Lindonor
Silveirinha
O Panda |
Estava-se
no mês de Junho. Um dia, pelo correio, os pais do Pedro receberam uma carta a
dizer que tinham sido premiados com uma viagem ao Nepal por terem preenchido um
inquérito de uma companhia aérea, onde tinham feito uma viagem.
Eles nem sabiam onde ficava o Nepal e,
por isso, tiveram que consultar um Atlas. Se fosse hoje iam à internet…
O Nepal é
um pequeno país, encravado nos montes Himalaias, lá para os lados da China.
O Pedro ficou entusiasmadíssimo,
porque adorava conhecer esses países orientais, onde havia religiões e costumes
diferentes. Os pais é que não gostaram muito da ideia, porque teriam preferido
ficar pela Europa. Mas o prémio era aquele!...
A 15 de Julho partiram de avião em
direcção ao Nepal e aterraram em Katmandu, que é a capital.
O aeroporto estava cheio de pessoas,
todas de estatura baixa e de pele amarela, muito parecidas com os chineses.
Foram para o hotel, que lhes estava
reservado e, no dia seguinte, cumpriram o programa traçado pela companhia que
lhes oferecera a viagem. Estava um dia bonito mas quente, de uma temperatura
húmida que tornava difícil a respiração. Sentiam-se muito cansados a subir as
montanhas na visita aos templos budistas
que lá existiam.
Quando chegou a noite e se prepararam
para regressar, ninguém tinha visto o Pedro. Os pais, numa aflição, não
quiseram ir para o hotel e passaram a noite a chamá-lo. Ouvia-se o eco
transmitido pelas montanhas, mas do Pedro nem sinal. Não conseguiram dormir e,
logo que nasceu o dia, continuaram as buscas.
Era tão fofinho |
Ao fim de várias horas foram
encontrá-lo, adormecido, agarrado a um panda, ambos enroscados um no outro, por
causa do frio que, de noite, faz nas montanhas.
Ao princípio, os pais até pensaram que era um peluche,
mas quando se aproximaram, o bicho desprendeu-se e fugiu. Nem queriam acreditar
no que tinham visto e, o Pedro, ainda cheio de sono, só dizia: Ai que pena. Era
tão fofinho. Eu quero levar um para Portugal. E, levantando-se, começou a
correr atrás dele, só que ele saltava de ramo em ramo como um macaco e o Pedro
não o conseguiu apanhar.
Depois de uma longa conversa, os pais
lá conseguiram levar o Pedro para o hotel sem o panda. Mas foi difícil. O Pedro
só pensava no sucesso que faria na escola se dissesse que tinha um panda, em
vez de um gato ou de um cão.
Quando chegaram ao hotel, o Pedro
adormeceu, porque estava muito cansado e os pais resolveram esperar pelo dia
seguinte para terem uma conversa séria com ele.
Logo que
ele acordou, disseram-lhe:
- Ontem pregaste-nos um grande susto e
estamos a ver que, nem por um momento te lembraste da nossa aflição.
- Ó mãe,
eu quando vi aquele animalzinho, tão fofinho, ali sozinho, só pensei em lhe
pegar e trazê-lo connosco, mas ele fugia à minha frente e eu ia sempre andando,
andando. Que pena ter fugido!
- Mas o que é que tu ias fazer com um
panda? perguntou-lhe o pai. Nós vivemos num andar, sem jardim e tinhas que o
ter sempre em casa. Já pensaste no pobre bichinho, habituado à liberdade, ali
preso, só para tua satisfação?
- Por acaso sabes de que é que ele se
alimenta? perguntou a mãe.
- Por acaso sei, porque o vi comer,
bambu, folhas e frutos.
- E onde é que tu ias arranjar o bambu
lá em Portugal?!
O Pedro calou-se e ficou a pensar. O
pai aproveitou para lhe dizer:
- Tu já estudaste isso e sabes que
estes animais selvagens se querem livres. Na maior parte das vezes morrem no
cativeiro. Não querias isso para aquele panda tão fofinho, pois não?
Os pandas do Nepal são avermelhados |
- Acho que o pai tem razão, não há
direito que se tenham animais enjaulados só para diversão das pessoas. Vou
arranjar um poster com um panda para pôr no meu quarto e lembrar-me desta
aventura.
Além do poster o Pedro resolveu
consultar alguns livros e ficou a saber que há duas espécies: Uma mais pequena,
que não atinge mais do que o tamanho de um gato e outra maior, considerado o
panda gigante que lembra um pequeno urso. Estes também comem roedores, aves e
peixes e vivem na China e no Tibete. Os pandas do Nepal são principalmente
avermelhados.
Esta é uma história que nos faz relembrar que o Panda não é apenas um desenho animado: um animal que existe não apenas no nosso imaginário e que vale a pena mostrá-lo às crianças. Uma vez mais vou querer partilhar esta história para conversar com as minhas crianças. Adorei Lindonor!
ResponderEliminarLinda esta aventura que acabou bem. E quem, mesmo adulto, não gostava de ter um Panda como companhia? Como diz o Pedro tão fofinho...
ResponderEliminarNunca vi um Panda ao vivo; só em filmes ou documentários, mas realmente são uns amores. Apetece mesmo tê-los sempre ao colo. Obrigada pela participação.
ResponderEliminarCom histórias destas, pais e avós vão brilhar quando as lerem às suas crianças.
ResponderEliminar"Acho que o pai tem razão, não há direito que se tenham animais enjaulados só para diversão das pessoas."
ResponderEliminarNormalmente, os pais só têm razão... Esperemos que os filhos comecem a interiorizar que tanto humanos como animais devem usufruir dos direitos inerentes à vivência em sociedade.
Conhecimentos científicos entrelaçados numa aventura. Uma mensagem para refletir: a diversão dos humanos não pode ser conseguida à custa do sofrimento dos animais. Gostei muito, Lindonor.
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