EVOLUIR agradece este texto para publicação
Lindonor Silveirinha
Quando eu era pequena,
ofereceram-me um livro de histórias, que se chamava Dona Redonda e os seus
fanicos.
A Dona Redonda era mesmo
redonda e a história contava que ela fora um dia por uma ribanceira abaixo e se
desfizera em fanicos, ou seja, dezenas de pequenas donas redondas iguaizinhas a
ela.
A história em si era
muito complicada, até metia um dragão que fazia um barulho horrível e pouco me
lembro dela, a não ser da D. Redonda e dos seus fanicos.
Assim, resolvi escrever
a minha versão da história, como eu acho que ela deveria ser, para que crianças
pequenas a entendam e lhe achem graça. A autora da história original, Virgínia
de Castro e Almeida, que me perdoe, pois não pretendo plagiá-la, nem depreciar
o seu trabalho.
A Dona Redonda vivia sozinha numa casinha
também redonda, com janelas redondas e até a porta era redonda e larga, para que
a Dona Redonda pudesse entrar e sair facilmente. Ela tinha mandado fazer a casa
de propósito, porque não cabia nas casas normais. No entanto, tinha pena de ser
assim tão redonda, sobretudo porque os miúdos, que às vezes são mauzinhos,
quando passavam por ela diziam:” Ó bolinha ! Ó bola de futebol! Qualquer dia
dou-te um pontapé que vais parar à lua!” Era por isso que ela se afastava das
crianças de quem tanto gostava.
Um dia foi dar um passeio a pé pela
estrada para ver se emagrecia e, de repente, veio um vento tão forte, que a
Dona Redonda levantou voo, como se fosse um balão.
Deu voltas e mais voltas, sem conseguir
poisar no chão e, assim, foi percorrendo terras e mais terras, na direcção em
que o vento a levava. E ela deixava-se ir. Que havia de fazer? Ia-se entretendo
a ver as cidades, vilas e aldeias, rios, montanhas e florestas e as pessoas
que, cá em baixo, pareciam formigas. De vez em quando um avião cruzava os ares
e os passageiros olhavam espantados para aquele balão com pernas e braços que
parecia divertir-se com as voltas e reviravoltas que dava no ar.
A certa altura, o vento parou de repente e
a Dona Redonda, que não tinha pára-quedas, espatifou-se no chão, fazendo-se em
mil fanicos todos iguaizinhos a ela. Logo começaram a falar todos ao mesmo
tempo, a dizerem que tinham fome e a correrem por todos os lados como tolos.
Foram dar a uma quinta muito grande, onde
havia vacas, porcos, galinhas, patos, coelhos, enfim uma grande variedade de
animais. Os donos eram ainda novos e tinham dois filhos pequenos, o Tó de sete
anos e a Ana de seis.
Quando Tó e a Ana viram os fanicos da Dona
Redonda, começaram aos gritos a chamar os pais:” Pai, mãe, venham ver, chegaram
os extraterrestres” e os pais pensaram o mesmo, ficando atarantados sem saber o
que fazer. Quem não ficou nada atarantado foram os animais, sobretudo as
galinhas e os patos, que, pensando que aquilo eram grãos de milho, começaram a comê-los.
Só que uma coisa horrível aconteceu: logo que engoliam os fanicos começavam a
inchar, a inchar até que rebentavam.
“Ai que ficamos sem animais, corram, vão
buscar um saco, depressa”. Pais e filhos puseram-se a apanhar os fanicos e, em
breve, tinham-nos todos metidos num saco. Quando se viram todos juntos, - Ó
maravilha das maravilhas, os fanicos fundiram-se todos e formaram outra vez a
Dona Redonda.
Esta, logo que se viu inteira, pediu aos
lavradores que a deixassem ir embora para sua casa, mas eles gostaram tanto
dela que a convidaram a ficar com eles para sempre. Quem ficou mais contente
ainda foram a Ana e o Tó porque já tinham com quem brincar. Atiravam a Dona
Redonda um ao outro, como se ela fosse uma bola. Mas ela não se importava,
porque finalmente tinha encontrado crianças amigas que gostavam de brincar com
ela. Além disso, como as galinhas e os patos tinham comido alguns fanicos, ela
já não estava tão gorda.
Tinha encontrado a felicidade.
Benvinda Lindonor! Gostamos muito de a ter connosco. Este blog é isso mesmo: uma partilha de saberes e um encontro de vivências.Ficamos à espera de futuros trabalhos. Obrigado pela sua participação.
ResponderEliminarÉ uma história adorável e muito pertinente nos dias de hoje. Gostei imenso. Vou partilhá-la com as minhas netas e depois lhe contarei do que elas me disserem. É que nada melhor do que uma criança para comentar o que escrevemos a pensar nelas. Obrigado pela sua participação.
ResponderEliminarBonita história. É sempre bom recordar o que vivemos ou então aquilo que ouvimos a outras pessoas que nos dizem tanto em termos afetivos.
ResponderEliminarÉ bom recordar a infância, e a Lindonor fez-me recordar os momentos em que entretinha a minha filha a contar-lhe histórias que nos deliciavam às duas.No meu tempo de criança, os tempos também eram difíceis e não havia o hábito de me contarem histórias, por isso vivia-as enquanto as contava.
ResponderEliminarOLÁ, LINDONOR, GOSTEI IMENSO DE VER O SEU NOME E O SEU ESCRITO NESTE BLOG.
ResponderEliminarATÉ BREVE, CARÍSSIMA COLEGA!
GM
Gostei muito!!!!!
ResponderEliminarPorque é bom ler.
E esta história é muito bonita!
Lindonor o comentário anterior é de uma criança de 9 anos: como vê eu tinha razão... afinal as crianças também lêem este blogue e também gostam daquilo que escreve! Parabéns! Nada melhor do que um elogio de uma criança para animar o nosso sorriso.
ResponderEliminar