José Luis Vaz
A economia, há mais de uma década na crista da onda,
mobiliza, ou antes, deveria mobilizar, muitos recursos que evidenciassem benefícios
para as pessoas. Na verdade, pelos piores motivos, a sociedade tem vindo a
sofrer grandes tumultos, que acabam sempre por favorecer um ou outro grupo “
bem colocado” ou “bem posicionado” para influenciar “os mercados”, por via de
norma, a seu favor. Pacífica, legal e civicamente nós recebemos esses resultados,
como se se tratasse de um fatalismo, esperando que venha um dia, em que os
raios solares, venham direitinhos à sociedade em geral e a nenhum em
particular. O milagre aguarda-se, entretanto, cada um, à sua maneira, vai
vivendo à medida do possível, resistindo o melhor que pode e sabe, a esta
dinastia da regressão.
Numa, das muitas feiras de cariz popular, tão típicas
deste nosso país, as pessoas, feirantes e clientes, expressam, das mais
diversas formas, as suas frustrações e ansiedades.
— Ó freguesa, cinco euros a peça, é só escolher, é só
escolher.
— Por uma camisa, ainda vá lá… agora você está a pedir
cinco euros por umas cuecas?
— Ai senhora, não se vá embora, quer levar uma camisa e
umas cuecas? Dê-me oito euros e não diga nada a ninguém.
— Mesmo assim… Onde é que já se viu, que umas cuecas
custem tanto como uma camisa?
— Olhe, leve estas encarnadas ao marido e vai ver que se
não vai arrepender…