sexta-feira, 22 de maio de 2015

Presente Inesperado

Aida Viegas


Indo eu serena e calma
Passeando à beira mar
Vi um baile de gaivotas
Como nunca vira tal
Eram tantas, tantas, tantas
Mais parecia um festival
Um festival de estrelas
Estrelas cadentes fugidas
Do complexo astral.

Mas eram tantas, tão lindas
O céu estava pedernento                         
O sol espreitava medroso
O mar estava cinzento
E o vento donairoso.
E entre o céu e o mar
Por ali, em revoada
O bando andava a pairar
Em gorjeios e requebros
De estranha coreografia.
Iam e vinham ligeiras
Cruzavam-se sorrateiras
Adejando de alegria.
Subiam agora, leves
Mais leves que o puro ar
Revolteavam e vinham
Airosas a areia beijar.

Mas eram tantas, tão lindas
Projectadas na paisagem
Que olhá-las embevecida
Mais parecia uma miragem.

Quedei-me a fotografá-las
Na retina dos meus olhos
E a gravar no coração
Aquela recordação
Pra depois poder revê-la
Quando a vida é só abrolhos
Ou o tempo solidão.

Num momento começaram
Pouco a pouco, lentamente
A pousar, uma atrás de outra
Por minutos lá estiveram
Juntinhas, passarinhando
Como actores aguardando
Um aplauso final.

Eu aplaudi calada
Tão contente, tão honrada
Tão ciente que foi só
Para mim que elas dançaram
Num doce arrebatamento.

E eu agradeci aos céus
Por ter sido assim brindada
E no profundo dos meus olhos
Guardei mais um tesouro
Com a alma deslumbrada.
E junto à praia, feliz

Prossegui a caminhada.

Aida Viegas ©2015,Aveiro,Portugal

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