Mostrar mensagens com a etiqueta Clavel. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Clavel. Mostrar todas as mensagens

domingo, 19 de abril de 2015

O OLHAR QUE NÃO ESQUECE

Clavel 


Os animais manifestam sentimentos, pelos movimentos do corpo e pelo olhar. Lembro a fidelidade do “Boris” um boxer que, na sua irrequieta aflição, chorava quando pressentia passos de saída da porta principal da casa. Ele lia os mínimos gestos, gestos que indiciavam a partida, em breve...
Bastava que o saco fosse deixado nas proximidades da entrada na casa para ele saracotear os seus nervos. Ziguezaguiar a elasticidade dos quadris. Adensar a sombra lânguida do olhar.
Cada pessoa é o seu olhar.
Como nas sentinelas que fazem parte do quartel guardado, os olhos são instrumentais e integradoras da alma. Neles se reflete a essência e virtualidades da alma. Olhar é manifestação explícita da vida. Com a extinção  da vida fecha-se para sempre  a cortina que comanda o olhar.
Cada pessoa é o seu olhar. Além de ver dá que ver. Penetrar no olhar de alguém é aceder à raiz mais profunda do seu ser.
Pelo olhar se chega ao labirinto do cardume de pensamentos que nomadizam na mente.
Pelo olhar se transmite a mais convincente nostalgia, a saudade, a tristeza, a alegria, a inquietação, a esperança, o cansaço, o prazer, a dor, a raiva, a ameaça, o ódio, a ternura, o amor, a paixão, a compaixão, o desespero, a esperança e por aí adiante.
O olhar quando terno é doce, envolve e adoça quem o contempla e o sabe entender.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

INCITAMENTO

Clavel

Não percas tempo à procura da verdade

É excessiva a poalha da informação
que por abusiva e prolixa
cria notável confusão.
Ninguém vê claro as estradas do amanhã
Ninguém sabe se mora ou não
uma gorda lagarta
no coração rosado duma maçã.

Não percas tempo à procura da verdade
porque nem ela sem máscara
entra nas portas da cidade.
Não te guies pelas barreiras do medo
que te inibem do caminho certo;
usa a intuição
onde podes adivinhar os limites do horizonte
e saber de que fogo nasce o vento.

É bom conhecer o fogo de que o vento nasce
que nunca perde, e jamais se perde.
Segue o vento sem medo,
não evites as mãos do vento que lavam a face
da bandeira da  liberdade
e continua a proclamar vitória.

Clavel ©2015,Aveiro,Portugal

terça-feira, 10 de março de 2015

PALAVRAS QUE EU GOSTO

Clavel


Gosto de palavras alegres, com raiz dirigida à seiva
que rejuvenesce o chão;
palavras de húmus e luz, que sejam na leiva
prova da sementeira e canção,
palavras que abram sorrisos e meiguice,
que drenem o sonho, a aventura
e, com fartura, imponderada dose de patetice.
Gosto dos verbos semear, nascer, crescer, florir, frutificar
que evocam o trilho da máquina a perfurar.
Gosto dos substantivos: libido, beijo, seio, mamilo, peito,
que dão conteúdo e saúde ao verbo namorar
por acaso ou com respeito, consoante a moda.
Gosto do engenho e do vocábulo moinho
em que pedra sobre pedra roda                            
Gosto de ter sede...
e mói e remói sem rodar contrafeito
sem perguntar ao grão se magoa muito
ou se goza poucochinho.
Gosto do perfume do rosmaninho
sem ofensa de outras flores e da rosa
ao sopro da brisa que ameniza o calor.
Gosto de ter sede e beber água e vinho
com euforia e a prosa
de um convincente sedutor.
Gosto de subir, subir bem alto, ao cume,
ficar na harmonia da liturgia da poesia
em sintonia com rimas de filosofia
viver o encantamento, a folia e a fúria do mar
e a mansidão da ria, alongada, a meditar.
Gosto de cumprir a promessa na romaria
com sumo de melancia e doce de aletria.
E, na vez de problemas de geometria,
que obrigam muito a matutar,
gosto do melro na folhagem do azevinho,
a refazer o ninho
com o jeito e o direito herdados da mãe.
Gosto das palavras alegres.
Porquê? Não aposto. Não sei de quem.
São palavras que eu gosto.




Clavel ©2015,Aveiro,Portugal

sábado, 14 de fevereiro de 2015

INTERROGAÇÃO

Clavel
Com que flores adornarei o teu corpo
Com que palavras farei poesia para que sintas que o sol é quente
Com que fogos o olhar acenderei para te amar,- que nunca é tarde ?
Com que cores pintarei o caminho duma estrela cadente
Com que risca o céu em ímpetos de fogo, e caindo arde?

Com que flores adornarei teu corpo macio e ardente
Com que me alimentas a paixão e induzes a saudade ?
Com que água meus lábios dessedentarei na nascente
Com que cantarei a melodia da canção liberdade?

Com que pedras construirei segurança do castelo
Em que  impedirei a entrada da injustiça e da maldade?
Com que armas e ferros conquistarei o tosado velo
Com que me hei-de vestir de  tamanha felicidade?

Procuro a paz em que deporei o desejo profundo
No altar do sacrifício em que se purifique o mundo.

Clavel ©2015,Aveiro,Portugal
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...