Maria Celeste Salgueiro
Ela estava ali na minha frente envolta pelo sol da manhã.
Apenas uma flor, uma camélia vermelha em cima duma mesa, aberta ao meu olhar.
Lembrei a sua origem asiática, o seu forte significado de flor emblemática,
inspiradora de emoções, afecto e devoção.
...voltei à minha infância e adolescência |
Mas não foram esses atributos que me cativaram. À volta
dela tracei um círculo invisível fora do tempo e do espaço onde ela ficou presa.
Ela transmitia-me paz, alegria, deslumbramento, estabelecendo uma aliança entre
o passado e o presente.
Olhando-a eu voltei à minha infância e adolescência. Revi
nela a cameleira centenária plantada no meu jardim pelo meu Avô e que em todas
as primaveras, transbordando de cor e de beleza se transformava na rainha do
jardim. As suas camélias enfeitavam a nossa casa e a nossa mesa no dia dos anos
do meu Pai e à sua sombra eu brinquei e até troquei o meu primeiro beijo de
amor.
Por isso, ao ver aquela camélia envolta pelo sol da manhã,
com todo o seu peso simbólico que me trouxe à memória a cameleira centenária
plantada pelo meu Avô, eu senti uma paz, uma alegria, um deslumbramento que me
deixaram presa num círculo mágico fora do tempo e do espaço, onde o passado
ficou suspenso!
Maria Celeste Salgueiro ©2015,Aveiro,Portugal
Quando deixamos que a magia da simplicidade nos envolva, a vida acontece!
ResponderEliminarQuando a poesia acontece a Celeste está presente, surpreendendo-nos quer em prosa quer em verso. Lindo, como sempre!
ResponderEliminar