domingo, 16 de março de 2014

Os animais são nossos amigos

Era dia de festa em nossa casa. O Pluto, um cãozinho rafeiro com dois meses de idade, natural de Vagos, começava nesse dia a fazer parte da família.
Era traquinas, nos primeiros tempos roeu tudo o que lhe aparecia pela frente mas, com o avançar do tempo, aprendeu a ser controlado, educado e muito, mas muito meigo.
Viveu connosco cerca de dezasseis anos, deu-nos muitas alegrias, muito carinho e algumas preocupações.
É que ele está apaixonadíssimo
pela minha cadela...
As preocupações deviam-se ao seu apurado sentido de independência que o levava a sair de casa e desaparecer por vários dias. Até que nos habituássemos às suas ausências sofraemos bastante. Fazíamos de carro e a pé grandes percursos à sua procura. Era um cão que se apaixonava com grande facilidade, e quando assim acontecia ficava junto da companheira sem vir para casa.
Um dia recebemos um telefonema:
Os senhores por acaso são donos dum cãozinho que tem uma placa ao pescoço com este número? É que ele está apaixonadíssimo pela minha cadela, não sai de junto dela e nem se alimenta.
Claro que era o nosso Pluto, fomos buscá-lo e tivemos que fazer esse caminho mais algumas vezes porque ele não desistia. Era sem dúvida um povoador, não lhe escapava cadela que ele quisesse e comparticipou em larga medida para a continuação da espécie.
Por vezes parecia uma criança, amuava sempre que íamos de férias. No nosso regresso a casa, ignorava-nos completamente, virava a cabeça quando lhe falávamos e assim se mantinha durante algum tempo.
Pressentia quando um dos elementos da família estava doente, deitava-se junto do doente, lambia-nos as mãos e não saía de junto de nós.
Quando os amigos nos procuravam na casa que habitávamos durante o verão na praia, ele passava à frente deles e guiava-os para o local onde nos encontrávamos.
Era um companheirão
Brincava às escondidas com a nossa filha, só mesmo presenciando é que se podia acreditar.
Era um companheirão, foi o primeiro cão que tive e fez-me acreditar que a presença de um animal em casa é salutar, faz bem às crianças e gera à sua volta um ambiente de alegria e entusiasmo para além de ajudar as crianças a sentirem-se responsáveis.

Morreu velhinho quase cego, atropelado em frente à casa. Foi o primeiro desgosto que tivemos com a morte de um animal de estimação, era um membro da nossa família muito dedicado a nós, sentimos muito a sua falta.

Dores Topete ©2014,Aveiro,Portugal

3 comentários:

  1. Claro que um animal é parte integrante da família e quando “se vai embora”, é um vazio que se instala. Ficam as belas recordações assim como os bons momentos que nos proporcionou, com uma saudade infinita.
    Gostei muito deste texto, Dores.

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  2. É assim mesmo. Os animais fazem parte da família; são dóceis, amigos e fazem-nos muita companhia. Eu que o diga. Claro, quando chegam a uma certa idade e partem é um desgosto. Bonita a descrição do teu cãozinho apaixonado.

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  3. Também eu tive um cãozinho, um pinga-amor como o teu, que nos fez também percorrer várias vezes as ruas das redondezas até o encontrarmos ou perder uma noite de sono quando não o conseguíamos ter de volta. Um rebelde! Mas tirando esse ponto fraco(ou forte!), era um grande amigo que faz parte das boas recordações da nossa família.

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