ao contrário do parece poder estar a acontecer com a dificuldade na retirada dos pórticos da A25!

7 comentários:

  1. EVOLUIR congratula-se com a sua adesão a este blog e felicita-se por poder disfrutar da sua reflexão tão oportuna nos tempos que estamos a viver.
    Esperamos poder continuar a contar com a sua colaboração.

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  2. Em meu nome pessoal quero agradecer este texto para reflexão. Por falar na matemática, recordo-me que comprei o caderno da tabuada e pus os meus filhos a dar toques numa bola e cantarolando-a ao mesmo tempo. E, tenho a certeza, que apesar de usarem as novas tecnologias ainda não a esqueceram, tal como nós.Mas enquanto os governos deste pais estiverem enfeudados aos lobbies o problema vai continuar. É necessário que vozes como a sua não se calem. Obrigada José Balacó Moreira pelo seu contributo tão pertinente. Espero e desejo ver mais artigos seus publicados no nosso blogue.

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  3. O seu artigo é realmente muito oportuno e possibilita-nos inúmeras reflexões acerca da forma e do conteúdo do ensino que está a ser ministrado aos nossos netos.A instabilidade da sociedade dos nossos dias tem passado também para a escola e assistimos a uma panóplia de acontecimentos que se vão arrastando sem solução à vista. Para já gostaria de abordar o peso excessivo que as nossas crianças transportam às costas todos os dias e que lhes provoca, muitas vezes, más formações que se manifestam ao longo da vida. Tudo seria mais simples se os livros não saissem das escolas como se faz em muitos países. Para além da maior e melhor mobilidade das crianças os livros poderiam, como diz e muito bem, ser reutiilizados por qualquer outro aluno.
    Gostei muito do conteúdo que nos apresenta e de certeza que voltarei aqui para continuar a refletir consigo. Este blog é mesmo isso: uma troca de ideias, de conceitos e de saberes.
    Fico à espera de mais participações!

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  4. O seu artigo é de tal forma abrangente que toca a mairia dos problemas do nosso ensino. Não sou um especialista, mas reputo de muito importante a sua opinião, quando refere a falta de sensatez e seriedade a que eu acrescentaria, também de inteligência. Também filho de docentes, cedo comecei a conviver com criticas ao ensino,o do meu tempo. Vivi o início escolar da minha filha mais velha com a intensidade, de quem, com enorme satisfação desejava "descobrir" os livros e os novos métodos,de um novo ensino que, no fundo, emendasse os erros do passado. A partir da entrada dela no então chamado "Ciclo", foi uma deceção! No próximo ano escolar, vai iniciar-se, noutro ensino, o de hoje, a minha primeira netinha. Fico a aguardar, já com menos entusiasmo que em tempos passados, mas com grande espetativa, sobre o estado a que chegou o ensino neste país. Vou esperar para ver, certo, de que hoje temos, felizmente, estes meios que nos aproximam de forma a praticarmos aquilo que a tudo e todos faz falta, até ao ensino: dialogar.Obrigado pela oportunidade que me proporcionou.

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  5. DORES TOPETE

    Que assistência temos na saúde e que assistência queremos

    humanizar é preciso// humanizar é preciso
    E, por isso, é preciso que haja tempo para comunicar e que haja médicos e enfermeiros sem olhar de robô.
    Não discuto, neste momento, público ou privado, discuto consultas feitas, todo o tempo, com os olhos postos num computador, discuto consultas em que me explicam, e à minha medida, como posso viver e conviver com a minha situação.
    Discuto profissionais de saúde com atitude nota vinte e agir de compêndio e profissionais sabedores, atentos e humanos.
    DISCUTO OS DIREITOS DO DOENTE E SEUS FAMILIARES!

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  6. Comentário "Que assistência temos na saúde..."
    Respeito completamente o que exprimes no teu texto. Entretanto, faz-me muita confusão, que em hospitais (8, se não estou em erro) públicos, administrações não estatais ou privadas, depois de colocadas lá para demonstrarem a sua eficácia, tenham tido resultados ainda piores que os outros do estado. Eventualmente, seremos obrigados a pensar que o problema está, acima de tudo, na mentalidade, ou na falta dela, quando se trata de gerir a "coisa" pública. A saúde não é um oasis. O que é que no nosso país não funciona assim? HONESTIDADE PRECISA-SE.

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  7. Que assistência temos na saúde. É verdade Dores. Eu já tive experiência nos dois setores.
    A diferença, é substancial. Nada tem a ver.
    Realmente, preguntas e muito bem; por que motivo as mesmas pessoas prestam serviços tão diferentes em instituições de estado ou particular?

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