Era
dia de festa em nossa casa. O Pluto, um cãozinho rafeiro com dois meses de
idade, natural de Vagos, começava nesse dia a fazer parte da família.
Era
traquinas, nos primeiros tempos roeu tudo o que lhe aparecia pela frente mas,
com o avançar do tempo, aprendeu a ser controlado, educado e muito, mas muito
meigo.
Viveu
connosco cerca de dezasseis anos, deu-nos muitas alegrias, muito carinho e
algumas preocupações.
É que ele está apaixonadíssimo pela minha cadela... |
As
preocupações deviam-se ao seu apurado sentido de independência que o levava a
sair de casa e desaparecer por vários dias. Até que nos habituássemos às suas
ausências sofraemos bastante. Fazíamos de carro e a pé grandes percursos à sua
procura. Era um cão que se apaixonava com grande facilidade, e quando assim
acontecia ficava junto da companheira sem vir para casa.
Um
dia recebemos um telefonema:
- Os senhores por acaso são
donos dum cãozinho que tem uma placa ao pescoço com este número? É que ele está
apaixonadíssimo pela minha cadela, não sai de junto dela e nem se alimenta.
Claro
que era o nosso Pluto, fomos buscá-lo e tivemos que fazer esse caminho mais
algumas vezes porque ele não desistia. Era sem dúvida um povoador, não lhe
escapava cadela que ele quisesse e comparticipou em larga medida para a
continuação da espécie.
Por
vezes parecia uma criança, amuava sempre que íamos de férias. No nosso regresso
a casa, ignorava-nos completamente, virava a cabeça quando lhe falávamos e
assim se mantinha durante algum tempo.
Pressentia
quando um dos elementos da família estava doente, deitava-se junto do doente,
lambia-nos as mãos e não saía de junto de nós.
Quando
os amigos nos procuravam na casa que habitávamos durante o verão na praia, ele
passava à frente deles e guiava-os para o local onde nos encontrávamos.
Era um companheirão |
Brincava
às escondidas com a nossa filha, só mesmo presenciando é que se podia
acreditar.
Era
um companheirão, foi o primeiro cão que tive e fez-me acreditar que a presença
de um animal em casa é salutar, faz bem às crianças e gera à sua volta um
ambiente de alegria e entusiasmo para além de ajudar as crianças a sentirem-se
responsáveis.
Morreu
velhinho quase cego, atropelado em frente à casa. Foi o primeiro desgosto que
tivemos com a morte de um animal de estimação, era um membro da nossa família
muito dedicado a nós, sentimos muito a sua falta.
Dores Topete ©2014,Aveiro,Portugal
Dores Topete ©2014,Aveiro,Portugal
Claro que um animal é parte integrante da família e quando “se vai embora”, é um vazio que se instala. Ficam as belas recordações assim como os bons momentos que nos proporcionou, com uma saudade infinita.
ResponderEliminarGostei muito deste texto, Dores.
É assim mesmo. Os animais fazem parte da família; são dóceis, amigos e fazem-nos muita companhia. Eu que o diga. Claro, quando chegam a uma certa idade e partem é um desgosto. Bonita a descrição do teu cãozinho apaixonado.
ResponderEliminarTambém eu tive um cãozinho, um pinga-amor como o teu, que nos fez também percorrer várias vezes as ruas das redondezas até o encontrarmos ou perder uma noite de sono quando não o conseguíamos ter de volta. Um rebelde! Mas tirando esse ponto fraco(ou forte!), era um grande amigo que faz parte das boas recordações da nossa família.
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