quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Alboi - o meu bairro

Dores Topete
Hoje estou muito triste, passei uma vez mais no bairro onde nasci e onde brinquei, no jardim que tantas e tão boas recordações me deixou. Não pude evitar que uma revolta sem fim tomasse conta de mim e que este desgosto que sinto me doa como uma dor física que nos assola e se torna intolerável.
Alboi, o meu bairro, está destruído, irreconhecível… Como é que uns senhores, só porque ganharam as eleições, se outorgam o direito de destruírem as zonas verdes da nossa terra, as árvores com uma idade sem fim? Quem é que devemos responsabilizar por tanta devastação, irresponsabilidade e falta de espírito de coerência social?
Estou a recordar-me do anterior mandato da responsabilidade do partido socialista, que foi altamente recriminado, e muito bem, por ter destruído árvores da nossa cidade.

Então, onde está a coerência destes senhores, que têm, pelos vistos, uma memória muito curta e estão a destruir muito mais? Passar pelo parque da nossa cidade também é desolador, é mais uma prova da insensibilidade de quem nos governa. .
Meus senhores, não poderiam dirigir essa vossa vontade de destruir, para os buracos das nossas estradas e passeios, esses sim a precisarem de destruição e de desaparecerem?
Meu pobre bairro, tão maltratado.



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5 comentários:

  1. O Alboi de antigamente: esta é uma fotografia duma paisagem que já não existe: desapareceu com a atitude destruidora do verde na cidade de Aveiro. Há quem lhe chame a Veneza de Portugal! Tenho muita pena que essa beleza esteja a ser tão desconfigarada. Uma cidade sem árvores é como um oceano sem água...

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  2. O Alboi toca-te de perto, porque o consideras como teu bairro, mas se fosse só o Alboi... estava a nossa cidade bem.

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  3. Também tenho boas recordações do Alboi. Quando andava a preparar-me para a entrada no Magistério andei na explicação do professor Caleiro. Lembras-te dele? Era um sítio repousante, com muitas árvores, onde cantavam e faziam os ninhos, tantos passarinhos.

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  4. O jardim do Alboi transformou-se num monumento ao cimento.

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  5. Infelizmente, é disso que se trata - monumento ao cimento. Até lá tem as lajes, cinzentas ou pretas, para compor o espírito do mausoléu. Basta pôr o pé fora da porta para se sentir que a terra nos abandonou; a dita "jangada de pedra", afinal jangada histérica da esterilidade, sufocando na órfâ insularidade... Tudo isto na esteira de um quintal - dito "parque da insustentabilidade" - que até já água meteu... E metal também, no extremo oposto... Onde uma chamada "ponte" se acotovela como dinossauro resgatado à extinção, definhando em exíguo porte numa confusão de árvores, ervas e pedraria. A cultura por estes dias não é sinónimo de memória, estabilidade e integração, nem homenagem ao Homem em seu espaço e tempo, mas fragmento de um pesadelo pós-industrial. Ou antes, de uma "nostalgia" progressista, que a todo o custo se agarra aos costumes, à tradição e à natureza, parasitando-os e cuspindo para fora os dejectos de uma nunca cumprida utopia.

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