terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Teresa e Margarida


Fernanda Reigota


Aquela figura alta e esguia lançava na minha direção um sorriso desenhado pelo lápis da felicidade. O cabelo louro e os olhos verdes sublinhavam a maternidade esplendorosa desta mulher.

Desde o momento em que soube que a Teresa ia ser mãe, nunca tive dúvidas: um dia iria ser testemunha de uma cena como a que hoje tive o prazer de partilhar. No momento em que reconheci Teresa, o meu olhar procurou de imediato a Margarida. E lá estava ela, muito cheia de personalidade: não dá beijos a desconhecidos, mas atira-os com muita convicção e um olhar que obriga a reparar no seu sorriso que tão bem decalcou da mãe.

Não dá beijos, mas seduz com a sua naturalidade. Ativa por natureza, logo foi pedindo ajuda para alcançar a roupa que queria experimentar. Vestiu um casaco, reparou nas mangas demasiado compridas, vestiu outro, mirou as costas para ver como lhe assentava e, ao mesmo tempo, prestava atenção ao comportamento da plateia. O sorriso de Margarida iluminava a cena.






Nesse instante, uma imagem concreta da mulher em abstrato cruzou o meu pensamento. No palco da vida, a mulher joga, com igual mestria, o papel de seduzir e de ser solidariamente afetiva: a história da mulher é uma trança de resiliência e de sedução.

A imagem desta criança de dezoito meses, inconscientemente felizes, acompanhou-me o resto do dia!

Como é importante os filhos e os pais poderem viver em plenitude a sua condição de pessoas incondicionalmente ligadas em liberdade.

5 comentários:

  1. Apetecia-me dizer: tal mãe, tal filha. Muito interessante esta análise duma maternidade que se projeta na infância dum filho desejado em liberdade. Lindo, gostei muito

    ResponderEliminar
  2. Querida Fernanda obrigada pelo seu texto, gostamos tanto...
    Fico feliz ao saber o quão transparente é a minha felicidade pela descoberta da maternidade e o quão feminina se está a tornar a minha a cria. Espero estar à altura de a ajudar a se tornar uma grande Mulher.
    Beijos sorridentes,
    Teresa e Margarida

    ResponderEliminar
  3. Gostei muito do texto. Uma menina é vaidosa por natureza.
    E esta, pela descrição, é uma pérola.

    ResponderEliminar
  4. Se nunca tivesse sido pai, talvez nunca viesse a perceber o fenómeno único, belo e transcendente da maternidade. Este texto espelha isso mesmo. A confirma-lo, o comentário das personagens.

    ResponderEliminar
  5. Só uma sensibilidade artística é capaz de captar toda a poesia que existe numa cena do quotidiano. Texto enternecedor!

    ResponderEliminar

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...