sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Atravessando os séculos!

José Luís Vaz


Sempre elegantes, desde as altas às mais baixotas, coabitam com facilidade em espaços variados. Quando sós, deslumbram os seus admiradores pela conformação sui generis que proporciona a cada um especular sobre as suas formas.

Já lá vai o tempo em que a natureza determinava o seu livre desenvolvimento proporcionando, quantas vezes, uma arquitectura exótica e diferenciada. Hoje, é abruptamente “fabricada”, de acordo, única e simplesmente, com critérios economicistas que tudo determinam violentando as formas livres da mãe natureza.

Existe uma grande variedade distinguindo-se, entre si, pelo desenho, pela idade, pelo
Fonte inesgotável de vida
porte, pela raridade ou mesmo pelo seu interesse histórico. Podem atingir cerca de vinte metros de altura, o que justifica forte capacidade na procura dos nutrientes necessários. Neste ciclo de luta pela subsistência e desenvolvimento acaba por, com a sua acção, tantas vezes, evitar que fortes enxurradas arrastem catastroficamente os solos, destruindo uma estrutura em que existem os elementos necessários à vida.

Necessitando muito tempo para crescer, pode viver centenas de anos. Há mesmo exemplares referenciados com cerca de dois mil anos, sendo considerada a mais antiga do mundo, uma que existe perto de Tavira.
À imitação da mulher, também ela tem cabeça, tronco e membros, deliciando os seus fãs com uma simples e bela flor que acaba por dar fruto tão apetecível e útil.

Enche-nos de oxigénio e necessitando de uma certa humidade no ar, partilha com trabalhadores, pessoas indiferenciadas ou mesmo com quem do lazer faz vida, uma frescura tão saudável, quanto desejada, por quem em dias de intenso calor procura alento num local acolhedor.

Do seu tronco retorcido nascem rebentos, a alegria da sua vivacidade, sustentando folhagem persistente, que num permanente ciclo de vida, se vão alternando, caindo as velhas, nascendo as novas, passando-se tudo, como se de magia se tratasse.

Não admira pois, que estes exemplares sejam por diversos povos venerados.
Nome grego, “eléa ou “laiva” e latino “oliva” são as origens da nossa oliveira que é para mim a rainha das árvores.


Ela é uma fonte inesgotável de vida onde a minha imaginação remexe encontrando sempre imagens reflexas da vida ou da falta dela.

José Luís Vaz ©2015,Aveiro,Portugal

3 comentários:

  1. Um texto que delicia por assistirmos a uma conversa encantadora entre o poder da observação e a sensibilidade.

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  2. Do simbólico ao simbolismo vai um passo do tamanho de um nada. Neste trabalho gostei sobretudo da forma coloquial como se desenvolvem algumas reflexões sobre a árvore e o que a sua sombra podem traduzir.

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  3. O saber do técnico aliado à sensibilidade do homem.

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