O
moliceiro, o amante da ria,
Flutua
leve, silencioso,
Rompendo
a madrugada,
Rasgando
o manto misterioso
Da
neblina que os veste;
E
com a ajuda do sol nascente
Aparece
imponente à luz do dia.
Com
a sua proa pintada,
A
sua vela içada
Prenhe
de vento, de maresia
Vai
lavrando
As
salsas águas da ria.
O
moliceiro, o amante da ria,
Carrega
no seu ventre
O
húmus, a semente,
Que
fecunda a terra
Terra
que abraça a ria,
Corta
as águas, ora calmo, gracioso,
Porque
Eolo, no Olimpo, está alegre
Ora
quase naufraga
Porque
o deus seta zangado, furioso.
E
ria acima, ria abaixo
Ao
som da concertina,
Espalha
a cor, a alegria,
Ao
levar os mancebos e as moçoilas,
A
S. Paio em dia de romaria.
O
moliceiro, o amante da ria,
Abraça-a
nos seus braços esverdeados,
Trocando
ósculos entusiasmados,
Que
são as marolas da ria
Marulhando
no casco do moliceiro.
Assim
desliza o moliceiro
Pelas
águas esverdeadas da ria
Ora
lisas, ora ondeantes
Trocando
juras de amor eterno
O
moliceiro e a sua amante,
A
ria!
Licínio Ferreira Amador©2013,Aveiro,Portugal
1º Prémio de Poesia livre dos VII Jogos Florais da Câmara Municipal da Murtosa em 25/03/2006.
1º Prémio de Poesia livre dos VII Jogos Florais da Câmara Municipal da Murtosa em 25/03/2006.
Antes de mais, muito benvindo Licinio Ferreira.
ResponderEliminarDe repente vi o meu avô a apanhar o moliço para adubar as terras da Gafanha e uma lagrimita ao canto do olho teimou em aparecer, porque recordei bons e inesqueciveis momentos da minha infância, já que o acompanhei algumas vezes.
Lindo poema de amor à nossa Ria e às suas gentes!!!
Do coração, muito obrigada Licinio.
Para quem não conhecer a riqueza, a beleza e a magia desta ria que não é formosa mas é de Aveiro fica amante dela ao ler este belo poema.
ResponderEliminarEvoluir continua a receber novos colaboradores. Como bons anfitriões a nossa casa continuará sempre disponível para divulgar trabalhos como o de Licinio Ferreira Amador que faz das palavras um retrato de rara beleza da região em que vivemos e da Ria que a enobrece. Muito obrigada pela sua participação e ficamos à espera de novas revelações.
ResponderEliminarAveiro a sua ria e os seus moliceiros, são sempre incentivos que despertam poemas maravilhosos como este com que nos brindou.
ResponderEliminarObrigada Licínio, é um belo poema.
A ria, o moliceiro... Um quadro pintado na tela da memória e aqui transformado num poema pleno de energia e movimento.
ResponderEliminarSe eu não conhecesse esta região ficaria curiosa por cá vir e apreciar as tonalidades da água, o fluir da maré, os espelhos de água, a luminosidade, os moliceiros e os amantes que se deslumbram e se esquecem perante tamanha beleza. Obrigada Licinio, esta é uma forma muito bonita de descobrir a nossa Ria
ResponderEliminarAo ler esta poesia, visualizei aqueles moliceiros e os mercanteis que vinham d\ Aveiro à Gafanha trazer as cebolas em grandes quantidades e que eram deixadas na borda da ria, junto do Ti Manel da Borda. Lá iam com os carros de bois recolher o que tinham comprado. Obrigada Licínio por tão belas lembranças.
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