Júlia
Sardo
Estamos a viver um momento, a nível mundial,
bastante grave.
Esta situação tem consequências muito
nefastas, a nível europeu; logo os que mais sofrem são os países com uma
economia pobre, como o nosso.
Muitas vezes dou comigo a pensar nos mais
jovens; o que será o futuro deles? Terão futuro?
O país está num caos; as médias e pequenas
empresas estão a fechar sem conseguirem ver algo que lhes dê alento e coragem
de continuar a laborar. Fecham as portas e simplesmente dizem aos empregados
que não têm possibilidades de continuar. Dizendo isto aos empregados, alguns
patrões viram-se para o lado e choram, porque muito sofreram para ter aquele
bem, pedindo empréstimos ao banco e agora foi tudo destruído; os seus sonhos e
o futuro dos seus filhos. Assim ficam tantas fábricas fechadas, algumas com matéria-prima
que ainda lhes dava margem para laborar mais algum tempo.
Todos os dias encerram postos de trabalho,
deixando tantos agregados familiares sem possibilidades de pagarem os encargos
a que se tinham comprometido.
Esta quantidade de desempregados começa a ser
preocupante: o que podem as famílias fazer para dar de comer aos filhos; como
lhes podem comprar os bens essenciais? A solução para alguns tem sido a Cáritas
dar-lhes as refeições. Segundo as estatísticas, todos os dias aparecem mais 350
para comer. É arrepiante.
O que poderão fazer as centenas, senão
milhares, de jovens licenciados que andam à procura de uma ocupação, para
poderem sobreviver e, assim, deixarem de dar canseiras aos pais? E estes que
foram tão sacrificados ao longo dos anos que eles andaram a estudar!
Estes jovens não veem luz ao fundo do túnel,
nem sequer uma oportunidade para ficarem no seu país. Não têm outra alternativa
senão pensarem na emigração. Tentarem a sua sorte, noutros países, fora ou
dentro da união europeia.
Tantas famílias que se estão a desintegrar
devido à necessidade de emigrarem à procura de oportunidades que não têm no seu
país de origem.
Claro que já se passaram momentos de grandes
necessidades no nosso país, e houve muita emigração. Mas nesse tempo as pessoas
que emigravam iam à procura duma situação melhor para a sua vida e da sua
família, porque sempre viverem muito mal e com muita pobreza; portanto,
qualquer emprego que arranjassem era muito bom.
Hoje não; os jovens, que são obrigados a
emigrar, viveram no seio de uma família que tentou dar-lhes, com ou sem
sacrifícios, uma vida boa e estável.
Com esta emigração perdem-se os valores de
união, de família, que são tão necessários à educação dos seus filhos, quando
conseguirem formá-la.
Além disso, perdem-se grandes talentos que
são aproveitados pelos países de acolhimento.
Os jovens que emigram para outros países,
mesmo que seja o mais longínquo, tentam fazer a sua vida, com muitos
sacrifícios. Quantas refeições ficarão por fazer, por não terem possibilidade
monetária. Quando têm a sorte de se relacionarem ou de conhecer outros jovens
na mesma condição, lá arrendam uma pequena casa, que geralmente é velha e sem
condições, e assim partilham as despesas.
Mas quantos, antes de isso acontecer, comem
um pão, sentados num banco de jardim, regado com as lágrimas que teimam em
correr, ao lembrarem-se do aconchego da casa dos pais. Que boa refeição deviam
estar a fazer naquele momento… E que quentinhos deviam estar; assim, adormecem
até acordarem com os ossos enregelados.
Penso muitas vezes, com apreensão, no futuro
dos meus netos. Será que, no momento em que precisarem de oportunidades para
organizarem a sua vida familiar, continuarão a sentir estas dificuldades?
Que Deus os proteja e que
os homens, que têm o poder na mão, sejam mais inteligentes.
Uma reflexão demasiado profunda que não deixa indiferente quem a partilhe. Coloca-nos inúmeras questões sem solução à vista. Neste momento as questões económicas sobrepuseram-se às pessoas e esquecemo-nos de que sem pessoas não se constroem sociedades. E sabemos todos que o trabalho é um fator determinante da realização humana: sem ele uma parte de nós fica inacabada.
ResponderEliminarGostei muito do seu texto. É muito interessante constatar que todos nós refletimos, no que escrevemos, grandes preocupações sociais. O mundo está ao contrário! As pessoas têm que deixar de ser escravas dos números e esses, que terão sempre que existir, deverão servi-las.
ResponderEliminarJúlia, o seu texto também faz eco das minhas preocupações. Vamos continuar a dar voz à nossa angústia.Aí reside a nossa esperança. Eu acredito no poder da palavra!
ResponderEliminarAida Viegas 8 de Abril de 2013
ResponderEliminarSempre gostei de "Pensar Alto" e partilhar o meu pensar. Repartimos e ficamos mais ricos.
É bom ouvir (ler) o que os outros pensam.
Obrigada pela partilha.