domingo, 28 de fevereiro de 2016

O Actor


Vitor Sousa



Vistam-se os feitiços
Com adereços do esmero
Encimados de cúpula e chapéu.
Pisa o teu palco.
Avance o cenário das miragens
Com muita cor, lua e água limpa.
Tragam escritos de viagens.
Declamem-se etéreas, as paisagens
Açudes negros e profundos.
Medos e ódios imundos.
Amores rosa e violeta
Em clareiras de água benta.
Não te quede o coração
Perante o correr do tempo
Por cansaço ou ilusão
Desgaste ou humilhação.
Perde o teu ar moribundo
E ousa mudar o mundo!
Troca o fio ao sentimento.
Ao racional e ao vento.
Remexe na tradição.
Eleva o teu pensamento
Na procura do encanto.

Não acordes a loucura,
Que floresça sem tormento
Deixa-a rumar-te o tempo
Em fausta oração perdida
De descrença ou compaixão.
Cuidado…
Que não te levem
Com oferendas de infinito
Comércios de carne e alma
Para trilhos de outras sortes,
Ou fantasmas de horizontes.
Pisa o teu palco do mundo.
Com o teu ego profundo.
Rasga com o teu olhar.
Enxerga com o teu andar.
Vive sempre cada dia…
Como a ultima utopia.
Quem sabe…
Morrerás só.
Mas também ninguém te diz…
Que forjando o teu cariz
Contra vontades alheias
Sem lucernas nem candeias,
Talvez até,
Morras feliz.

Vitor Sousa ©2016,Aveiro,Portugal

1 comentário:

  1. De Idalinda Pereira recebemos o seguinte comentário:
    "Só Grandes poetas escrevem desta maneira. No palco da vida todos somos atores. Cada um desenvolve e defende o seu personagem de acordo com os valores recebidos desde o berço. Gostei muito. Obrigado."

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