Vamos hoje dar inicio a um
ciclo de trabalhos sob o tema Mensagem paralela à de um filme. Para
mais facilmente compreendermos de que filme se trata apresentaremos previamente
a Sinopse e o seu original título.
A MILLION DOLLAR
BABY - Sinopse
Afastado da sua
filha, Frankie (Clint
Eastwood) revela uma grande
dificuldade na aproximação aos outros, e apenas lhe resta o amigo Scrap (Morgan
Freeman), um ex-lutador de boxe que cuida do ginásio de Frankie. É então que entra em
cena, em seu ginásio, Maggie Fitzgerald (Hilary Swank), que sempre teve
pouco da vida, mas que ao contrário de muitos, sabe bem o que quer e tem a
determinação necessária para o alcançar. O ambos não sabem é que terão de enfrentar um
desafio que irá exigir mais coragem e alma do que podem imaginar...
A última corrida
“Estava-lhe no sangue”—
diziam muitos dos que todos os dias a viam passar naquele passo determinado e
convincente de que aquela vontade ainda haveria de mover montanhas. Fizesse
chuva, fizesse sol ou o vento fosse de norte ou de onde quer que viesse, aquela
menina franzina fazia-se à estrada ou a qualquer caminho seco ou lamacento,
sempre de olhar lúcido mas com um brilhozinho, bem lá no fundo, daqueles olhos
crentes no seu esforço e dedicação. Desde bastante pequena que gostava de correr
e cedo começou a fazê-lo só porque os outros não lhe igualavam a passada e ela
não conseguia prescindir de satisfazer aquela vontade que lhe vinha lá de
dentro. A pouco e pouco e, apesar dos parcos recursos de que dispunha, foi
adquirindo uma autoestima que a compensava da deficiente alimentação e das
condições de bastante pobreza em que vivia com a sua família. Os recursos que
não existiam eram substituídos por uma força de vontade fora do normal.
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Gostava de correr. |
Um dia, numa associação
recreativa, lá da freguesia, assistiu à projeção de um DVD sobre a grande
campeã olímpica e mundial Rosa Mota. Ela ficou maravilhada, ficou emocionada, ficou
contente, ficou louca, ela ficou completamente cismada em todos os pormenores
daquele filme. Nos dias que se seguiram corria, corria e as imagens, umas atrás
das outras, eram as da Rosa Mota? Eram suas? O sonho passou a fazer parte da
sua vida e a intermitência vivida entre ele e as condições reais da sua vida
começaram a despertar nela uma lucidez até agora não sentida. Como poderia ela
pintar um quadro sem tela, sem pincéis, sem tintas...
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Correr podia fazê-lo em qualquer lado |
A família nada tinha e a
luta pela sobrevivência era já fado suficiente. Tinha que ir para a cidade e lá
arranjaria trabalho para poder subsistir. Correr, podia fazê-lo em qualquer
lado, precisava era de descobrir quem a ajudasse.
Um saco pequeno, pouco havia
para levar, acompanhou-a na aventura de quem tudo quer mas nada tem, ou melhor,
para quem sonhar se tornou num direito só porque a sua enorme vontade lhe
sustentava o nada que tinha.
Passaram-se dez meses e a
Helena, Lena, para os amigos e familiares, começava, finalmente, a percorrer os
caminhos da vida assente numa estabilidade periclitante que ela equilibrava com
a sua poderosa força de vontade. Ela tinha um sonho, correr com técnica, com
saber, segundo as regras que uma campeã tem que aplicar. Para o conseguir,
tinha que ultrapassar muitas carências com a sua persistência e querer. De
trabalho precário em trabalho precário ia conseguindo um mínimo que lhe
permitia viver num quarto partilhado com uma rapariga que como ela angariava o
sustento do dia a dia. Inscrevera-se num clube de atletismo e usufruía de
orientação técnica que muito estava a contribuir para melhorar as suas
performances.