Maria Helena Linhares
Não
era cedo nem tarde... antevia-se que o sol ainda iria demorar a desaparecer na
linha alaranjada e cintilante do horizonte.
Fazia
ainda bastante calor, antevendo um novo dia estival, reforçando o sentimento de
calmaria, motivado pelo cansaço das correrias e brincadeiras na praia.
- Aí o meu menino! |
De
repente um grito, seguido de exclamações aflitivas.
– Ai o meu menino! Ai que se afoga! – clamava
a jovem mulher, tentando em vão agarrar o corpinho minúsculo da criança que se
ia afastando das mãos estendidas da mãe, entre os baldões de água e areia.
Mas
já outras mãos acorriam e pressurosas entravam na água e corajosa e firmemente
agarravam o menino que gritava e estrebuchava buscando a progenitora...
Esta,
ajoelhada no meio da água, soluçava agora já agarrada ao filho recuperado.
E
o sol continuava a brilhar, e a tarde retomou a calma. Mas no ar perdurou o som
daquele grito. O grito que causou espanto. O grito que salvou.
Maria Helena Linhares ©2014,Aveiro,Portugal
A vida revela um segundo decisivo e a sensibilidade capta um turbilhão de sentimentos muito intensos neste texto.
ResponderEliminarUm acontecimento vivido ou presenciado deu um texto que reflete os sentimentos e a capacidade de atenção de quem observa e partilha.
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