José Luís Vaz
Como é bela a minha cidade!
Vou a qualquer lado e quando digo que vivo em Aveiro, as pessoas fazem logo
desfilar uma série de adjectivos elogiosos. É verdade, Aveiro e os seus canais,
onde a Ria exuberante ondeia de vaidosa com o movimento dos moliceiros repletos
de visitantes extasiados com a paisagem, fazem dela uma cidade ímpar.
As palmeiras do Rossio. |
As palmeiras do Rossio dão-lhe
um ar exótico como se fossem nobres castiçais a embelezar faustosas entradas de monumentos.
A velha Avenida Dr. Lourenço
Peixinho, agora despida do refrescante arvoredo intenso e denso, permite à Ria
espreitar pelas “Pontes”, lá para o
fundo, a sempre linda Estação da CP forrada com azulejos doutras épocas.
Cidade da Arte Nova exibida
por muitos edifícios da cidade, alguns deles bem necessitados de cuidadosa
atenção, antes que a ignorância e a ambição ocupem os seus espaços.
Os Museus de Arte Nova e da
cidade de Aveiro, também conhecido por Museu de Santa Joana, conservam e
eternizam muita da cultura da região através das peças de arte que neles abrigam.
A Sé, majestosa e imponente
catedral, está ligada a uma obra não menos importante, As
Florinhas do Vouga,
que se preocupa com os excluídos e sem abrigo, ajudando-os com um pouco do
muito que eles não têm.
A Sé |
Logo ao sair da cidade, no
percurso para as praias, as marcas de uma paisagem apaixonante formada pelas
marinhas, permanentemente vigiadas pelas gaivotas que com os seus voos desenham
no ar o que a água espelha para delícia de quem passa. Marinhas que outrora
produziram muito sal suado pela labuta de marnotos que para ganharem o pão ali
deixavam muita da sua saúde.
Também Aveiro teve belas
muralhas que acabou por perder no século IXX, quando demolidas para que as suas
pedras fossem utilizadas em obras da Barra e na construção do liceu.
Com a realização do III
Congresso da Oposição Democrática, em abril de 1973, ficou também a minha
cidade, definitivamente, ligada à luta contra a ditadura registando para a
história, a nova estratégia da oposição, dividida até esta
altura, o momento tão ambicionado da convergência das várias correntes
ideológicas, políticas e democráticas.
É muito linda a minha cidade! |
É muito linda a minha
cidade!
Mas, infelizmente, a beleza
natural desta cidade tem uma piscina fantástica abandonada, há que tempos e ao
tempo.
Um Parque construído nas
últimas décadas do século XX, na zona “dos prédios amarelos” que tendo tudo
para ser excelente, nunca “conseguiu vingar” sem se perceber porquê.
Um estádio de futebol, dos
melhores, que é para todos os munícipes uma dura moeda de troca pelos impostos
e taxas praticados no concelho de Aveiro.
Valha-nos o remate da carta
testamento que o eloquente Dr. Mário Sacramento nos deixou: “Façam o mundo
melhor, ouviram? Não me obriguem a voltar cá”
É muito linda a minha
cidade!
José Luís Vaz ©2015,Aveiro,Portugal
Há cidades reais e cidades imaginárias. Está é bem real com quase tudo o que tem e que lhe falta. Mas uma cidade é o resultado de quem nela vive, nela trabalha e nela participa. Penso que o que falta à "nossa cidade" é mais participação. Uma boa reflexão de que gostei muito e me fez refletir. Quem dera que este texto chegue a quem ouse refletir, como aconteceu comigo.
ResponderEliminarA tua "nossa" cidade é linda. E bastava tão pouco para se tornar excelente.
ResponderEliminarUm simples olhar atento dos nossos "teus" governantes e por em pratica algumas coisas tão simples. E de certeza que a população colaborava.
Gostei muito Zé Luís.