domingo, 5 de maio de 2013

Mãe


Albertina Vaz

Não há mais nada - nem ninguém.
É um sonho, é um sopro, é um grito! É um ser pequenino – saído de dentro de ti – quando tudo à volta parece ter parado: e parou mesmo. Não há mais nada – nem ninguém. Tudo gira à volta de um querer que transforma um amor – de dois em três – de três em quatro…
Depois, depois é um susto: estará bem, que terá acontecido, que fez desta vez? Mas é também um olhar sereno, uma corrida à beira-mar, um aprender, um partilhar, um dar, um acreditar, um fazer crescer.
Os primeiros passos: os sapatos que se guardam, as letras que se aprendem, as palavras que se escondem, a gaivota que voa no espaço, as canções! Sim, as canções que se cantam numa roda – redonda – com gargalhadas soltas no vento.
Um deixar cair e saber que vai cair. Um estar ali: levantar do chão, apertar junto ao peito, continuar a caminhar. Olhar um voo arriscado e sentir o coração pequenino, a apertar, a doer – querer dizer não, quando se sabe que não vai dar certo, e abençoar a queda.
Ser o tapete que amortece; ser a casa que sempre acolhe; ser a mão que sempre se estende. Um adeus, um até logo, um até sempre!


E quando nada mais resta um querer que continues dentro de mim, minha mãe!


13 comentários:

  1. Tantas verdades, dentro de palavras tão lindas!
    Obrigada, Albertina, por mais um texto maravilhoso. Bj

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  2. Sempre o sonho, sempre a certeza, sempre a partilha, sempre o estremecimento, sempre mãe...
    Este deslumbramento vivido todos os dias, um dia para o celebrar.
    Obrigada, Albertina, por este texto da palavra certa.
    Um abraço para todas as mães!

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  3. texto criado com profunda emoção, com sensibilidade à flor da pele.
    bonita homenagem neste dia da mãe.
    gm

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  4. Da mãe que sonha à mãe saudosa. Um percurso, uma vida, uma magia. Uma autora suspeita, a mãe dos meus filhos. Um beijinho.

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  5. Que lindo texto, Albertina. As palavras certas nos sítios certos. Obrigada pela beleza que me soube transmitir.

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  6. Depois de ler alguns textos, fico tão comovida que não tenho palavras para comentar.
    Este... tenho apenas para dizer que é verdade com uma grande ternura. Obrigada Albertina

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  7. Uma filha só compreende o papel da mãe depois de o ser, depois de conhecer a beleza, a dor, o susto, a maravilha constante que é estar deste lado...
    Eu tive e tenho a sorte indescritível de ter uma mãe fabulosa, que com as suas qualidades e defeitos, é a melhor do mundo, como aos olhos dos seus filhos todas as mães deveriam ser.
    Mas tive e tenho outra sorte ainda: a de contar, quando a distância e o dia-a-dia me separam da minha, com o carinho e o amparo de outra mãe que desde o momento em que, pela mão do seu filho entrei na sua vida, me tratou como filha: a autora deste texto fabuloso!
    Já o disse de outro autor, mas o dom dos grandes escritores é conseguir com as suas palavras dizer o que não conseguimos com as nossas, e por isso...
    Obrigada!

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    Respostas
    1. Alexandra é muito bonito reconheceres que há sogras que são também as nossas mães. Tal como tu, tive uma sogra que foi uma verdadeira mãe para mim. Amou-me e acarinhou-me incondicionalmente. E, cada vez que o tempo vai passando, vou tenho mais saudades dela...e hoje o que não daria para a ter ainda ao pé de mim... de certeza que a minha vida tinha sido muito diferente.

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    2. Concordo a 100% com a temática das sogras, mas esta conversa fez-me recordar um episódio da nossa lua de mel em Cuba... Lá, um cubano com a finalidade de nos descansar em relação a possíveis animais perigosos tipo cobras, disse-nos: "no te preocupes! En Cuba lo animal mas peligroso es lá suegra!"
      Beijos à minha!

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    3. Eu sabia que um dia te punha a participar neste blogue. Fico muito feliz por saber que foi desta. Agora espero a colaboração futura.
      Se alguém ainda tivesse dúvidas hoje percebia que na nossa família já somos nove.
      Para quem não sabe a Alexandra foi das pessoas que mais me incentivou a desvendar o que ia escrevendo. E agora aí está: já não posso voltar atrás.

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    4. Também eu fico muito feliz por ver mais uma vez o Daniel por aqui. Agora vem a Alexandra.
      Muito bem, só faltam as pequeninas, mas o futuro está aí muito próximo.
      Estou a gostar muito.

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