Júlia
Sardo
De vez em quando, para meu espanto,
dou por mim a recordar coisas da minha infância.
A minha memória faz-me visualizar
momentos de muita felicidade.A minha mãe estava numa janela, a
ver-me com as minhas amigas que, depois da escola, iam para a minha casa
brincar.
A casa não era muito grande e estava
pintada de branco. Tinha à frente, uma porta, que dava para a sala e, de lado,
uma janela pintada de castanho. Era para uma dessas janelas que a minha mãe ia
sempre, para ver se nos acontecia algo de mal.
Lá dentro era composta por três
quartos, uma sala de estar e uma sala de jantar. Ao centro, um corredor, que
dava acesso à cozinha. A cozinha era o lugar onde eu mais
gostava de estar, porque a minha mãe foi sempre uma boa cozinheira; era cada
petisco, que ela fazia tão bom que, ainda hoje, sinto esses cheiros e os
sabores dos seus manjares.
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O cheirinho a café de saco... |
O cheirinho do café de saco, que ela
fazia para as costureiras, que iam lá para casa costurar, chamava a atenção a
quem passava.
Como eu estava a falar, a casa não
era muito grande mas, para mim, parecia um palácio.
À frente tinha um jardim que, não
sendo muito grande, dava para brincar à vontade.
Nesse jardim havia alguns arbustos
bonitos, flores e uma oliveira frondosa. Lembro-me de apanhar muitas azeitonas.