terça-feira, 7 de janeiro de 2014

LINHAS DISPERSAS

EVOLUIR agradece ao autor o envio deste texto para publicação






Ah, velho pescador,
de barba sem cor
Se tu me pudesses dizer
O que a vida me reserva…
Águas mansas, onduladas
Sem fim
Estais tão longe
E tão perto de mim!
Estais próximas
Mas tão inacessíveis às minhas mãos…
Sois como a felicidade
Que, estando sempre à nossa volta
É tão difícil alcançá-la!
Que linda gaivota
Graciosa  e esguia
Está à minha frente!
Activo vem até mim
o odor fresco da maresia.
E os iates balouçando docemente
Dir-se-iam berços  que o mar dolente
Embala e afaga…
Ah, pescador,
Se tu pudesses adivinhar
O meu destino
E acabar com este desatino!

15-3-1967

Graciete Manangão ©2014,Aveiro,Portugal

4 comentários:

  1. "Linhas dispersas" são palavras que não podem ser guardadas em gavetas nem escondidas em papéis soltos onde ninguém os lê. Neste poema eu revi a angústia dum futuro desconhecido que num momento se tornou presente. Gostei muito

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  2. O pescador de barba sem cor, a água, o mar ondulante, o odor fresco batido pelo iaiô dos iates, a solicitar o enjoo provocado pela náusea de um futuro inseguro.Um belo quadro de que gostei muito.

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  3. Ao ler esta poesia fui visualizando o ondular das águas, fazendo baloiçar os barcos. Gostei da imagem que tive. Gostei muito desta poesia.

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  4. Um belo poema ditado pela saudade que ondula nas águas mansas da memória agitadas pela angústia da incerteza.

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