quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

A CAMÉLIA

Maria Celeste Salgueiro 

Ela estava ali na minha frente envolta pelo sol da manhã. Apenas uma flor, uma camélia vermelha em cima duma mesa, aberta ao meu olhar. Lembrei a sua origem asiática, o seu forte significado de flor emblemática, inspiradora de emoções, afecto e devoção.
...voltei à minha infância e adolescência
Mas não foram esses atributos que me cativaram. À volta dela tracei um círculo invisível fora do tempo e do espaço onde ela ficou presa. Ela transmitia-me paz, alegria, deslumbramento, estabelecendo uma aliança entre o passado e o presente.
Olhando-a eu voltei à minha infância e adolescência. Revi nela a cameleira centenária plantada no meu jardim pelo meu Avô e que em todas as primaveras, transbordando de cor e de beleza se transformava na rainha do jardim. As suas camélias enfeitavam a nossa casa e a nossa mesa no dia dos anos do meu Pai e à sua sombra eu brinquei e até troquei o meu primeiro beijo de amor.

Por isso, ao ver aquela camélia envolta pelo sol da manhã, com todo o seu peso simbólico que me trouxe à memória a cameleira centenária plantada pelo meu Avô, eu senti uma paz, uma alegria, um deslumbramento que me deixaram presa num círculo mágico fora do tempo e do espaço, onde o passado ficou suspenso!



Maria Celeste Salgueiro ©2015,Aveiro,Portugal

2 comentários:

  1. Quando deixamos que a magia da simplicidade nos envolva, a vida acontece!

    ResponderEliminar
  2. Quando a poesia acontece a Celeste está presente, surpreendendo-nos quer em prosa quer em verso. Lindo, como sempre!

    ResponderEliminar

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...