terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

CERTO DIA AO ACORDAR


EVOLUIR agradece este texto para publicação

Maria Sílvia Paradela



Certo dia ao acordar,
Ouço sons de mim estranhos:
Serão aves pelo ar
Batendo asas a voar?...
Ou do campo balem anhos?
O Sol ‘inda não raiava
Nascera o dia cinzento;
Do portão abri a aldrava,
Vi que o silêncio pairava
Abraçado à voz do vento.
Perguntei ao vento agora
Se trazia algum recado.
Respondeu-me sem demora:
– Trago de Deus uma escora
Para deixar a teu lado.
E assim, como por magia,
Senti descer um presente
Que em minh’alma imprimia
Fascínio p’la poesia
A caminho do poente.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A PROBLEMÁTICA DO F


  José Luís Vaz



Sou furioso, mas fui facilmente desafiado para fazer façanha fabulosa, formidável, fantasiosa, pela filologista Fernanda que freneticamente nos força a fabricar fábulas fatidicamente fiáveis com F.
Francamente!

Isto não deveria ser feito a fervorosos fazedores de factos fenomenais, fantásticos, forjados em folhas, feitas à força, pelo corte fatiado de facas ferrugentas. É forte!
A fiabilidade fanática, falida, falhada, facilita fortes e frias facadas na feia filosofia formada por pseudofatalidades famigeradas e falidas. Que filme!
Filmar? Obviamente, um filme. Fixe, mas fixemos fobias, fraquezas e forças a par com as fotos de fotógrafos firmes, fraternalmente famosos, e famintos de fremência.
Finalmente, um final feliz! Férias, festas, felicidades e tudo de fom para o grupo da escrita criativa.
Fidedigno e fiel,
F (Fernandes)



domingo, 24 de fevereiro de 2013

Razões da minha fé



EVOLUIR agradece este texto para publicação

Filipa Lopes

Deitada, joelhos fletidos, Bic entre o polegar, indicador e o dedo médio. Escrevo, quase desenhando as letras e, confesso, não sei o que dizer acerca deste assunto. Nunca mo foi questionado, acho até, que nunca pensei nele. A fé é a certeza de que tudo se pode realizar. A minha, muitas vezes, é maior que as razões. Nunca fui fã da fome nem da falta de um cobertor. Nunca fui fã de guerra, sempre fui fã da paz. E, só para nós, sempre fui fã de um mundo melhor e vivo num mundo onde a probabilidade disso acontecer, diminui. Eu tive que me habituar a viver com a ideia de que o mundo é assim mesmo, tive que me habituar a encarar o mundo do jeito que ele é. Tive que encarar os meus dias como se fossem os últimos. Acho que é por isso que existimos, para viver. Para saber aproveitar o melhor de nós, o melhor da vida, senão tão pouco o pior. Quem sou? Porque me questiono? Porque existem motivos que me decepcionam? Além da minha rotina implicar comigo, por estar cansada de fazer sempre o mesmo, a minha mãe implica, porque o meu quarto está bagunçado ou porque cheguei tarde a casa. O meu pai implica, porque estou chata e rabugenta, e eu implico com o mundo. Implico com pessoas que preferem desistir ao persistir e conseguir. Sou o oposto do mundo. Em momentos da minha vida onde andava angustiada, dominada pelo medo e, quem sabe, pela pouca fé pensei em desistir, mas não o fiz. Existiu um motivo para tal. Existe sempre. Existe sempre alguém ou alguma coisa que nos fortalece, que nos faz acreditar que tudo pode acontecer, independentemente do tempo, da distância ou da ilusão de um sonho. Há sempre uma luz ao fim do túnel. A última esperança, o último grão de fé, porque havereis nós de desistir? Quanto aos outros, eu não sei, mas eu ainda aqui estou, forte e com uma sacola de fé dentro do bolso. Vivo para ser a diferença de muitos e a igualdade de outros. Vivo por mim e para mim. Vivo de fé, de esperança, de força e fraqueza, de medo e coragem, de felicidade e infelicidade, mas vivo. Vivo para acreditar que posso, que consigo.


Este artigo foi-nos enviado pelo professor da Filipa na Escola EB2/3 de Ilhavo. Outros textos podem ser consultados no blog cujo link identificamos:

Ao Prof. Filipe Tavares o nosso agradecimento.

QUERIDO, NÃO MUDES A CASA


Maria da Conceição Cação
Tiro a venda. Eis-me perante um lugar de sonho: o jardim. Do rectângulo de relva verdejante, elevam-se, em surpreendente harmonia, um jacarandá, uma acácia e um abeto. Nos cantos, as flores exuberantes dos hibiscos oferecem-se aos beija-flores. Ao abrigo do alto muro, onde um casal de namorados emerge, enlaçado, dum painel de azulejos azul e branco, tufos de alfazema coroados de anil, impregnam o ar dum perfume discreto. Num lago, ao centro, ondulando as águas, deslizam, majestosos, dois cisnes brancos. À esquerda, numa gaiola de ferro rendilhado, assente sobre a calçada, um papagaio palrador acolhe-me com uma saudação. Incrédula, avanço uns passos. Ao meu olhar, deslumbrado, apresentam-se a piscina, as cadeiras, as tendas, o cantinho de convívio e leitura, onde não faltam os sofás, as mesinhas de apoio, as prateleiras, os vasos floridos, as lanternas, as velas… Aproximo-me da cancela de madeira. Do lado de lá, mais recatados, a horta e o pomar. Uma mistura de aromas, ainda há pouco tão subtil, insinua-se agora aos meus sentidos. Inebriada, alongo a vista. Alinhadas ao longo do passadiço, frondosas árvores exóticas ostentam garbosamente os seus frutos.

Sinto-me perplexa. Como foi possível aliar tanta beleza, harmonia, conforto? Que fada teria derramado aqui tão generosamente a sua magia? Aquele era o espaço perfeito, muito mais do eu ousara desejar! E, no entanto, sinto-me constrangida. Não consigo retribuir a simpatia que me circunda. Esboço expressões de entusiasmo, de contentamento, que logo esmorecem na garganta. É como se me encontrasse de visita a um belo parque da cidade. O meu coração permanece distante. Sinto-me como uma criança a quem fosse, de súbito, retirada a modesta mãe e visse, no seu lugar, uma madrasta coberta de jóias.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

AI AGUENTA, AGUENTA



José Luis Vaz

A economia, há mais de uma década na crista da onda, mobiliza, ou antes, deveria mobilizar, muitos recursos que evidenciassem benefícios para as pessoas. Na verdade, pelos piores motivos, a sociedade tem vindo a sofrer grandes tumultos, que acabam sempre por favorecer um ou outro grupo “ bem colocado” ou “bem posicionado” para influenciar “os mercados”, por via de norma, a seu favor. Pacífica, legal e civicamente nós recebemos esses resultados, como se se tratasse de um fatalismo, esperando que venha um dia, em que os raios solares, venham direitinhos à sociedade em geral e a nenhum em particular. O milagre aguarda-se, entretanto, cada um, à sua maneira, vai vivendo à medida do possível, resistindo o melhor que pode e sabe, a esta dinastia da regressão.

Numa, das muitas feiras de cariz popular, tão típicas deste nosso país, as pessoas, feirantes e clientes, expressam, das mais diversas formas, as suas frustrações e ansiedades.
— Ó freguesa, cinco euros a peça, é só escolher, é só escolher.
— Por uma camisa, ainda vá lá… agora você está a pedir cinco euros por umas cuecas?
— Ai senhora, não se vá embora, quer levar uma camisa e umas cuecas? Dê-me oito euros e não diga nada a ninguém.
— Mesmo assim… Onde é que já se viu, que umas cuecas custem tanto como uma camisa?
— Olhe, leve estas encarnadas ao marido e vai ver que se não vai arrepender…

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O Melro

Júlia Sardo


Ao ler estas simples palavras deve pensar: é a história duma ave. Pensou? Pois está enganado. Melro era o nome de um gato; um verdadeiro gatarrão. De cor parda, uma mistura de cinzento com riscas pretas.
  Era na realidade um gato bonito, de olhos verdes e esbugalhados, grande, gordo, pachorrento e de cauda cortada, mais ou menos, a meio da ponta.Veio de longe; trouxe-o um oficial dos barcos, da pesca longínqua, da Terra Nova.
Veio com o propósito de ser oferecido à minha avó paterna.Era um gato muito mimado e muito senhor do seu nariz. Quando queria estar num determinado lugar, ninguém mais se podia aproximar. Era dono e senhor, apropriando-se desse lugar.
Cheio de manias, fazia-se dono duma cadeira, que tinha uma almofada, bem fofa, de cabedal, que havia no escritório. Houvesse alguém, com audácia, de se sentar nela. O Melro chegava, sentava-se ao lado da pessoa que estivesse na cadeira, olhava-a com olhos bem abertos e bem fixos.
Com esta pose ele assustava de tal maneira, que a pessoa saía.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

DA MINHA JANELA


EVOLUIR agradece este texto para publicação


Maria Sílvia Paradela





Abrindo a janela de par em par

Contemplo o Mundo, qual fascinação!
A voz dos rouxinóis a redobrar
Na resplandecência do azul do Céu!
Do pastor a flauta ouço tocar
Guiando o rebanho com devoção,
Como o Sacerdote a evangelizar
Convidando os fiéis à oração!
O Mundo! Como é belo o Mundo, oh Deus!
Por que não o salvas dos fariseus
Se mágoas cruéis já a Cristo criaram?
Salva-o, salva, salva, Senhor, salva!
Da minha janela Te oro com alma
– Eles já Teu Filho crucificaram!





terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

As cidades e as cores



Albertina Vaz


Naquela terra havia janelas de todas as cores – vermelhas, verdes, amareladas, lilases, azuladas, branquinhas e até da cor do mar. E de formas muito diversas, umas redondas, outras retangulares, outras em forma de triângulo, outras arredondadas no topo. Até os tamanhos – que promiscuidade enorme: umas grandes, outras pequenas, umas esguias a lembrar vitrais, outras enormes a rasgar paredes.
Em todas as casas se viam janelas - vidros pequenos e cortinas branquinhas a bordar dentro delas. E havia também muita cor – e a cor era um passo de dança e um som a compasso vibrando no ar.
E o espaço estava cheio – E de que maneira!!! – com aquelas janelas de mil formas e mil cores.

Mas aquelas janelas viviam nas casas e as casas também tinham portas. Portas antigas de madeira maciça e aldrabas pesadas cujos batentes soavam em eco quando se batia nelas. Portas leves como plumas esvoaçando ao vento norte portador da mensagem do longe e da distância que se esfuma na linha do horizonte.
E as portas também eram de muitas cores e de muitas formas e de muitos materiais. Umas finas que nem papel, outras pesadas, gordas. Imensas. Umas até tinham um quadradinho, feito janela, por onde o sol entrava. Às vezes, nesses postigos – porque de pequenos postigos se tratava – havia cortinas iguais às das janelas.


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A importância da cor neste mundo cinzento


Júlia Sardo



Não há dúvida de que a cor é duma importância extrema no mundo.

A cor negra é deprimente; será por isso que as pessoas negras gostam tanto das cores bem garridas para o seu vestuário?Não sei. O certo é que os povos de origem negra são muito mais alegres. Dançam e cantam mesmo quando estão tristes.

Mas cinzento, pode referir-se a escuro, como a tristeza.
O mundo tornou-se cruel. Tantas injustiças que existem neste mundo.
Pois é; o dinheiro envolve tantos negócios e principalmente promove as guerras que despedaçam povos inteiros. A guerra e as guerrilhas sempre existiram ao longo dos tempos, porque a ganância do poder fala mais alto. Já não se estranha se houver uma guerrazinha.

Há por esse mundo fora tanta gente a morrer com fome, à sede e com falta de tudo. Mas a humanidade é arrogante e serve os interesses dos poderosos.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

“Menina estás à janela!”


Fernanda Reigota


Gosto de conversar como quem gosta de morangos, mas sem açúcar. Aquele morango bom que deixa que o Sol lhe aqueça o corpo e lhe dê sabor natural! Aquele morango perfumado que soube esperar pelo tempo certo! Aquele morango que me põe bem-disposta por muitas horas. Essas são as conversas de que eu gosto, aquelas que não me deixam igual ao que eu era antes.

Claro que há muitas formas de conversar como quem come morangos saborosos. Embora ainda haja reticências, é um facto que a Internet pode ser um veículo de conversação muito rica. É só nós queremos ir um pouco mais além do Olá! Tudo Bem!

Acontece-me, com alguma frequência, lembrara-me da canção “Menina estás à janela” de Vitorino, quando “passeio” nas avenidas da Internet, simplesmente olhando, ou parando com este ou aquele conhecido que tem tempo para falar. Ou, então, escolhendo as mensagens que penso valer a pena ler. E para dar coerência a esta associação entre navegar na Net e “estar à janela”, encaro a Internet como uma janela e eu sou a cibernauta.

Para mim, “estar à janela” é viver o meu tempo ao meu ritmo, é valorizar a conversa e a comunicação, gostar de ouvir os outros, deixar-me desafiar pela vida. Assumir este enquadramento, ou seja, ser cibernauta e estar à janela, será, para muitos, uma contradição.



Agradecimento


Dores Topete


Olá, a todos os meus amigos!
Finalmente estou em casa e com a disposição necessária para vos saudar e agradecer por todo o vosso carinho e atenção, que me foram transmitidos das mais variadas formas.
É verdade, durante mais de vinte anos adiei uma cirurgia que deveria ser feita o mais tardiamente possível. Finalmente, depois de anos de sofrimento, decidi com alguma apreensão colocar uma prótese no joelho. Não foi e ainda não é fácil, por ser, no meu caso, muito doloroso, mas felizmente está a correr bem e eu quero partilhar convosco este momento de satisfação e esperança de que tudo continue a correr bem.
Vou recomeçar as minhas aulas, participar de forma ativa no nosso blogue, para sentir que estou a voltar à minha vida de sempre, com o meu grupo da Avenida da Escrita nº 60, que tanto me entusiasma pelo empenho de todos os seus membros e pelo trabalho profícuo que tem apresentado.
Um beijão grande para todos e mais uma vez obrigada.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Há dias assim...



Maria Jorge


São 8 e 30 da manhã, vou levantar-me. Acordei muito aborrecida, porque dormi muito mal com a chuva a bater nas persianas e a humidade a querer entrar na minha estrutura óssea sem eu lhe ter dado permissão.

O dia vai hoje continuar chuvoso, tal como ontem e no dia anterior e hoje com o complemento de um forte vento.

O Gaspar não pode sair para o pátio e se o fizer, além de se molhar, vem com as patas molhadas para dentro de casa e suja-me tudo. Que maçada…

Não me apetece fazer nada. E tanto eu gostaria de fazer, como por exemplo, ir para o computador e escrever qualquer coisa no nosso blogue…

Vou voltar novamente para a cama esperando que a preguiça desapareça e a vontade volte.

Há dias assim…


terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Visita Inesperada


Júlia Sardo


Estávamos no verão; o calor apertava durante o dia, refrescando um pouco, ao entardecer. Não me recordo em que dia estávamos. Sei que andava no jardim, a apanhar umas ervitas, que teimavam em aparecer, e a regar.
  Quando levantei a cabeça, a descansar um pouco, vi uma pomba a bicar areia, junto ao portão da garagem.
Chamei a atenção do meu marido que me disse, tratar-se dum pombo-correio, porque nessa altura se faziam concursos de longas distâncias e, também, porque tinha uma anilha, com o número próprio, numa patinha. O animal estava com muita fome e sede. Pusemos uma taça com água e atirámos-lhe milho. Ainda ficou um pouco desconfiada, mas a fome era tanta que resolveu aventurar-se e comer. A partir desse momento, já não fugia de nós.
  Entretanto, ela devia estar tão cansada que se deixou apanhar e o meu marido meteu-a numa   gaiola, grande, com água e comida. Todos os dias íamos ter com ela fazendo-lhe festas, falando, e o animal habituou-se a nós.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

CARNAVAL

EVOLUIR agradece este texto para publicação


CELESTE SALGUEIRO




EVOLUIR agradece este texto para publicação


domingo, 10 de fevereiro de 2013

Letra N


Maria Jorge


Sou o N de nanar. Como é bom recordar os tempos em que dizia aos meus filhos para irem para a cama.
– Sou o N de narcisista. Há muitos neste país.
– Sou o N de natalidade. Cada vez menos neste mesmo e nosso país.
– Sou o N de Natal. A lareira acesa, a família reunida, crianças meio acordadas, meio a dormir, esperando a meia-noite. Como será este ano?
– Sou o N de natural. Aquilo que procuro ser no meu dia-a-dia.
– Sou o N de navegador. Por mares nunca antes navegados, assim os nossos antepassados criaram um império. Já não há homens como antigamente.
– Sou o N de . Vocabulário atual… Modernices…
– Sou o N de nazismo. Nunca mais!
– Sou o N de necessidade. Cada vez mais…
– Sou o N de negro. Noite de Lua Nova.
– Sou o N de negativo. Estado de espírito de inúmeros portugueses.
– Sou o N de neurologista. Profissão em franca ascensão.
– Sou o N de nível. Gostaria muito de saber onde estou.
– Sou N de noite. Agradável uma noite de Lua Cheia.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Pensar Alto


Júlia Sardo


  Estamos a viver um momento, a nível mundial, bastante grave.
  Esta situação tem consequências muito nefastas, a nível europeu; logo os que mais sofrem são os países com uma economia pobre, como o nosso.
  Muitas vezes dou comigo a pensar nos mais jovens; o que será o futuro deles? Terão futuro?
  O país está num caos; as médias e pequenas empresas estão a fechar sem conseguirem ver algo que lhes dê alento e coragem de continuar a laborar. Fecham as portas e simplesmente dizem aos empregados que não têm possibilidades de continuar. Dizendo isto aos empregados, alguns patrões viram-se para o lado e choram, porque muito sofreram para ter aquele bem, pedindo empréstimos ao banco e agora foi tudo destruído; os seus sonhos e o futuro dos seus filhos. Assim ficam tantas fábricas fechadas, algumas com matéria-prima que ainda lhes dava margem para laborar mais algum tempo.
  Todos os dias encerram postos de trabalho, deixando tantos agregados familiares sem possibilidades de pagarem os encargos a que se tinham comprometido.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Teresa e Margarida


Fernanda Reigota


Aquela figura alta e esguia lançava na minha direção um sorriso desenhado pelo lápis da felicidade. O cabelo louro e os olhos verdes sublinhavam a maternidade esplendorosa desta mulher.

Desde o momento em que soube que a Teresa ia ser mãe, nunca tive dúvidas: um dia iria ser testemunha de uma cena como a que hoje tive o prazer de partilhar. No momento em que reconheci Teresa, o meu olhar procurou de imediato a Margarida. E lá estava ela, muito cheia de personalidade: não dá beijos a desconhecidos, mas atira-os com muita convicção e um olhar que obriga a reparar no seu sorriso que tão bem decalcou da mãe.

Não dá beijos, mas seduz com a sua naturalidade. Ativa por natureza, logo foi pedindo ajuda para alcançar a roupa que queria experimentar. Vestiu um casaco, reparou nas mangas demasiado compridas, vestiu outro, mirou as costas para ver como lhe assentava e, ao mesmo tempo, prestava atenção ao comportamento da plateia. O sorriso de Margarida iluminava a cena.




domingo, 3 de fevereiro de 2013

SOBREVIVENTE

EVOLUIR agradece este texto para publicação


Maria José Pereira

Durante dias, ouvia-se o esgaravatar de uma ave, na chaminé.

Ontem, (cheia de sorte!) a ave (que afinal era uma pomba) aterrou na minha lareira.

Debilitadíssima, nem se mexia.

Levei-a para a varanda. Continuava sem se mexer...

Bem, pensei, há que tentar que ela beba água e coma.

Bebeu água, que se fartou, mas comer, nada! Toca a abrir-lhe o bico, e enfiar- lhe a comida pela goela abaixo.

Chegou a noite e a pomba, lá, continuou, muito quietinha.

De manhã, quando acordei, fui à varanda e qual não foi o meu espanto... ela já tinha desaparecido!

Bateu as asas...e voou!

A isto se chama liberdade!


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...