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Caminhante
são as contradições
manhã
azul
vontade
de trabalhar
tarde
pálida
acordas
levantas-te
em amor
deitas-te
adormeces
em dor
Caminhante
ser
é fantástico
ser
é sofreviver
sempre
ser é utopia
deixar
de ser é agonia
Decide-te
sonhas
que entras
acordas
que não queres
vives
que consentes
deitas-te
que não te interessas
umas
vezes mereces
outras
vezes merecem
cedes
cedem
somos
seres
que se contradizem
todos
os dias
a
todas as horas
porque
temos medo
porque
amamos
e
queremos ser amados
a
sábia humilde dolorosa consciência
que
sozinhos somos nada
nem
essência
Decide-te
preto
e branco
sol
e lua
bom
e mau
puro
e impuro
tão
duro este duelo
entre
ti e tu
queres
ser bom mas não capacho
livre
a pertencer a um lugar
este
lugar plurar
incerto
mas maravilhoso
Ó
caminhante
que
assim não o sentisses
que
ruínas ficariam
se
tua alma de gesso fosse?
Decide-te
se
Deus ou o Diabo
vais
falhando e decidindo
um
dia é imenso
somos
imensos
a
contradição em movimento
a
balança em perpétuo equilíbrio
és
roda que gira
entre
o arrependimento e a honra
por
isso és humano
fraco
e forte
e
a terra gira
e
tu também
Albertina Silva Monteiro ©2014,Aveiro,Portugal
Uma síntese do dilema do ser humano - um "caminhante" em permanente e perpétua oscilação entre os dois lados do caminho. Gostei muito, Albertina.
ResponderEliminarProfundo, doloroso e desconcertante. Revela com minúcia como o ser humano se retrata pleno de contradições e, por isso mesmo, se torna num ser indecifrável para quem o queira ver apenas superficialmente. A Albertina consegue com este poema refletir as duas faces de cada um: uma que corre e outra que se agarra. Resta saber qual delas mais se identifica com cada um de nós. Como sempre, gostei muito. Obrigada, Albertina
ResponderEliminarEngrenagens oscilantes da nossa humanidade...
ResponderEliminarE esse oscilar acrescenta-nos mais humanidade...
Já não há deuses, mas há HOMENS...