Graciete
Manangão
Maria estava prenhe de palavras.
Há vários meses, não sabe bem desde quando, o pensamento
e a realidade andavam enredados. Enlaçados e em luta.
As palavras revolviam-se nas entranhas, sem nexo ou forma
definida. Por vezes, não conseguia articular uma simples frase.
Mas não queria desistir de criar.
Maria estava prenhe de palavras |
Aos poucos, de dia para dia, algo ia ganhando corpo e
sentido.
Os sonhos sobrepunham-se à realidade. E cresciam,
cresciam, até fazer doer a alma.
Maria desejava sentir os batimentos daquele estranho coraçãozinho.
As noites e os dias foram correndo.
Maria queria muito que o sonho se tornasse realidade.
Queria ser a protagonista do acto de criar. Desejava construir, materializar
uma vida. Dar forma definida a algo quase indefinido, mas avassalador.
Até que numa noite de lua cheia, fecunda e inspiradora,
após algumas horas de maior sofrimento, deu à luz a personagem toda inteirinha,
que alimentara dentro de si.
Uma história, uma vida repleta de sentidos e de
sentimentos acabara de nascer.
Tinha conseguido.
Que felicidade, Maria!
Pegar num pincel e cruzar um texto de fio a pavio. É essa a aventura, é esse o sonho da leitura: descobrir a tela que vai surgindo.
ResponderEliminar"Maria estava prenhe de palavras" e fê-las crescer dentro de si até transbordarem: podia ser num livro, numa revista, num blog! Mas Maria queria mais, muito mais: Maria queria que as suas palavras nascessem, crescessem e desflorassem em plana luz do dia.
ResponderEliminarParabéns Graciete, pela ideia, pelo texto e pela forma como está a expôr-se neste blog.
Que bela forma de começar um texto. Não há dúvida que o texto vai desenvolvendo, crescendo até ser escrito. Obrigada pela participação.
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