Estamos a publicar textos subordinados à temática AMIGOS e AMIZADE. Colabore e remeta-nos o seu texto ou poema inédito para publicação. Ouse! A diversidade fortalece a amizade.
Albertina Vaz
Quando penso numa palavra,
solta-se-me sempre a palavra “amigo”. E amigo é bom, é aconchegante, sabe bem
quando soa o toque do sino no alto da montanha. Amigo é um calor no peito e um sabor
a gelado na boca; amigo é uma flor que se colhe e uma borboleta que esvoaça;
amigo é um canto que se ouve ao longe e se vem chegando devagarinho. Amigo é
uma estrela que se esconde e um som que brilha cintilante e a mil cores.
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Amigo é amigo e nada mais! |
Amigo é amigo e nada mais!
Amigo pode estar longe mas
sabemo-lo sempre perto; amigo é o toque dum telefone, uma mensagem, um e-mail - ou longos dias de silêncio
que se esvaem pela planície e parecem não chegar nunca ao fim dum arco íris que
se desenha na linha do horizonte.
Os amigos escolhem-se ou
talvez não! Um amigo pode ser um companheiro que sempre nos acolhe, um parceiro
que voga pelos nossos caminhos, um igual que nos acarinha, um semelhante que
nos contraria, um par que nos ajuda, um amante que connosco partilha passo a
passo os dias de sol e as noites geladas.
Mas um amigo pode ser alguém
que nos contraria, nos encontra, nos despista, nos confronta, nos agasalha - sem palavras, sem gestos,
sem promessas. Pode ser um desconhecido que se cruza connosco numa esquina
florida ou numa ruela discreta; pode ser um anónimo que se atravessa e nos diz:
bom dia!
Um amigo pode ser um acordo
ou um permanente desacordo, mas, mesmo assim, um amigo
é um amigo e sabe a
flores silvestres e giestas coloridas em dias de Primavera, quando o sol nasce
e a lua se esconde por detrás da quimera. Pode ser um sonho, mas nunca é uma
utopia.
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Pode ser um sonho, mas nunca é uma utopia |
Grave mesmo é quando um
amigo se perde; grave mesmo é quando um amigo engana o seu amigo. Aí quebra-se
o elo de união e os amigos deixam de o ser e as noites passam a ser mais longas
e mais distantes e os dias começam a arrastar-se num pesadelo do não querer,
das recordações que se querem esquecer e das lembranças que pretendemos
olvidar.