Albertina Vaz
Era
aquela a casa. Não havia dúvida nenhuma. Recortava-se, silenciosa, no
horizonte.
...revolvendo páginas e acontecendo contos |
Há
anos que ali não vinha, mas ela lá continuava – mais degradada mas sempre apaziguadora.
Olhei
em frente e vi o mar – em tons vermelho acinzentados, assemelhava-se a um vulcão
em plena ebulição.
À
minha memória regressaram vontades antigas de transgredir – virar as costas e
embrenhar-me espuma adentro, sem rumo e sem horas. Do outro lado um campo
imenso de papoilas gigantes emergia
tingindo de vermelho as ondas salpicadas de sal.
Deixei-me
teimosamente ficar ali, revolvendo páginas e acontecendo contos. Estava a
escrever de novo e contemplava aquela folha em branco que se enchia de sons e
símbolos. Na bruma da tarde a calma instalava-se serenamente.
Albertina Vaz ©2015,Aveiro,Portugal
A página em branco que de repente, pela mão de alguém com sensibilidade, nos desafia a a transgredir e transcender os limites de nós mesmos.
ResponderEliminarBonito Albertina.
Bom gosto, facilidade, imaginação, serenidade, são as palavras que eu gostaria de utilizar, como tu sabes, para comentar este texto.
ResponderEliminarA força da revelação do EU na bruma de cada UM!
ResponderEliminarRecebemos este comentário de Idalinda Pereira a quem muito agradecemos:
ResponderEliminar" Lindo este texto, que nos remete a uma infância onde a natureza nos fascina."