E
que as luzes se apaguem!
É
urgente calar o ruído e disseminar o silêncio
É
urgente instalar a escuridão
E
caminhar a passo, devagarinho
Para
não cair no fosso sem fundo
E
desaparecer no fim do nada.
É
urgente instalar o silêncio
E
ouvir o passo sibilino da gaivota
Que
corta o espaço em voo rasante
E
rasga o horizonte
E
se entrelaça no adejo picado
Da
águia imensa e medonha
Cuja
sombra escurece a praça deserta.
Aí
ouviremos o tilintar das moedas
E
as caixas automáticas
A
registarem a vertigem
Dum
consumo que se instala
E
duma ânsia de adquirir
Que
escorrega pelas nossas mãos
E
se agarra ao nosso corpo
E
não se desprende
Nem
se desliga, nem se deslaça.
Onde
ficaram os abraços
Os
sonhos esquecidos e os sonhados?
Aquele
prato de sopa partilhado
Ou
aquele sorriso repartido?
Onde
paira a magia duma noite de Natal
Em
que o calor sabe a mel
E
o carinho se multiplica na rua?
Onde
ficou o entrelaçar de vozes
E
o aconchego do lume da lareira
Cuja
dança bruxuleante
Canta
o som misterioso
Dum
sino que na montanha
É
um sinal de esperança?
Onde
paira a alegria
Dum
recomeço ou dum nascer de dia?
É
urgente, sim é urgente
Que
cada dia renasça num Natal!
2013/12/23
Albertina
Vaz
©2013,Aveiro,Portugal
É mesmo urgente! Obrigada, Albertina pelo belo poema. Bjs
ResponderEliminarO Natal é um forte símbolo da sociedade de consumo em que, quer queiramos, quer não, alimentamos. Individualmente, podemos e devemos contrariar mas acabamos por nos aperceber da nossa impotência. O teu "Amanhã será NATAL" é um poema repto para a mudança tratado como tu muito bem sabes fazer.
ResponderEliminarDepois do som da máquina registadora pouco mais houve.
ResponderEliminarE eu esperava muito!
Depois da azáfama eu queria ver braços para abraços.
E o cansaço instalou-se!
O Natal de todos, o natal permanente
É tão urgente que este me emudeceu!
O teu grito irmanou-me, Albertina!
Na realidade vivemos numa sociedade de consumo e os valores com que fomos criados e educados cada vez mais longinquos. Abre-se a televisão e a preocupação é perguntarem quanto se vai gastar este ano, se gastamos mais ou menos que no ano passado, se já fizémos as compras todas, blá, blá, blá. Para espanto meu ou talvez não, uma criança, talvez com 10 anos, disse que o mais importante era o amor e a reunião familiar.
ResponderEliminarGostei muito do teu alerta Albertina.
É urgente rejeitar o consumismo, o materialismo...
ResponderEliminarÉ urgente o silêncio para nos reencontrarmos com a beleza da Natureza, para redescobrirmos a alegria na simplicidade, a felicidade num abraço fraterno... Só então será Natal. Belo poema, Albertina!