E
o corpo é um barco ancorado a uma liberdade a perder-se…
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Cruzam-se
as palavras na noite comprida
Sem
soletrar à alma que o mundo se esvazia pelas dobras das mãos…
Engolem-nos
os sonhos
Caiem
de cansaço
Estreitam-se
amargas pelas paredes
Que
os dias desluzem…
Gritam-nos
dores persistentes
Entranhadas
e abafadas na pele…
Muralham-nos
os olhos
Vestem-nos
de ruas sombrias
Peregrinos
de esquinas encurtadas ao tempo…
Rotina
que marca um silêncio mastigado…
Um
despejo das garras dos abutres
Soterram-nos
a palavra que dançava na garganta
O
fulgor dos dias claros
Secam-nos
as lágrimas
Emudecem-nos
as palavras
Arrastam-nos
já áridos por um rio a fugir-nos do rosto
E
o corpo é um barco ancorado a uma liberdade a perder-se…
Somos
o medo desmemoriado de Ser…
Rosa Fonseca ©2014,Aveiro,Portugal
Evoluir orgulha-se de contar com um poema de um autor novo neste blogue: Rosa Fonseca. È sempre um agradável prazer saborear a poesia desta autora. Hoje, tendo em conta o tema que estamos a desenvolver – Contradições do Ser Humano – envia-nos um poema em que o ser humano se reflecte em si mesmo e no seu contrário e em que a vida, ela própria se vai esquecendo de viver. Obrigado, Rosa, por se ter associado ao Evoluir e vamos gostar muito de ter por aqui.
ResponderEliminarAo Evoluir, o meu agradecimento!
ResponderEliminarContinuarei a estar com todos os que olham para o mundo de uma forma evolutiva. Nesta página tenho encontrado grandes textos e reflexões. Parabéns! Rosa Fonseca
Por onde anda a nossa liberdade quando as palavras deixam de ter sentido? Somos livres ou a liberdade é apenas uma palavra que se solta da nossa boca? Era esta a liberdade que queríamos ou esta é a liberdade a que nos querem forçar? Interrogamo-nos e não conseguimos respostas: para onde caminhamos?
ResponderEliminarObrigada Rosa pelo seu poema – obrigou-me a uma reflexão muito profunda sobre o que ambicionámos e o que temos e concluí que só teremos aquilo pelo que não deixarmos de lutar.
Um poema muito forte, uma reflexão muito profunda sobre a condição humana - em cada tentativa de realização dos nossos sonhos sentimos as limitações inerentes ao nosso ser. Obrigada, Rosa.
ResponderEliminarBonito poema para uma reflexão profunda.Obrigada.
ResponderEliminarA contradição suprema: o não SER, SENDO o que nenhum ser devia ser!
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