quarta-feira, 27 de maio de 2015

Ontem tive um sonho


Albertina Vaz


Ontem tive um sonho. Mas um sonho é um sonho. Apenas isso. Este era um sonho verde, onde as cores apareciam muito nítidas e mergulhantes. Numa cidade como a nossa é fácil imaginar o azul da ria e o verde que a envolve. É fácil sonhar com a realidade quando ela se interioriza e se incorpora dentro do nosso imaginário.

Sonhei enquanto dormia!
Sonhei que tínhamos uma avenida cheia de árvores frondosas, cobertas de flores brancas e rosadas que da estação nos convidavam para descer à ria e espraiar o olhar até um horizonte sem fim onde o céu se confunde com o mar.

Sonhei que, no Alboi, ainda lá estavam aquelas árvores velhinhas, todas muito bem podadas e que um mágico, envolto em bruma, havia tratado com tanto carinho e sabedoria que floresciam orgulhosamente procurando o azul do nosso céu. Sonhei que o Parque da Cidade voltava a ter crianças, patos e gaivotas douradas e as máquinas tinham desaparecido de vez.

Sonhei que havia verde, muito verde, na nossa cidade e que até o céu espelhava o verde das árvores e o azul da água a correr para o mar.

Sonhei enquanto dormia! E o sono é realmente o espaço em que o imaginário parece real. 

Albertina Vaz ©2015,Aveiro,Portugal

5 comentários:

  1. E a vida é realmente o espaço em que o imaginário e o real podem ser conjugados.

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  2. cl@carretolages.com28 de maio de 2015 às 10:46

    Ora aí está uma via de fazer critica politico-social através das emoções e cores de um sonho. Valeu

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  3. Dormindo ou em vigília, ainda somos donos do nosso imaginário o que nos permite alguns momentos de felicidade (às vezes) e outros (nem tanto...). Mas sim, podermos dar-nos aos "desabafos", às chamadas de atenção para problemas da nossa cidade que nos afligem, através dos "sonhos", é, sem dúvida, muito salutar! Eu acho! Parabéns Albertina!

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  4. "O sonho comanda a vida", a ironia é uma arma poderosa, a crítica subtil, sempre inteligente, fazem deste "sonho de ontem" a triste realidade de hoje.

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  5. a saudade com que se sonha o passado devia exprimir-se no sonho que desenha o futuro.
    Lindo. Não há cortes. Há movimento que cresce e enriquece o mundo
    Parabens Albertina

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