terça-feira, 12 de março de 2013

O PARTO

EVOLUIR agradece este texto para publicação
Graciete Manangão

Maria estava prenhe de palavras.

Há vários meses, não sabe bem desde quando, o pensamento e a realidade andavam enredados. Enlaçados e em luta.
As palavras revolviam-se nas entranhas, sem nexo ou forma definida. Por vezes, não conseguia articular uma simples frase.
Mas não queria desistir de criar.                                                                             
Maria estava prenhe de palavras
Aos poucos, de dia para dia, algo ia ganhando corpo e sentido.
Os sonhos sobrepunham-se à realidade. E cresciam, cresciam, até fazer doer a alma.
Maria desejava sentir os batimentos daquele estranho coraçãozinho.
As noites e os dias foram correndo.
Maria queria muito que o sonho se tornasse realidade. Queria ser a protagonista do acto de criar. Desejava construir, materializar uma vida. Dar forma definida a algo quase indefinido, mas avassalador.
Até que numa noite de lua cheia, fecunda e inspiradora, após algumas horas de maior sofrimento, deu à luz a personagem toda inteirinha, que alimentara dentro de si.
Uma história, uma vida repleta de sentidos e de sentimentos acabara de nascer.
Tinha conseguido.
Que felicidade, Maria!


3 comentários:

  1. Pegar num pincel e cruzar um texto de fio a pavio. É essa a aventura, é esse o sonho da leitura: descobrir a tela que vai surgindo.

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  2. "Maria estava prenhe de palavras" e fê-las crescer dentro de si até transbordarem: podia ser num livro, numa revista, num blog! Mas Maria queria mais, muito mais: Maria queria que as suas palavras nascessem, crescessem e desflorassem em plana luz do dia.
    Parabéns Graciete, pela ideia, pelo texto e pela forma como está a expôr-se neste blog.

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  3. Que bela forma de começar um texto. Não há dúvida que o texto vai desenvolvendo, crescendo até ser escrito. Obrigada pela participação.

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