quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Testemunho na 1ª pessoa

Maria Jorge


Reformei-me do privado com 61 anos de idade e 39 de contribuições para a Segurança Social.
Na altura, pedi uma simulação do que seria a minha reforma. Depois de me apresentarem os cálculos, baseados nas contribuições entregues ao longo de toda uma vida, fizeram-me diversas advertências: não podia nos cinco anos seguintes trabalhar para a mesma entidade patronal ou em qualquer empresa onde figurasse o nome da mesma, quer fosse a tempo parcial ou mesmo grátis; iria sofrer uma penalização por pedir a minha reforma antecipada e ainda, se prosseguisse com a minha petição, não poderia voltar atrás.
Como contrapartida, iria receber o valor de X mensalmente. Este valor ser-me-ia pago ao longo de 14 meses; iria ainda beneficiar de um aumento anual consoante a inflação.
Ao fim de quatro anos de reformada, estou a cumprir escrupulosamente com o que acordei, considerando-me uma pessoa de bem.

E o Estado Português? Porquê não? Então o valor da minha reforma não é baseado na minha capitalização ao longo de uma vida? Estão a fazer-me algum favor? O que fizeram ao valor que eu, cegamente, depositei nas suas mãos? Então porque se chama Segurança Social?
Alguém me dá alguma justificação?

10 comentários:

  1. Seis interrogações que vão ficar sem resposta por parte do interpelado!
    Talvez o problema seja a quantidade exagerada de perguntas. Temos de perguntar com parcimónia!
    Assim, é perguntar acima das nossas possibilidades. Possivelmente teremos de emigrar para obtermos respostas lá fora!
    Talvez as respostas venham como contrapartidas de alguma compra importante para todos nós.
    É preciso que cada português seja um soldado cumpridor no seu posto e aguarde pacientemente que o horizonte negro se afaste por si só!

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  2. Pois é, Maria, isso era no tempo em que ser politico era uma função nobre que fazia dos que a exerciam exemplos de seriedade. (Nem sei que te diga: chego a pensar que esse tempo só existiu no meu imaginário...)
    O que eu sei, hoje, é que aquilo que é verdade num minuto passa a ser falso no minuto seguinte. E depois aquela história do "estado ser uma pessoa de bem" já era. Agora só nos resta "para não sermos piegas" voltar aos tempos dos nossos pais e, se calhar, voltar a emigrar, como refere a Fernanda! Dizia-te ainda, caso tu quisesses, que lesses o Ensaio sobre a Lucidez do nosso Saramago. Talvez essa seja uma resposta a toda esta embrulhada em que estamos metidos sem termos contribuido para ela.

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  3. Vivemos numa sociedade com "VALORES", no mínimo, estranhos."Os vampiros", como lhes chamava José Afonso, comem tudo e não deixam nada.
    Tú, eu, nós, só somos as marionetes!

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  4. Não fiques triste porque é tudo incompreensível.Mas não é só agora; tem sido sempre assim ao longo dos tempos.

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  5. Maria, a triste conclusão a que devemos chegar, é a de que o Estado não é uma pessoa de bem.Lamentavelmente, somos todos nós, os que se encontram na mesma situação, as suas vítimas preferenciais.

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  6. Parte da solução das injustiças do nosso país estaria por, em vez de políticos,sermos governados por pessoas de bem.


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    Respostas
    1. Olá, Luzia!
      Dou-te as boas-vindas e fiquei orgulhosa do teres "nascido" para este blogue. Assim, vamos crescendo e evoluindo.

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  7. Com o devido respeito, o que nos falta é mesmo fazer ouvir a nossa voz de discórdia, não só pelo vossa situação de reformados que estão a ser roubados nos vossos longos anos de contribuições, mas também por os que querem trabalhar e não conseguem arranjar um emprego e vêem reduzidas as suas prestações sociais, por os que trabalham e são explorados por patrão e estado, pelas crianças que por
    os pais ganharem pouco acima do ordenado mínimo já não têm direito ao abono de família e por todas as injustiças que se andam a cometer...
    Não deveríamos juntar as nossas vozes e a de muitos mais para dizer basta a isto?!
    Não seria mais audivel se falássemos todos a uma só voz para lutarmos por um país mais justo e melhor?!
    Desculpem o desabafo mas não consigo deixar de pensar no pobre Anibal que se não tivesse poupado durante a sua vida contributiva agora não teria dinheiro para fazer face às suas despesas...

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  8. Concordo plenamente com o Daniel. Porque isto é um ciclo vicioso. Vamos a isso? Vamos à luta? O barco está quase, quase lotado e não queremos que vá ao fundo por excesso de carga

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  9. Pode contar comigo Maria...
    A luta como a vossa geração o sabe tão bem, faz-se em cada esquina!...
    ...e eu ando por aí!

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