quarta-feira, 20 de março de 2013

MEU PAI


EVOLUIR agradece este texto para publicação


Aida Viegas



Para mim foste luz e ainda brilhas


                O meu Pai era bom por natureza
           Era homem de grande coração
           Trabalhou sempre p’ra ganhar seu pão,
           Para que nada faltasse à sua mesa  

           Raramente em seu rosto, vi tristeza.

           Era simpático e folgazão.

           Amava o bem, a verdade, a razão,
           E sempre lutou, contra a pobreza.
           Ele era moderado e paciente,
           Amigo da esposa e das filhas.
           E, ao ver-nos crescer alegremente,
           Para nós, só sonhava maravilhas.
           Lembro-te Pai, saudosa e docemente,
           Para mim foste luz, e ainda brilhas.



 
            .
          

terça-feira, 19 de março de 2013

O meu Pai!


EVOLUIR agradece este texto para publicação

                                                                                 Daniel Vaz

Dei de caras contigo...
Foi a 27 de junho de 1976 que te conheci!
Mal saí para ver o mundo dei de caras contigo, e quase me afoguei na baba…
Não sabia ao certo quem eras, mas depois comecei a perceber tudo! Havia uma mama que me dava leitinho… e tu estavas sempre lá ao lado!
Pouco tempo depois comecei a ter outra perceção da realidade. Afinal aquela mama tinha uma mãe por trás a quem davas muitos beijinhos, e fazias palhaçadas para eu rir… Eu ria, mamava, voltava a rir, e voltava a mamar! Uma vida cansativa à qual tu adicionavas os beijinhos e os miminhos que me sabiam tão bem.
Ensinaste-me a cair....
Até que um dia fui para a escola!
Tinha que descrever o corpo, as casas e “outras coisas que não me apetece dizer agora…” mas tiveste muita paciência e ajudaste-me a crescer para vir a ser aquele menino que metia a mão na panela da sopa à procura das batatas e que fazia marcha atrás em direção a um balde de tinta!...
Adorava andar de bicicleta e tu ensinaste-me a cair… e a levantar-me também!
Muitas corridas deste atrás de mim, mas até certo ponto acho que era eu quem te punha em forma!


domingo, 17 de março de 2013

AHI MATE




EVOLUIR agradece este texto para publicação



Susana Ramos
 

No mais profundo silêncio, na escuridão mais abjeta
Das entranhas do fim do mundo, lava a alma um poeta.
 
A luz há muito se foi...não há vela que não se apague
Quando digo que 'nem há lua', testemunho um milagre. 
E é à luz dela que agora, no chão frio me deito e escrevo
Sem saber como dizer...coisas que penso e não me  atrevo. 
Em mil pensamentos me afundo, para um só me resgatar
Não há visão neste mundo, mais bela que o teu olhar. 
Será apenas fantasia? Ou a minha imaginação?
Não conseguem ver os olhos o que sente o coração. 
Na solidão deste devaneio, sob a atenta luz do luar
Tento em vão sonhar sonhos que jamais se irão consumar. 
Eu paro...repenso um plano, de seguir sem olhar p'ra trás
Mas há coisas neste mundo que me tornam incapaz. 
Oscilo entre ideais, não tenho nada nem tudo 
Eu estranho, pergunto ao céu...ele fica quieto e mudo. 
Ó Deus! Entidades divinas! Se não é este desígnio vosso
Dai-me cá uma ajudinha, que esta noite estou que nem posso!
E vós que haveis lido, estas linhas que a pérfida lucidez abate
Escreveu-as Susana Ramos, numa noite de AHI MATE!


Díli, 18 de Fevereiro de 2013
Professora/Consultora no Ministério da Educação de Timor-Leste

sexta-feira, 15 de março de 2013

O Meu Herói


EVOLUIR agradece este texto para publicação

Margarida Pinho
Não voas,
Não aniquilas os teus inimigos,
Não tens poderes.
Não tens aquele talento utópico
Tão corrente nas BD.
Sim, és real
No entanto, tão singular…
Tão exótica…
Tão excecional.
É-me dificil compreender a tua audácia
É-me difícil compreender a tua audácia,
Aquele teu ímpar jeito para a missão que te foi indicada:
A missão de ser mãe.
Seja num terno abraço que nos permite voar
Para além de qualquer infortúnio,
Seja quando me proteges com garra,
Seja quando adquires o poder de me perdoar.
Não tens aquele talento utópico
Tão corrente nas BD.
E se o tivesses, servia para quê?
Para mim, por mais virtudes que pudesses abarcar,
Superarias sempre aqueles que usufruem de uma capa para voar.

quinta-feira, 14 de março de 2013

A razão para escrever um texto



José Luis Vaz

Em pouco tempo e quase sem me aperceber, descobri, nesta fase da minha vida, mais um prazer: escrever. Integrado num grupo de escrita, as nossas experiências de vida são revividas com o entusiasmo de quem quer contar uma história que muito nos diz. E assim se começa uma atividade que julgávamos estar só ao alcance de alguns.
As minhas emoções passam para o texto com a mesma facilidade com que a memória de acontecimentos antigos me faz reviver tristezas, alegrias e tantas saudades daqueles que tanto amei.
Um dia, o desafio era fazermos um texto que refletisse grande tensão psicológica realçando, naturalmente, as alegrias e tristezas inerentes a essa situação. De imediato, tive a certeza do que iria escrever. Há marcas, momentos vividos, situações duras, que julgamos arrumadas no nosso cérebro, só para recordar, quando, com alguém muito íntimo, decidimos partilhar. Mas, pensei alguns dias, sobre a forma como iria fazer o meu trabalho e cheguei à conclusão que me tinha precipitado, porque era impossível, escrever uma pequena história com o assunto que me propunha abordar. Tratava-se de rebuscar nos armários do pensamento um acontecimento que muito tinha para desenvolver e que, ainda por cima, tanto me dizia.

terça-feira, 12 de março de 2013

Vivências da Luisinha


Júlia Sardo

Luísa era uma menina de cinco anos. Era gordita, de pele branquinha, loira e olhos azuis. Era filha única, muito amada pelos pais. O pai, quando a mostrava aos amigos, mostrava um orgulho tão grande que os olhos brilhavam.
Andava sempre cuidadosamente vestida, com vestidinhos bem alegres que a mãe lhe fazia. Laçarote na cabeça, branco ou de seda às riscas coloridas. Eram tão lindas essas fitas…
A Luísa tinha um carinho muito especial pela sua avó paterna, que além de ser avó, era também a madrinha. De forma que estava sempre ansiosa que a avó viesse passar o fim de semana a casa. Ela trabalhava numa empresa e vivia lá durante toda a semana.
Ora, por infelicidade, a mãe da Luísa apanhou uma tuberculose; doença muito contagiosa que, nessa época, existia com bastante intensidade. As pessoas que a contraíam, ou tinham de se afastar ou, então, toda a louça, onde eles comiam, era fervida e as crianças eram afastadas.
Pois foi o que aconteceu à Luísa. Foi viver uns tempos na empresa onde trabalhava a avó. Claro que ela sentia muito a falta da mãe, mas como se sentia bem junto da avó, a saudade era atenuada.
A menina brincava todo o dia, andando atrás dos patos, que corriam por baixo das mesas, onde era posto o bacalhau a secar, em dias de vento. Aproveitava e ia procurar os ninhos onde as patas punham os ovos. Era uma alegria quando encontrava algum. Eram retirados cestos cheios, todos os dias.
Luisinha, como era chamada carinhosamente pelas pessoas amigas, conhecia todos os cantos naquela empresa. Cada armazém tinha um nome: o armazém do peixe sujo, porque era nesse armazém que ia ser lavado nas tinas, e posto em pilhas para ir escorrendo.

O PARTO

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Graciete Manangão

Maria estava prenhe de palavras.

Há vários meses, não sabe bem desde quando, o pensamento e a realidade andavam enredados. Enlaçados e em luta.
As palavras revolviam-se nas entranhas, sem nexo ou forma definida. Por vezes, não conseguia articular uma simples frase.
Mas não queria desistir de criar.                                                                             
Maria estava prenhe de palavras
Aos poucos, de dia para dia, algo ia ganhando corpo e sentido.
Os sonhos sobrepunham-se à realidade. E cresciam, cresciam, até fazer doer a alma.
Maria desejava sentir os batimentos daquele estranho coraçãozinho.
As noites e os dias foram correndo.
Maria queria muito que o sonho se tornasse realidade. Queria ser a protagonista do acto de criar. Desejava construir, materializar uma vida. Dar forma definida a algo quase indefinido, mas avassalador.
Até que numa noite de lua cheia, fecunda e inspiradora, após algumas horas de maior sofrimento, deu à luz a personagem toda inteirinha, que alimentara dentro de si.
Uma história, uma vida repleta de sentidos e de sentimentos acabara de nascer.
Tinha conseguido.
Que felicidade, Maria!


domingo, 10 de março de 2013

Mulher


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Aida Viegas


Ama sem limites
Tem como bandeira a tolerância
Tem capacidade de alerta permanente
Está pronta para uma total entrega
Espera incondicionalmente
Mas tem na alma o grito da liberdade
Acredita cegamente na mudança
Crê firmemente no amanhã
Procura o sentido da justiça
Dá sempre o benefício da dúvida
Busca a ilusão onde ela se perdeu
Sofre calada para lá do que é racional
Sufoca a raiva até à exaustão
Mas tem na alma o grito da liberdade.



sábado, 9 de março de 2013

Saudade

                                                      


José Luís Vaz
Aproxima-se o dia 9 e o que gostaria de poder estar contigo para falarmos, rirmos e recordar tempos passados e voltarmos a falar e a rir… Acompanhas-me no dia-a-dia, nunca te esqueço, mas nestas datas, gravadas no nosso consciente, as memórias avivam-se num crescendo de saudade, como algo que muito queremos apanhar, mas nunca conseguimos tocar. É como a água da fonte que tanto desejamos, mas está tão funda que não lhe chegamos. As saudades, repletas de recordações, sobram-nos então, para a elas nos agarrarmos com a força, que nunca se esgota, quando, com toda a intensidade lutamos pelo que mais amamos
Saudade
Recordo os longos serões em que, já altas horas da noite, arrastávamos as nossas vozes de cansaço. Tínhamos sempre que pôr a conversa em dia. O prazer de estarmos juntos era recíproco. Os nossos filhos, os nossos pais, a nossa família, e outros assuntos das nossas vidas, eram dissecados de fio a pavio. Recordações, novidades, tudo constituía motivo para conversarmos incessantemente. Era assim a partilha do nosso tempo, sem pressa, com alegrias ou preocupações, mas sempre, numa atitude cúmplice e amiga. Tanto que falámos e tanto ficou por dizer!

sexta-feira, 8 de março de 2013

Já foste menina.


Albertina Vaz
Já foste “ Menina de olhar sereno” com Ary, encantando quem contigo se cruzava; mote de mil poemas que se cantam, numa noite, ao brilho da vela ou num campo à luz do luar; causa de disputas e guerras que derrubaram impérios e destruíram mundos; já foste “flor sem tempo” e papoila num campo de trigo ou girassol em frente ao mar.
Já foste menina
Já foste menina prendada tocando piano e bordando linhos em noites infindáveis ao calor da lareira; já foste criança-menina cobiçada por olhos sedentos dum homem qualquer.

E também garota de olhar matreiro, de pernas soltas no vento a correr na areia da praia, a procurar o oásis onde a areia se transforma em água e a água é fonte de vida - garota dos cantos de sereias e das risadas que se desprendem em noites de lua cheia.
Já foste menina de vestido cor-de-rosa e lacinhos de cetim, menina de olhar doce e embalo de boneca, menina de brincar às cozinhas e passear carrinhos, menina de correr no jardim e de sonhar flores imaginárias ou pássaros de mil cores.
Depois assomaste à janela com Gedeão e chorámos contigo em “lágrima de preta” e foste “mulher da erva” com Zeca Afonso, e mãe com Pessoa, chorando “o menino de sua mãe”. E deram-te o nome de “Rainha” de Neruda e provaste o “amor errante” de Alegre…
Depois foste mulher, mãe, escrava da vida, Luísa na “Calçada de Carriche” de Gedeão; filha chorando a mãe com Drummond de Andrade - “Sempre”; já te sentiste traída como conta Eugénio de Andrade – “Poema à Mãe”; já foste saudade com José Jorge Letria - “Quando eu for Pequeno”.
E soubeste ser “Nini dos meus quinze anos” com Paulo de Carvalho e cantaste “Os amantes com Casa” de Joaquim Pessoa e a “Ternura” de Mourão-Ferreira mais o “Porquinho da Índia” de Manuel Bandeira. Depois acabaste por ser o “Meu amor, meu amor, minha estrela da tarde” de Ary dos Santos.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Juventude, sempre!


Evoluir agradece este texto para publicação
Maria Sílvia Paradela


Sim, em mim ausculto a juventude ainda;
Esse ruje-ruje abrindo o entendimento,
Ditando mudanças para o dia a dia…
(Como se enviadas para meu contento,
Venham espargir paz no meu interior).
Rejeita meu espírito a escuridão,
E bebe a vida num lindo pôr-do-sol
Louvando – encantado – real sedução!
"A velhice é apenas a preguiça de ser jovem"- Anónimo

Das aves seu canto sorve ao acordar,
E o perfume das flores o arrebata,
Maila chuva caindo quando sonorosa,
Maila noite estrelada com luar de prata!
Ser jovem é amar a simplicidade,
Ser jovem é caminhar seguindo em frente,
Pois juventude é ter n’alma claridade,
Vendo em cada dia o mais belo presente!!!

segunda-feira, 4 de março de 2013

EMOÇÕES


Maria Jorge

Durante muitos anos, Maria viveu num apartamento em que, por necessidade, fechou as varandas, transformando-as em mais espaço aproveitável.
Quando a sua vida se modificou e ficou sozinha, deram-lhe uma cadela, ainda bebé, para lhe fazer companhia.
Foi então que se iniciou uma vivência a duas. Maria levava a Becky à rua para o seu passeio higiénico duas vezes por dia. Como era de pequeno porte, habituou-a a andar sem trela e sempre do lado de dentro do passeio.  Maria e Becky foram amigas inseparáveis durante quinze anos e meio. Por graça, mas com muita seriedade, costumava dizer que era a sua sombra. Sabia quando a dona saía para trabalhar e, portanto, ficava sozinha em casa. Quando chegava o fim de semana já podia sair e passear de carro: era altura de estarem sempre juntas. E como ela sabia tão bem o que se iria passar…Uma não vivia sem a outra. Partilhavam todas as emoções fossem de tristeza ou de alegria. Becky era a sua confidente e como lhe era fiel !!! Se Maria não estava bem psicologicamente, Becky dizia-lhe, à sua maneira, para não ficar triste não saindo do redor dela; se por algum motivo Maria chorava, pedia-lhe colo e secava-lhe as lágrimas, lambendo-lhe a cara. Quando, por qualquer problema de saúde, Maria tinha de ficar retida na cama, ficava ali sem perder, por um instante, a sua dona. E como ela se deliciava, toda enroscada no seu colo a verem televisão …E na cama? Faziam cadeirinha as duas.

domingo, 3 de março de 2013

Voar em V


Fernanda Reigota


Olho para a primeira imagem do blog EVOLUIR e fixo a palavra EVOLUIR, mentalizando o respetivo conceito que tanto prezo, e, alternadamente, a progressão em V das aves que evoluem, sabendo com precisão o que desejam alcançar. Esta forma de voar sempre me fascinou.
de onde retirei o seguinte:

“A estratégia é inteligentíssima e produz uma economia fundamental para pássaros migratórios que precisam percorrer distâncias longas. Trata-se de uma questão de aerodinâmica: quando a ave que encabeça o bando bate as asas, vencendo a resistência do ar, forma-se, atrás dela, um vácuo que ajuda as outras a planar por mais tempo e com menos esforço. Observando no céu uma formação dessas, você perceberá que o animal que vai na frente bate as asas muito mais intensamente do que os que vêm atrás. E tem mais: para não cansar o líder, eles se revezam nessa posição dianteira. Há muito tempo os cientistas suspeitavam que a aerodinâmica beneficiava a formação em V, mas só conseguiram comprovar esse efeito recentemente, graças a estudos conduzidos pelo biólogo Henri Weimerskirch no Centro Nacional de Pesquisa Científica de Villiers, em França.
Ele descobriu que o batimento cardíaco de pelicanos voando em V era menor do que quando estavam em terra. Isso foi possível graças à instalação de pequenos monitores cardíacos nas costas das aves, treinadas para perseguir a luz de uma aeronave. O monitoramento mostrou que os pelicanos que seguem o líder economizam até 14% de energia.”
A escolha da fotografia de apresentação deste Blog é, no mínimo, singular! Ou será uma sincronicidade?

sábado, 2 de março de 2013

Sem hesitação


Maria da Conceição Cação

Não Matarás – o 5º Mandamento é aquele que mais respeito, que mais temo, como se a mão divina, quando o gravou, a fogo, nas tábuas da lei, o tivesse inscrito também, de forma indelével, no meu coração.
Reconhecendo a imagem de Deus em toda a Criação, é com imensa alegria que observo na minha neta sinais da mesma sensibilidade perante a Natureza. Caracóis que surjam a percorrer os caules das suas plantinhas e se preparem para acrescentar rendilhado às folhas, corajosas sobreviventes do inverno, são por ela removidos; mas levados carinhosamente até ao parque mais próximo, onde, acredita, têm direito a viver tranquilamente. Estende estes gestos delicados a todos os animais, incluindo insectos e até aos próprios ratos, que se apressa a libertar sempre que vê algum que, seduzido pela isca, estrebucha na ratoeira

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

CERTO DIA AO ACORDAR


EVOLUIR agradece este texto para publicação

Maria Sílvia Paradela



Certo dia ao acordar,
Ouço sons de mim estranhos:
Serão aves pelo ar
Batendo asas a voar?...
Ou do campo balem anhos?
O Sol ‘inda não raiava
Nascera o dia cinzento;
Do portão abri a aldrava,
Vi que o silêncio pairava
Abraçado à voz do vento.
Perguntei ao vento agora
Se trazia algum recado.
Respondeu-me sem demora:
– Trago de Deus uma escora
Para deixar a teu lado.
E assim, como por magia,
Senti descer um presente
Que em minh’alma imprimia
Fascínio p’la poesia
A caminho do poente.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A PROBLEMÁTICA DO F


  José Luís Vaz



Sou furioso, mas fui facilmente desafiado para fazer façanha fabulosa, formidável, fantasiosa, pela filologista Fernanda que freneticamente nos força a fabricar fábulas fatidicamente fiáveis com F.
Francamente!

Isto não deveria ser feito a fervorosos fazedores de factos fenomenais, fantásticos, forjados em folhas, feitas à força, pelo corte fatiado de facas ferrugentas. É forte!
A fiabilidade fanática, falida, falhada, facilita fortes e frias facadas na feia filosofia formada por pseudofatalidades famigeradas e falidas. Que filme!
Filmar? Obviamente, um filme. Fixe, mas fixemos fobias, fraquezas e forças a par com as fotos de fotógrafos firmes, fraternalmente famosos, e famintos de fremência.
Finalmente, um final feliz! Férias, festas, felicidades e tudo de fom para o grupo da escrita criativa.
Fidedigno e fiel,
F (Fernandes)



domingo, 24 de fevereiro de 2013

Razões da minha fé



EVOLUIR agradece este texto para publicação

Filipa Lopes

Deitada, joelhos fletidos, Bic entre o polegar, indicador e o dedo médio. Escrevo, quase desenhando as letras e, confesso, não sei o que dizer acerca deste assunto. Nunca mo foi questionado, acho até, que nunca pensei nele. A fé é a certeza de que tudo se pode realizar. A minha, muitas vezes, é maior que as razões. Nunca fui fã da fome nem da falta de um cobertor. Nunca fui fã de guerra, sempre fui fã da paz. E, só para nós, sempre fui fã de um mundo melhor e vivo num mundo onde a probabilidade disso acontecer, diminui. Eu tive que me habituar a viver com a ideia de que o mundo é assim mesmo, tive que me habituar a encarar o mundo do jeito que ele é. Tive que encarar os meus dias como se fossem os últimos. Acho que é por isso que existimos, para viver. Para saber aproveitar o melhor de nós, o melhor da vida, senão tão pouco o pior. Quem sou? Porque me questiono? Porque existem motivos que me decepcionam? Além da minha rotina implicar comigo, por estar cansada de fazer sempre o mesmo, a minha mãe implica, porque o meu quarto está bagunçado ou porque cheguei tarde a casa. O meu pai implica, porque estou chata e rabugenta, e eu implico com o mundo. Implico com pessoas que preferem desistir ao persistir e conseguir. Sou o oposto do mundo. Em momentos da minha vida onde andava angustiada, dominada pelo medo e, quem sabe, pela pouca fé pensei em desistir, mas não o fiz. Existiu um motivo para tal. Existe sempre. Existe sempre alguém ou alguma coisa que nos fortalece, que nos faz acreditar que tudo pode acontecer, independentemente do tempo, da distância ou da ilusão de um sonho. Há sempre uma luz ao fim do túnel. A última esperança, o último grão de fé, porque havereis nós de desistir? Quanto aos outros, eu não sei, mas eu ainda aqui estou, forte e com uma sacola de fé dentro do bolso. Vivo para ser a diferença de muitos e a igualdade de outros. Vivo por mim e para mim. Vivo de fé, de esperança, de força e fraqueza, de medo e coragem, de felicidade e infelicidade, mas vivo. Vivo para acreditar que posso, que consigo.


Este artigo foi-nos enviado pelo professor da Filipa na Escola EB2/3 de Ilhavo. Outros textos podem ser consultados no blog cujo link identificamos:

Ao Prof. Filipe Tavares o nosso agradecimento.
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