Elsa Borges
Olhava,
fascinada, o mar a revolver a areia que bordejava a costa.
O
fragor das ondas contrastava com o calmo e silencioso lugar onde a sua casa,
simples, muito branca e airosa, rodeada de cambiantes verdes, pontilhados por
múltiplas cores, punha uma nota de frescura e vivacidade.
Mulher serena e viva |
Contemplar
as duas paisagens, que se abriam à frente dos seus olhos, exercia sobre ela um
efeito apaziguador.
O
campo, mais contido, dava-lhe uma serenidade, sempre renovada, pela sequência
cromática e harmoniosa que as diferentes estações do ano imprimiam à natureza.
O
mar, revolto, sempre a transgredir, desafiando constantemente o areal, ora
ameaçando tantas vezes aqueles que no seu seio buscam o pão, ora oferecendo-se,
manso e belo, na exuberância dos seus azuis, incutia-lhe energia e desafiava-a
a ousadias e aventuras.
Os
efeitos de ambos faziam de si o que era: serena e viva, interrogadora e
contemplativa. Enfim, uma mulher rica de espírito e impregnada de uma beleza
imortal, obra da natureza.
Elsa Borges ©2015,Aveiro,Portugal
Um texto de rara sensibilidade em que as palavras se recortam num espaço onde a serenidade se confronta com a mudança. Benvinda ao Evoluir, Elsa
ResponderEliminarAo EVOLUIR, fortemente marcado pela escrita de mulheres, chega mais uma, Elsa Borges, que, a julgar por este primeiro texto, vem com o seu talento contribuir para a enorme sensibilidade e elevada qualidade a que elas nos habituaram.
ResponderEliminarIdalinda Pereira enviou-nos o seguinte comentário:
ResponderEliminar"Diz a lenda: Deus criou o homem!.. E, não muito satisfeito com a obra finalizada, disse: Vou aperfeiçoa-la... Então criou a mulher. Depois descansou. Gostei."
"O mar, revolto, sempre a transgredir, desafiando constantemente o areal, ...oferecendo-se, manso e belo, na exuberância dos seus azuis, incutia-lhe energia e desafiava-a a ousadias e aventuras." Lendo um excerto destes, fica uma certeza: a sua escrita, Elsa, é uma exuberância de azuis que fascina.
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