Palmira Alvor Figueiredo
... um poema por escrever ... |
As
palavras já não bastam!
Perderam
o perfume
nesse
exercício vão,
de
descrição,
que
o poeta
tentou
fazer, do amor.
Restam
letras estilizadas,
imagens
belas,
frases
caladas (ocas),
vazadas
de sentimento,
des(emocionadas),
roubadas
à aliteração
sem
comoção, foragidas,
odiadas, rasgadas, perdidas!
Quero
escrever-te o mais belo poema (de amor),
mas
a fuga das palavras (que fenecem),
apaga
a cor,
restando,
apenas
esta
folha imaculada,
abandonada,
Como
cantar a escaldante dor do sol,
na
sua ânsia perpétua, por um só beijo da lua?
Como
transcrever o sofrimento gritado,
nas
cinzas laranjas do ocaso, que os aparta
e
os não deixa abraçar?
Como
descrever a força, dessa dança delicada
das
lágrimas prata da lua,
dissolvida
em marés e em sorrisos de espuma?
Como
alinhar as letras, na imagem de um verso
desenhando
a epopeia, da terra beijada pela chuva?
Não
encontro o perfume das palavras, nem o lenitivo do tempo.
Ao
meu redor, apenas o (e)terno brilho dos teus olhos
cega
os meus, na noite clara da areia.
Nesse
deslumbramento, cúmplice, de pupilas dilatadas
fundidas
no teu ser, em viagem sem retorno,
mora
o mais sublime poema de amor: a menina dos teus olhos.
Palmira Alvor Figueiredo ©2015,Lisboa,Portugal
In: Palavras de Veludo Imagem: Josephine Wall
muito, muito bonito..Bjs. Aida Viegas
ResponderEliminarDe Manuela G. Silva recebemos o seguinte comentário:
ResponderEliminar"Um belíssimo Blog.de partilha e divulgação do melhor que se produz em poesia na actualidade. Grata pela partilha! "
De Idalinda Pereira recebemos o seguinte comentário:
ResponderEliminar"Lindo! Um poema que não nos deixa indiferentes. Parabéns."
De Natália Vale recebemos o seguinte comentário:
ResponderEliminar"Muito bom como a Palmira já nos habituou. Bjs e obrigada pela partilha."
As palavras não "fenecerão", enquanto houver poetas que lhes comuniquem nova vida. Gostei muito, Palmira.
ResponderEliminarHá "poemas" e poemas... grandes, pequenos, muito belos,menos belos, recheados de esmerada poesia ou esmiuçados do poder que um poema sempre tem.
ResponderEliminar"O teu poema" é um POEMA com uma força tal, que deixou de ser dele e passou a ser nosso.