Clavel
Gosto de palavras alegres,
com raiz dirigida à seiva
que rejuvenesce o chão;
palavras de húmus e luz, que sejam na leiva
prova da sementeira e canção,
palavras que abram sorrisos e meiguice,
que drenem o sonho, a aventura
e, com fartura, imponderada dose de patetice.
Gosto dos verbos semear, nascer, crescer, florir, frutificar
que evocam o trilho da máquina a perfurar.
Gosto dos substantivos: libido, beijo, seio, mamilo, peito,
que dão conteúdo e saúde ao verbo namorar
por acaso ou com respeito, consoante a moda.
Gosto do engenho e do vocábulo moinho
em que pedra sobre pedra roda
que rejuvenesce o chão;
palavras de húmus e luz, que sejam na leiva
prova da sementeira e canção,
palavras que abram sorrisos e meiguice,
que drenem o sonho, a aventura
e, com fartura, imponderada dose de patetice.
Gosto dos verbos semear, nascer, crescer, florir, frutificar
que evocam o trilho da máquina a perfurar.
Gosto dos substantivos: libido, beijo, seio, mamilo, peito,
que dão conteúdo e saúde ao verbo namorar
por acaso ou com respeito, consoante a moda.
Gosto do engenho e do vocábulo moinho
em que pedra sobre pedra roda
Gosto de ter sede... |
sem perguntar ao grão se magoa muito
ou se goza poucochinho.
Gosto do perfume do rosmaninho
sem ofensa de outras flores e da rosa
ao sopro da brisa que ameniza o calor.
Gosto de ter sede e beber água e vinho
com euforia e a prosa
de um convincente sedutor.
Gosto de subir, subir bem alto, ao cume,
ficar na harmonia da liturgia da poesia
em sintonia com rimas de filosofia
viver o encantamento, a folia e a fúria do mar
e a mansidão da ria, alongada, a meditar.
Gosto de cumprir a promessa na romaria
com sumo de melancia e doce de aletria.
E, na vez de problemas de geometria,
que obrigam muito a matutar,
gosto do melro na folhagem do azevinho,
a refazer o ninho
com o jeito e o direito herdados da mãe.
Gosto das palavras alegres.
Porquê? Não aposto. Não sei de quem.
São palavras que eu gosto.
Clavel ©2015,Aveiro,Portugal
Há poetas escondidos nos meandros deste blogue. Há palavras que só servem para ser espraiadas por quem tem na alma a vontade e a pertinência dos poetas. O que eu gostava de saber escrever assim!
ResponderEliminarAs palavras invocadas transformaram-se em pétalas e acorreram a formar uma rosa chamada vida e amor!
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