Maria Celeste Salgueiro
Se recorde de mim |
Quando eu partir
Eu sei que vou deixar
Janelas por abrir,
Coisas inacabadas
Que para meu pesar
Não tiveram um fim,
Ficando mergulhadas
Em denso esquecimento.
Porém no meu jardim
Tudo continuará
Como era antigamente:
A velha cameleira
De novo vai florir
Em cada primavera;
As flores de buganvilia
Vão abraçar o muro
Todo em branco caiado,
Lançando o seu perfume em todo o lado;
As pombas a arrulhar
Vão fazer o seu ninho no beiral.
Tudo será igual.
Só eu lá não estarei
Sentada no meu banco.
Tantas recordações
Voando pelo ar!
Talvez meu pensamento
Lá fique a vaguear
Pelas áleas do jardim.
Talvez por mero acaso
Alguém que por lá passe
Se recorde de mim!...
Maria Celeste Salgueiro ©2015,Aveiro,Portugal
Lindo Poema.
ResponderEliminarEu sinto a poesia quando a letra é acompanhada desta música feita da repetição do som das palavras. Leio em voz alta e sinto à minha volta o rodopiar das cameleiras, das pombas, e de janelas que se abrem, encantadas. Para a poesia entrar.
ResponderEliminarGostei do quadro que pintou. Gostei da música de fundo. Parabéns
Conhecidos e desconhecidos falarão das flores, dos jardins e como eles eram tratados. Como estarão hoje? Melhor ou pior que o antigamente? Lá de cima, curiosas/os apreciaremos quem falará de nós. Mas duma coisa tenho a certeza: falarão. E como tudo, com o passar dos anos as flores morrerão, os mesmos jardins existirão ou não, poderão dar lugar a um monte de cimento, mas... terão vida enquanto nós também a tivermos.
ResponderEliminarGostei muito, deveras.
Por momentos pensei o que será o minha vida depois desta?
INTERROGAÇÕES UNIVERSAIS, SEM RESPOSTA IMEDIATA.
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