Quem somos


Já não somos meninos, mas sonhamos! Sempre estivemos atentos ao fluir da vida, atentos ao encontro com o outro, atentos às inovações, atentos ao poder da palavra.
Encontrámo-nos casualmente, conhecemo-nos e, incrédulos, começámos a partilhar as palavras que contavam as nossas histórias e as palavras que nos faziam inventar histórias.
Já não somos meninos, mas sonhamos!
No teatro espontâneo da vida, acenámos uns aos outros com a palavra amizade e um grupo nasceu para dar voz às palavras que tínhamos dentro de nós.
Um dia, foi o mundo real do contacto virtual que chamou por nós e criámos este blogue.
E assim nasceu este grupo da Avenida da Escrita, nº 60, Praceta da Vida.

Hoje queremos-te neste grupo, para criarmos uma voz mais forte, uma voz que tenha a ousadia de opinar, a ousadia de discordar, a ousadia de viver e EVOLUIR.

Comunica, integra-te, comenta, contacta-nos, VIVE!


E, porque no grupo cada pessoa tem a sua voz, aqui deixamos os nossos autorretratos.



José Luís Vaz
EU SOU UM LOUCO!
Amo a natureza, os animais, as pessoas…
Revolta-me viver num mundo em que todos os dias se assinam tratados de não-agressão ao ambiente e aos animais.
Em relação às pessoas, o mundo que eu habito, já nem tratados assina. Proporciona-lhes, cinicamente, o bem-estar do consumismo e, sem qualquer tipo de sacrifício, a guerra psicológica e mesmo a mais brutal, a das armas.
O meu mundo, o meu, é o da paz, da solidariedade, da defesa de valores que tenham a ver com o respeito pleno pelas pessoas, pelos seres vivos e pelo ambiente.
Claro que sou louco, porque, inadequado, inconformado, revoltado? Talvez… Mas, como compreender que, neste mundo, ainda existam tantos ditadores que da opressão se servem para se manterem perseguindo os que ousam dizer não?
Como reconhecer a legitimidade a democratas, que da força dos votos se servem, para tudo fazerem, menos aquilo, para que foram eleitos?
Pior ainda, como é possível, haver compreensão para a falta de justiça que nos afronta todos os dias?
Querem que não seja louco?...

  Dores Topete   
                                                                         
 EU SOU O FOGO E A ÁGUA
Posso dar alento, fulgor, posso ir à guerra, mas, também posso ser o oásis no deserto da vida dos meus semelhantes, posso ser o rio que emana no coração e na alma das pessoas, posso ser a água de que o sedento tem necessidade.
Eu sou eu, sou assim…
Gosto de acorrer a apagar incêndios provocados pela solidão, pela doença, pelos problemas das famílias e dos amigos. Gosto de estar lá… Onde é preciso e sempre que necessário.
Também sou, por vezes, a lava do vulcão que tudo derruba à sua passagem, sempre que se trata de defender ideias, acontecimentos, eventos…Gosto de sonhar acordada e, nos meus sonhos, ser tudo o que quero ser e quero ter.
Sou lutadora por natureza, gosto de correr riscos, gosto de finais felizes, gosto de gostar de amar e ser amada, compreender e ser compreendida, gosto da vida.Por isso sou fogo que luta pela liberdade, pelas ideias, pelos caminhos que optamos por trilhar.Sou a água que gosta de apaziguar, dar ternura, paz, serenidade, dar o alento, e, receber tudo isso de volta se possível.
Eu quero ser a água do mar e do rio quando se unem em perfeita comunhão.
Maria Jorge
SOU UM SOLDADO
O QUE FUI, O QUE SOU E O QUE QUERO SER

Abri os olhos para o mundo. Estava um inverno rigoroso neste fim de novembro e em pleno ano de 1947.Tinha acabado a 2ª Guerra Mundial, mas as batalhas estavam aí a espreitar para quando pudesse entrar para as primeiras fileiras. O meu primeiro alistamento deu-se por volta do ano de 1954, tendo como 2º comandante, que na prática funcionava como 1º, uma pessoa rígida, austera, sem capacidade duma palavra amiga para os seus subordinados, mas com uma força de vontade sem limites para que eu continuasse a pertencer ao seu batalhão. E, ao fim de quase um ano, vencemos a primeira batalha. Os dias e os anos foram passando com uma guerrilha aqui, outra acolá, até que em 1965, morreu o 1º comandante. Em todas as suas palestras estava bastante atenta para poder assimilar todos os seus ensinamentos. Apesar de a sua vida ter sido muito curta, o seu percurso marcou-me muito e, para além de todos os seus ensinamentos, deu-me muita personalidade. Jurei a mim própria que, um dia se pudesse, seria igual a ele.
Nesse mesmo ano fui promovida a cabo e comecei a ganhar algum dinheiro. De tempos a tempos ia sendo promovida, até que em 1972, e já como capitão, a convite do meu comandante da altura, tive a oportunidade de ficar como subcomandante de um mini batalhão. Foi um período muito feliz da minha vida, gostava do que estava fazendo, procurando desempenhar o meu papel o melhor que sabia. Em 1974 o batalhão foi aumentado pelo ingresso de 2 soldadinhos.
Os anos foram passando sem grandes preocupações, a guerra colonial já tinha acabado, até que em 1996 e, sem que nada o anunciasse, fui destituída, despromovida e, por conseguinte, desfeito o meu mini batalhão. Com grande mágoa passei à reserva. Foi um período muito infeliz da minha vida, até porque pensava que ainda tinha muito de útil para dar. Levei alguns anos a recompor-me, já que ainda não me considerava velha e, por conseguinte, não fiquei conformada com o que me aconteceu.
Saí das forças armadas e durante anos tive uma ocupação aqui e outra ali nada de relevante. Vivi, mas não fui feliz. O tempo, esse mesmo tempo, passa veloz.

Hoje, já reformada, mas não conformada e com muita tranquilidade, continuo a lutar diariamente, porque estou e quero continuar a estar viva e a ser um soldado da vida.
Julia Sardo
 AUTORRETRATO

Eu sou as estações do ano. Repletas de cores, cada qual com o seu significado.
De qual gosto mais? Não sei. Todas elas têm o seu significado.
Hoje, sinto-me o Inverno.
A cor branca, que é fria, mas transporta-me a momentos de paz.Que bonitos ficam os campos cobertos de neve. As gotinhas de água cristalizadas, com o próprio frio, penduradas nas folhas ou nos ramos das árvores.Os animais furam a neve, nos campos, à procura de alimento.
Por vezes faço um frio gélido, que obriga as pessoas a agasalharem-se, principalmente as crianças e as pessoas mais velhas, que sofrem tanto porque um grande número dessas pessoas não têm com que se abrigar.Mas logo de seguida começo a romper a neve e apareço em cores diversas, nas florinhas que aparecem no campo. Que cores lindas que lhes ponho.
As brancas parecendo o perpetuar da neve, mas logo de seguida apareço com a cor amarela. Flores lindas, luzindo orvalhadas, com os raios de sol a baterem-lhe de mansinho. Parecem ouro sobre a terra.
Os animais, com a minha chegada, preparam-se com grande azáfama a fazer os seus ninhos, procurando nas sebes restos de pelo deixado por outros animais, pondo-o por cima da palhinha, parecendo um edredom.
Outro dia sentir-me-ei a Primavera.
Albertina Vaz
EU SOU...
                      



Eu sou o postigo duma janela

E vivo dentro dela
Na folha dum livro aberto
Que não se esgota
Nem se acaba
E sempre se recomeça
Num grito
Numa cantiga
Numa criança que ri
Ou num velho que se esgota
Num vão do fim de escada


Eu sou uma busca
Uma procura sem fim
Do que começa
E se refaz
Do que termina
E se renova
Eu sou o postigo
Da minha janela
E dele, estreito num abraço,
O que os meus olhos
Alcançam no espaço




Fernanda Reigota




Retrato provisório…
Gosto de rir com cada criança,
Gosto de, em cada um, fazer um amigo.
Gosto de escutar em confiança,
Gosto de me revelar na frase que não digo.

Não gosto do tumulto onde todos falam e ninguém escuta
Não gosto do egoísmo.
Não gosto da escravatura, do abuso, da prepotência,
Não gosto da violência.
Eu nunca fecho os olhos, Estou sempre atenta a uma múltipla presença.
Sei que a vida é esta minha crença.

Eu nunca me sento
Estou sempre em movimento.
Sei que a vida é um instante, minuto a minuto.

Maria da Conceição Cação

Quem sou eu? Onde mergulham as raízes mais profundas da minha árvore? Descendo de reis, de nobres ou, simplesmente, de gente anónima? Pouco importa! A nobreza mais importante é a de caráter.E até onde a memória alcança, posso orgulhar-me dos meus antepassados: gente simples, gente de bem…E aqui estou eu, personagem desta longa narrativa que é a história da humanidade. O que faço aqui? Que papel me foi atribuído neste enredo? Tento compreendê-lo em cada momento. Momentos de pausa, momentos de avanço, suspense, drama… Umas vezes, heroína, outras, personagem secundária. Recuso o estatuto de figurante! Mesmo não conhecendo em concreto os planos do Autor, quero - nortear sempre as minhas ações de acordo com uma convicção : cada vida só ganha sentido, na interação com as demais. Esta complexa engrenagem só funcionará harmoniosamente, se sustentada pela compreensão, respeito, tolerância, fraternidade, solidariedade… Enfim, Amor. 
                                                                                                                                     

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