sábado, 4 de julho de 2015

A minha cidade

       José Luís Vaz 


Como é bela a minha cidade! Vou a qualquer lado e quando digo que vivo em Aveiro, as pessoas fazem logo desfilar uma série de adjectivos elogiosos. É verdade, Aveiro e os seus canais, onde a Ria exuberante ondeia de vaidosa com o movimento dos moliceiros repletos de visitantes extasiados com a paisagem, fazem dela uma cidade ímpar.
As palmeiras do Rossio.
As palmeiras do Rossio dão-lhe um ar exótico como se fossem nobres castiçais a embelezar faustosas entradas de monumentos.
A velha Avenida Dr. Lourenço Peixinho, agora despida do refrescante arvoredo intenso e denso, permite à Ria espreitar pelas “Pontes”, lá para o fundo, a sempre linda Estação da CP forrada com azulejos doutras épocas.
Cidade da Arte Nova exibida por muitos edifícios da cidade, alguns deles bem necessitados de cuidadosa atenção, antes que a ignorância e a ambição ocupem os seus espaços.
Os Museus de Arte Nova e da cidade de Aveiro, também conhecido por Museu de Santa Joana, conservam e eternizam muita da cultura da região através das peças de arte que neles abrigam.
A Sé, majestosa e imponente catedral, está ligada a uma obra não menos importante, As
A Sé
Florinhas do Vouga, que se preocupa com os excluídos e sem abrigo, ajudando-os com um pouco do muito que eles não têm.
Logo ao sair da cidade, no percurso para as praias, as marcas de uma paisagem apaixonante formada pelas marinhas, permanentemente vigiadas pelas gaivotas que com os seus voos desenham no ar o que a água espelha para delícia de quem passa. Marinhas que outrora produziram muito sal suado pela labuta de marnotos que para ganharem o pão ali deixavam muita da sua saúde.
Também Aveiro teve belas muralhas que acabou por perder no século IXX, quando demolidas para que as suas pedras fossem utilizadas em obras da Barra e na construção do liceu.

Com a realização do III Congresso da Oposição Democrática, em abril de 1973, ficou também a minha cidade, definitivamente, ligada à luta contra a ditadura registando para a história, a nova estratégia da oposição, dividida até esta altura, o momento tão ambicionado da convergência das várias correntes ideológicas, políticas e democráticas.     
É muito linda a minha cidade!
É muito linda a minha cidade!
Mas, infelizmente, a beleza natural desta cidade tem uma piscina fantástica abandonada, há que tempos e ao tempo.
Um Parque construído nas últimas décadas do século XX, na zona “dos prédios amarelos” que tendo tudo para ser excelente, nunca “conseguiu vingar” sem se perceber porquê.
Um estádio de futebol, dos melhores, que é para todos os munícipes uma dura moeda de troca pelos impostos e taxas praticados no concelho de Aveiro.
Valha-nos o remate da carta testamento que o eloquente Dr. Mário Sacramento nos deixou: “Façam o mundo melhor, ouviram? Não me obriguem a voltar cá”

É muito linda a minha cidade!

José Luís Vaz ©2015,Aveiro,Portugal

2 comentários:

  1. Há cidades reais e cidades imaginárias. Está é bem real com quase tudo o que tem e que lhe falta. Mas uma cidade é o resultado de quem nela vive, nela trabalha e nela participa. Penso que o que falta à "nossa cidade" é mais participação. Uma boa reflexão de que gostei muito e me fez refletir. Quem dera que este texto chegue a quem ouse refletir, como aconteceu comigo.

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  2. A tua "nossa" cidade é linda. E bastava tão pouco para se tornar excelente.
    Um simples olhar atento dos nossos "teus" governantes e por em pratica algumas coisas tão simples. E de certeza que a população colaborava.
    Gostei muito Zé Luís.

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